Circe Bittencourt é convidada do 3º Seminário Pibid História Ufac
A Universidade Federal do Acre (Ufac) recebeu esta semana a professora do programa de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Circe Bittencourt. Pela primeira vez no Acre, ela veio participar do 3º Seminário Pibid História Ufac, que se estende até este sábado, 12, no campus de Rio Branco.
Circe participou da conferência e da oficina “Ensino da História: Fundamentos e Métodos”, título que carrega também um de seus livros mais famosos, no qual são tratados aspectos de ensino e aprendizagem a partir da perspectiva dos problemas teóricos que fundamentam o conhecimento escolar e as práticas em sala de aula.
“A obra é base para nossas pesquisas com os estudantes do Pibid [Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência]. Ter a professora presente na nossa instituição, durante o seminário, significa ter o que há de melhor no Brasil no campo das discussões sobre ensino da história e história da educação”, justificou a professora do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Ufac, Geogia Lima.
Entre os assuntos de grande destaque nas discussões trazidas por Circe, está o debate sobre os novos parâmetros curriculares para área de história, um tema polêmico que envolve a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), apresentada em setembro pelo Ministério da Educação (MEC) e, atualmente, em fase de consulta pública. Se aprovada, a BNCC funcionará como uma cartilha que norteará e padronizará o ensino básico em todas as 190 mil escolas do país. Hoje, o MEC estipula apenas diretrizes de ensino que as escolas podem, ou não, seguir.
“Temos um currículo que serve como base para estados e municípios se adequarem. Agora, com a tendência de aprovação da BNCC, teremos um sistema mais rígido de orientação para o ensino, daí a grande tensão do momento. Essa decisão implicará o rumo definitivo do ensino e aprendizagem da história na escola e merece discussão apurada”, disse Circe. “É preciso, por exemplo, debater de que forma esse novo currículo será praticado nas escolas. Em outros países, tem-se visto intervalos de dez, 12 anos para implementação total. Por aqui, essa é uma discussão que sequer teve início. Um processo contínuo, sem rupturas, é fundamental para êxito do projeto.”
A professora falou, com preocupação, ainda sobre outro tema controverso: o possível ensino “neutro” da História, corrente que vem ganhando fôlego em Brasília e na grande mídia. “O que vem acontecendo nas salas de aula, hoje, é uma tentativa de cerceamento. O professor tem que contar a história sem falar de religião, porque tratar de uma religião de matriz africana pode ofender um aluno evangélico”, exemplificou. “O que se deseja é reduzir a História a mera enumeradora de fatos, esta que não é sua função. A História deve estimular o desenvolvimento crítico do aluno e não transformá-los em memorizadores. Professores e futuros professores precisam sair do silêncio e é nesse sentido que esse seminário é louvável, porque reúne professores e futuros professores para esse tipo de discussão.”
Seminário
O 3º Seminário Pibid História Ufac tem como objetivo apresentar, debater e avaliar os resultados dos trabalhos realizados por alunos bolsistas de Iniciação à Docência do curso de licenciatura em História. Ao todo, são 14 escolas da rede pública envolvidas e 80 bolsistas. Os projetos desenvolvidos estão sendo expostos no hall do anfiteatro Garibaldi Brasil.
Confira aqui mais informações sobre o BNCC.
Postado em: 11/12/2015