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Artigo trata de efeito do aumento de CO2 e temperatura em soja

publicado: 22/03/2021 11h23, última modificação: 18/11/2022 16h19
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A professora do curso de Ciências Biológicas (bacharelado) do campus Floresta da Ufac, Leandra Bordignon, publicou artigo científico sobre o efeito do aumento do dióxido de carbono (CO2) e da temperatura em plantas de soja e suas interações. O trabalho foi publicado em inglês no “Canadian Journal of Microbiology”.

Intitulado “Endophytic Fungus Diversity in Soybean Plants Submitted to Conditions of Elevated Atmospheric CO2 and Temperature” (Diversidade de fungos endofíticos em plantas de soja submetidas a condições de elevado CO2 atmosférico e temperatura), o artigo avalia se o aumento de CO2 e temperatura, previstos para o ano 2100, podem causar alterações das concentrações de carbono e nitrogênio nas folhas da soja (‘Glycine max’) e, consequentemente, nas interações com seus fungos endofíticos.

“Sabe-se que as mudanças climáticas globais podem ter impactos drásticos sobre as espécies de plantas, incluindo consequências graves para a produtividade em espécies agrícolas”, explicou Leandra Bordignon. “Muitas dessas espécies apresentam mutualismos importantes com fungos endofíticos, que influenciam positivamente em seu desempenho. E esse artigo comprova que as alterações climáticas afetam não só as plantas, mas também suas interações biológicas.”

O artigo aponta, ainda, que o aumento do CO2 atmosférico resultou na diminuição da concentração de nitrogênio foliar, enquanto o aumento da temperatura proporcionou o aumento do nitrogênio foliar. Foram identificados 16 táxons de fungos endofíticos e observou-se que o aumento do CO2 atmosférico e da temperatura podem modificar potencialmente a microbiota endofítica das plantas de soja. Os resultados sugerem que a substituição de espécies de fungos é consequência de mudanças na concentração foliar de nitrogênio e na relação carbono/nitrogênio. 

Para Leandra, as mudanças climáticas previstas afetarão as relações entre a planta e os endofíticos, que, por sua vez, afetarão a produtividade e a resistência da soja. A professora ressaltou que a soja é hoje a principal commodity brasileira e o Brasil é o principal produtor mundial da oleaginosa.

“Estudos como esse são de suma importância para um país como o Brasil, essencialmente agrícola. A identificação destes fungos abre caminho para novas pesquisas no sentido de entender suas funcionalidades na planta”, opinou. “E a partir disso pode-se desenvolver tecnologias para utilizá-los de maneira a agregar em maior produtividade, sem a necessidade de expandir as fronteiras agrícolas para outros ambientes, como a Amazônia.”

O estudo foi realizado na Universidade Federal de Minas Gerais, em parceria com a Embrapa e com financiamento do CNPq.