Professor e escritor Sergio Santos fala um pouco sobre seu romance, contos e poesias
Ele chegou carregando vários livros nos braços e um largo sorriso no rosto. Segurava os livros como um pai que segura seu filho que acaba de nascer. Com orgulho e alegria. Eram mais de 10 filhos, de todas as cores e tamanhos. Afinal, livros não deixam de ser filhos criados para o mundo.
Cada um daqueles livros carregam pelo menos um texto do professor da Ufac, Sérgio Santos, sendo poesia ou conto. São oito textos, dez contos e 10 poesias publicados em coletâneas. Muitos outros foram publicados digitalmente o que aumenta ainda mais esse número.
Participou de muitos concursos regionais e nacionais de literatura, mas prefere participar dos concursos que se responsabilizam pelas publicações impressas. Porque para ele é importante ter o registro, “ter em mãos” o resultado de suas obras. Assim conseguiu publicar contos e poesias em coletâneas como 20 Cabeças e 22 Contos Imperdíveis. Também publicou o poema “Angústia” na coletânea A Nova Literatura Acreana; o romance “Marcas de Amores e Segredos” e conto “Da janela” na coletânea A Nova Literatura Acreana vol. II. Ainda teve publicado os sonetos “Se é doce o favo da jati, querido” selecionado no IV Concurso de Sonetos Chaves de Ouro e o poema “Vou dormir, pois me chega o sono agora” publicado na coletânea de textos do I Concurso de Poesias Gráficas Belacop.
Além da publicação de seu primeiro romance na coletânea A Nova Literatura Acreana, que para ele foi uma conquista que estimulou o romance seguinte. “O Regresso” é seu primeiro romance publicado individualmente, uma conquista ainda maior para o menino curioso que sonhou em ser escritor. “É ficção, sim, mas não quer dizer que é mentira. Eu escrevo histórias que geram identificação, porque fazem parte das nossas vidas” afirma.
Sergio Santos sempre gostou de ler. Emergiu para o mundo da leitura desde muito cedo. Nasceu em Belo Horizonte (MG) no ano de 1980. Com apenas 2 anos de idade foi morar em Cruzeiro do Sul (AC). Hoje mora em Rio Branco, a capital, onde é professor do curso de Letras – Português na Universidade Federal do Acre (Ufac).
O Regresso
Sérgio conta que escolher esse nome deu trabalho. “O título é pobre, mas tem que ser coerente.” Para ele não importa ter um nome bonito se não é coerente com a obra. “É importante ser sincero com seu trabalho desde o título”, frisa.
O Regresso foi publicado em 2011 e relata a história de uma família separada pelo tempo. Após a notícia que a mãe estava doente, os 4 filhos regressam não só para casa, mas também para o passado. “Um regresso ao lugar de nossos fantasmas” relata Luís, um dos protagonistas dessa história.
O livro relata histórias de pessoas que tiveram que fazer escolhas. Sérgio Santos conta que um dia um menino lhe mandou mensagens dizendo que o livro [O Regresso] o havia ajudado a entender certas coisas e tomar decisões. “Esse menino entendeu que não temos que fazer nossas escolhas em função do outro”, pontuou Sérgio e acrescentou: “quando nos damos conta disso, cada vez menos nos importamos com opiniões alheias, e cuidamos mais de nossa própria felicidade” explica o escritor. Para Sérgio esse acolhimento é melhor do que qualquer prêmio.
Imagem acreana
Margarete Prado (Ufac) ao escrever o prefácio afirma “esta obra é uma novidade em romance aqui no Acre, pois a maioria gritante dos romances publicados em terras acreanas ocorrem na floresta, retratam seringais e a vida nos tempos gloriosos ou não do extrativismo. No entanto, o romance de Sergio Santos é uma exceção a esta regra, é uma narrativa urbana, as personagens circulam entre Rio Branco e Sena Madureira, os conflitos se passam na cidade”, ressalta.
Uma amiga de Sérgio Santos, professora de escola pública, decidiu utilizar como exemplo em sala de aula um de seus livros. Ele conta que os alunos gostaram, mas se espantaram em saber que era de um escritor acreano.
Algumas pessoas ainda carregam ideias equivocadas referente a autoria de obras acreanas. “As pessoas pensam que só porque é do Acre não é bom”. Sergio conta que tenta incentivar cada vez mais seus alunos na produção literária, porque percebe que ainda existe pouca produção. Conta que alguns alunos chegam em sala de aula e dizem que encontram um livro parecido com ele ou avisam de algum concurso.
Sergio tem planos de publicar outros livros de forma independente. Para ele o incentivo a cultura, e principalmente à literatura é pouco no estado, mas não é por isso que ele pretende deixar de escrever, de criar e publicar.
Confira uma poesia do professor abaixo:
A VASTIDÃO COMPLEXA DE TUA ALMA
A vastidão complexa de tua alma,
Que devasta a minha alma pequenina,
Foi flor um dia e hoje é erva daninha,
Matou-me o sonho e toda a minha calma.
A solidão tornou-se o meu martírio,
E este martírio fez-me só amargura.
E a minha alma que antes era pura
Cometeu hoje o primeiro homicídio.
Matou a mim e ao sonho da vivência,
Alimentando o ódio e a vileza,
Cujos olhos castigam-me qual ferro,
Ao fitar-me com toda a violência
Fazendo esvair-se minha beleza,
Que a vida guardei com muito esmero.
Sergio Santos
IV Concurso Literário de Presidente Pudente, 2012
Priscila Cristina (Acadêmica do curso de Comunicação Social/Jornalismo)
Postado em: 5/8/2015.