Alunos do curso de Música da Ufac levam arte e alegria ao Lar dos Vicentinos
“A todo mundo eu dou psiu (psiu, psiu, psiu)” foi a primeira música tocada pelos alunos do curso de Música da Universidade Federal do Acre (Ufac), como parte das atividades desenvolvidas na disciplina Prática de Ensino em Música II, ministrada pela professora Ana Elisa. O grupo, composto por 12 alunos do curso de Música, apresentou-se ontem à tarde, 4, no Lar dos Vicentinos, levando arte, dança e alegria aos idosos.
As atividades foram desenvolvidas, inicialmente, no Hospital da Criança. Agora, nas aulas de Prática de Ensino em Música II, as ações foram estendidas ao Educandário Santa Margarida, ao Lar dos Vicentinos e à Fundação Hospitalar do Acre.
“Muitas pesquisas apontam que a musicoterapia é uma importante aliada no combate ao Mal de Alzheimer e também para a reabilitação física, mental e social de indivíduos ou grupos. Temos um repertório de músicas bem variadas para o grupo da melhor idade, além de proporcionar lazer e alegria, é claro”, explica a professora Ana Elisa.
“Bandeira branca, amor / não posso mais. / Pela saudade /
que me invade eu peço paz.” Mãos octogenárias encenam palmas, bocas sexagenárias ensaiam risos e há quem dance com o olhar, numa displicência calma e silenciosa. Francisco Correa Filho, de 80 anos, não sabe tocar nenhum instrumento, mas tem mais de 200 músicas escritas. Algumas guardadas num caderno, muitas gravadas na memória. Diz que o amor nunca o inspirou: “A vida é assim: muito difícil. Melhor viver sozinho”.
Maria Lúcia fez 63 anos, na quarta-feira, 3. O filho levou bolo, “dois bolos!”, como ela enfatiza. É poetisa e desenhista. Diz que quer voltar a estudar. “Agora não tenho mais fraldinha para pôr no varal. Agora dá para estudar”, declara sorrindo. Depois, abre o fino caderno Tilibra e começa a ler, para todos os presentes, uma poesia sobre o tempo:
A seguir, ela fecha o caderno e ri satisfeita. Os outros idosos aplaudem.
O Lar dos Vicentinos, em Rio Branco, abriga 44 homens e 12 mulheres que perderam o vínculo com a família. A maioria recebe benefício da Previdência Social. Apenas um, que chegou recentemente, não é beneficiário.