Notícias
Geografia da fome é tema de painel de Nutrição
O curso de Nutrição da Universidade Federal do Acre (Ufac) apresentou nesta terça-feira, 5, um painel sobre a fome no Brasil. O projeto envolveu alunos do 4º e 6º períodos, além de professores do curso e uma comissão avaliadora. A pergunta “Tem Fome de Quê?” foi a chave das questões abordadas pelos estudantes.
Os trabalhos foram apresentados em forma de banners expostos no hall de entrada do bloco de Nutrição; foram subdivididos em assuntos baseados nas regiões do Brasil: região amazônica, Nordeste açucareiro, sertão nordestino, Centro-Oeste e Sul e o conjunto brasileiro.
De acordo com a professora Francisca Santiago, o painel foi importante para que os alunos pudessem sair do método tradicional de ensino, trocando conhecimento e aprofundando o aprendizado. “Os alunos devem conhecer cada região e a vivência do povo para que assim possam fazer planos alimentares melhores”, disse.
Uma das bases dos trabalhos foi o livro “Geografia da Fome”, do médico e nutrólogo Josué de Castro. O autor se destaca no cenário brasileiro como o pai da nutrição, pelas pesquisas realizadas sobre educação alimentar e pela coordenação da criação dos primeiros restaurantes populares, no Rio de Janeiro.
Temas como a carência nutricional, a influência do clima na perda de minerais pelo organismo e a base da alimentação de cada região foram explorados pelos alunos. Eles também puderam comparar os dados apresentados no livro de 1946 com a atual situação nutricional do Brasil.
As pesquisas se iniciaram no início do semestre letivo, em abril, e foram coordenadas pela professora Santiago. “Se hoje existem tantas políticas públicas mas ainda há fome, temos que analisar o que está acontecendo”, analisou. “Somos parte da contribuição para melhorar esse quadro do país.”
Fizeram parte da comissão avaliadora a coordenadora estadual de Nutrição da Secretaria de Saúde do Pará e professora da Universidade Federal do Pará, Rahilda Tuma; os professores Thiago Araújo, Eline Messias e Francisca Santiago; o acadêmico do curso de Saúde Coletiva, Giovanny Kley; a gestora do Restaurante Popular de Rio Branco, Valdete da Silva; e a nutricionista gestora do Hospital das Clínicas, Juliana Aragão; além de alunos do 8º período do curso de Nutrição da Ufac.
A fome no Norte
O Conselho Regional de Nutricionistas esteve presente no evento através da professora Rahilda Tuma. Segundo ela, Rio Branco é a capital que possui o maior índice de sobrepeso e obesidade do Brasil.
“A fome como apenas falta de comida é um conceito equivocado. Quando mais de 60% da população adulta da cidade está com excesso de peso em todas as suas nuances, inclusive diabetes, há necessidade de uma ação concreta em relação a isso. Precisamos discutir esse assunto”, alertou.
Esse quadro se deve ao crescimento da população nas cidades. Com os grandes índices de pobreza, as pessoas recorrem aos alimentos industrializados, mais baratos e que podem ser conservados por mais tempo. Isso gera a desnutrição e pode causar problemas de saúde, como a obesidade.
“A fome possui causas diretas e indiretas. Existem fatores que levam a ela. Ninguém ganha comida de graça, é preciso uma moeda de troca. Ela também é um processo que desencadeia situações, até mesmo de violência”, concluiu Santiago.
(Caroline Lamar, estagiária Ascom/Ufac; acadêmica do 8º período de Comunicação Social/Jornalismo)