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Refugiados ambientais: os haitianos antes e depois do terremoto

por italo publicado 26/04/2011 12h29, última modificação 26/04/2011 12h29

Alejandro Fonseca Duarte

As catástrofes naturais são uma complexa associação entre os habitantes de uma região e eventos tais como, terremotos, maremotos, ondas gigantes no mar, erupções vulcânicas, furacões, tornados e, por outro lado, intensas chuvas, alagações, avalanches, queimadas, epidemias, poluição e contaminações. Em uns casos a sociedade está exposta à fúria da natureza sem que a sua ação prévia tenha desenhado o desencadeamento da catástrofe em longo prazo; em outros, como é o caso dos eventos extremos de chuvas, queimadas e acidentes nucleares, existe uma grande parcela de contribuição social devido ao descontrole das atividades tecnológicas, exploração dos recursos naturais, e desatenção governamental ao equilíbrio entre comunidades e seu entorno. Quase sempre, os problemas vindos de uma catástrofe de grande magnitude ou do seu presságio (como as mudanças climáticas), adquirem particularidades globais, embora possam ser locais ou regionais na sua ocorrência. Na atualidade isso se exemplifica, com o terremoto do Haiti e, o terremoto e tsunami do Japão.

O Haiti está tão “próximo” quanto o Japão. O acesso é a BR 317.

O Haiti ocupa a parte ocidental de La Española descoberta por Cristóvão Colombo no final do século XV. Seu povo foi o primeiro do Novo Mundo a derrotar o regime da escravidão. Como punição, a França e os Estados unidos, entre outros países, estabeleceram um bloqueio comercial sobre o Haiti durante 60 anos do século XIX. Essa situação desorganizou o avanço económico, social, cultural, tecnológico, científico, e demais, dessa nação caribenha, fazendo fácil a sua exploração neocolonial  pelo capitalismo internacional através de governantes e oligarcas haitianos corruptos. Mais de 200 anos de massacre, o que fez do Haiti o país da pobreza mais miserável antes do terremoto de 2010, e o país alvo da solidariedade hipócrita daqueles que o flagelaram e o mergulharam no caos. Existe um fundo norte-americano para ajudar o Haití.

O Brasil não está entre os flagelantes. Filhos do Brasil morreram durante o terremoto em missão solidária. Centenas de haitianos migraram ao Brasil entrando pela BR 317, outros muitos estão em Iñapari (Peru), rogando entrar, pois não existe na América do Sul, nação mais próspera que o Brasil, mesmo tendo extrema pobreza.

Foi criado um fundo das Nações Unidas de 1,5 bilhões de dólares para mitigar o desastre haitiano. Paralelamente à ajuda humanitária de Nações Unidas, se instalou no Haiti uma epidemia de cólera e mais de 2 milhões de crianças haitianas estão ameaçadas por esse mal.

O Haiti constitui um exemplo de luta e heroísmo. Sua história junta a África com a Europa e a América. Seria interessante conhecer dessa história, sua geografia, seu sofrimento e ao mesmo tempo em que oferecemos a solidariedade humana, estimular outros países e organizações a serem eficientes na solução do drama haitiano, que na continuação da linha do tempo está produzindo refugiados ambientais.

 

Coordenador do Grupo de Estudos e Serviços Ambientais
da Universidade Federal do Acre.