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Pesquisador da Ufac fala sobre a dinâmica do rio Acre nos últimos anos

por Ascom02 publicado 26/03/2013 08h45, última modificação 26/03/2013 08h45
“Se continuar o tempo assim, o nível do rio estabilizará e começará a diminuir em poucos dias”

Não são surpresas as enchentes do rio Acre, em Rio Branco. Tais eventos são recorrentes, com periodicidade de 1 a 2 anos, salvo exceções. A Figura 1 demonstra este fato entre os anos de 1970 e 2013.

O gráfico foi confeccionado com dados monitorados pela Universidade Federal do Acre (Ufac) e pela Agência Nacional de Água, corrigidos para uma referência mais alta, estabelecida em função das irregularidades e instabilidades do leito do rio, que aflora ilhas de assoreamento visíveis durante a seca.

Na seca, o menor nível das águas tem ficado abaixo de um metro e meio, anualmente, desde 1999.

Algumas enchentes têm sido recordes. As mais recentes delas, em 2006 e 2012. Mas todas têm afetado em maior proporção a população pobre.

A população pobre aumenta. É a que mora em áreas de risco, em bairros nas partes baixas e alagadiças. É a que sofre o grande impacto das recorrentes enchentes. O maior perigo de alagação centra-se em fevereiro, mas podem ocorrer alagações em qualquer mês, de dezembro a abril, como tem acontecido.

Neste ano de 2013, antes em fevereiro, e agora em março, as águas do rio alagaram, mais uma vez, a mencionada população. O nível do rio tem se comportado como mostra a Figura 2, em resposta às chuvas na bacia do rio Acre.

As chuvas devem diminuir, atendendo a lógica da climatologia. O ritmo de aumento do nível do rio foi maior entre os dias 18 e 21 de março, e vem sendo menor a partir de então. O que significa que está chovendo menos na região e que as águas acumuladas, que escoam pelo rio, estão diminuindo em volume.

Se continuar o tempo assim, o nível do rio estabilizará e começará a diminuir em poucos dias.

Mas as alagações voltarão com o inverno amazônico do próximo ano, do seguinte e dos sucessivos. Só não voltarão quando, não obstante o alto nível das águas, sejam elevados os níveis de educação, emprego, renda, moradia, saúde, saneamento básico e plena cidadania dos alagados e desalojados de todos os anos.

Claro que os daqui nem se comparam com os da região serrana do Rio de Janeiro. Infelizmente, o descaso de lá mata.

Alejandro Fonseca Duarte, coordenador do Grupo de Estudos e Serviços Ambientais da Universidade Federal do Acre (Ufac).