Núcleo de Apoio à Inclusão assegura acessibilidade aos estudantes da Ufac
Para portadores de necessidades especiais, as dificuldades de concluir o nível superior vão muito além do acesso à educação. Na Universidade Federal do Acre (Ufac), deficientes auditivo, visual e motor contam com o suporte do Núcleo de Apoio à Inclusão (NAI) para vencer desafios no caminho até o diploma.
Hoje, são 112 alunos regularmente matriculados que se declaram deficientes. A coordenadora do NAI, Joseane Martins, diz que com o advento das cotas e políticas de democratização do ensino com foco em deficientes, o acesso desses alunos às instituições de ensino superior deve aumentar mais a cada ano.
Alunos deficientes cotistas, no ato da matrícula, são registrados pelo NAI, que providencia o apoio imediato. Quem não é cotista deve apresentar-se ao núcleo pessoalmente. De acordo com o Assistente Administrativo do NAI, Hisaac Oliveira, o registro é importante pois é a partir dos dados informados que se planeja o apoio. "O trabalho varia de acordo com a deficiência e o NAI tem que dar todo suporte para eles, tanto no acesso ao campus, quanto na sala", explica.
No sentido de garantir as condições para o bom rendimento, além de obras de acesso, a universidade disponibiliza através do NAI, apoio de intérpretes de libras e braile, bolsas de monitoria, distribuição de material educacional, máquinas de datilografia adaptadas e as regletes - material utilizado para escrita em braile - além de mesas adaptadas.
Como as necessidades de cada tipo de deficiência são bem específicas, os desafios também são. No caso do deficiente motor, obras que facilitam o acesso podem significar resultados positivos para o bom aproveitamento, enquanto que para o auditivo e visual, além do direito ao acesso no espaço físico, é necessário adaptação nos métodos de ensino.
Pelo tato ser a forma de leitura dos deficientes visuais, o grande desafio no aprendizado é a pouca quantidade de material disponível em braile. Para tentar amenizar o problema, o NAI dispõe do Laboratório de Produção em Braile, que transcreve livros e grava áudios, de acordo com as solicitações.
Já para o deficiente auditivo assegurar um bom rendimento, o desafio parece ainda maior. Por não praticar diálogos, o conhecimento de vocabulário é reduzido, o que implica em desconhecer o significado de algumas palavras citadas em aula ou escritas em livros.
Com a tradução de Ramon Santana, um dos quatro intérpretes de libras do NAI, Isabelle de Brito, deficiente auditiva, acadêmica de Letras/libras, afirmou que a língua é a principal dificuldade e fez uma sugestão: "A comunicação em português é a grande barreira, pois a língua do surdo é a libra. O intérprete colabora, mas aulas dinâmicas usando mais imagens ajudaria bastante", sugere.
Acessibilidade
A jornalista Naliny Arantes, cadeirante, foi acadêmica da Ufac de 2009 a 2013. Ela conta que somente o bloco Walter Félix era adaptado. "A biblioteca, os banheiros e ondulações nos pisos eram um desafio a mais pra me formar. Apenas meu bloco era parcialmente adaptado com rampa e banheiro".
Visando a solução nos problemas de acessibilidade, foi criada em agosto de 2013, a Comissão de Acessibilidade. "Surgem muitas reclamações, e a partir disso, em um trabalho entre prefeitura do Campus, pró-reitorias e alunos, fazemos frequentes vistorias", explica Hisaac Oliveira, presidente da Comissão.
Relação com docentes
Através de cursos e seminários sobre o tema "Educação Inclusiva", a universidade tem incentivado os docentes a conhecer as dificuldades dos alunos deficientes. Tatyana Lima, professora do curso de Jornalismo diz que com essas atividades, espera em alguns anos, estar apta a ensiná-los de forma adequada.
De acordo com a Coordenadora do NAI, Joseane Martins, a capacitação dos professores será o foco principal do núcleo neste ano. "O objetivo maior em 2015 será capacitar os docentes para que possam conhecer e se adaptar às necessidades de cada aluno registrado no núcleo".
A Coordenadora do NAI diz ainda que, para garantir que esses alunos concluam o nível superior, a consciência do professor é essencial. "Além de capacitar os docentes na área, é preciso estimular a conscientização, ensinando-os a lidar com as diferenças além de incentivar uma reflexão social sobre o assunto", finalizou Joseane.
Postado em: 8/7/2015.