Reitor participa da abertura do I Simpósio Internacional de Agroecologia do Acre
O reitor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Minoru Kinpara, participou ontem à noite, 10, no teatro dos Náuas, em Cruzeiro do Sul, da solenidade de abertura do I Simpósio Internacional de Agroecologia do Acre. Com o tema “A agroecologia na Amazônia Ocidental: desafios e perspectivas para o futuro”, o evento busca traçar diretrizes para o desenvolvimento agrícola familiar no Estado, bem como aproximar os experimentos das instituições de pesquisa e aplicá-los de forma sustentável à vida dos agricultores. A programação segue até quarta-feira, 13, com palestras, mesas-redondas e sessões científicas.
Segundo o reitor da Ufac, Minoru Kinpara, a construção do conhecimento agroecológico se realiza a partir da união da teoria e da prática, por meio do intercâmbio de experiências entre agricultores e pesquisadores científicos. “Dessa forma, a Ufac aponta para sua atividade fim, que é a de promover a extensão e implementar novas tecnologias aliadas à realidade da agricultura familiar para o manejo ecológico de propriedades rurais”, ressaltou.
O simpósio é uma realização da Ufac (campus Floresta); Instituto Nacional de Colonização Agrária (Incra/AC), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa/AC), vinculados ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifac) e empresas Ciga e Consulplan, contratadas pelo Incra para prestar assistência técnica a 7,5 mil famílias de 62 projetos de reforma agrária, localizados em 16 municípios do Acre.
Para o professor da Ufac e organizador do evento, Elízio Ferreira Frade Junior, o simpósio permite aproximar todos os profissionais ligados a agroecologia, propiciando a troca de saberes e de experiências técnicas e tradicionais. “Nesses quatro dias de evento, vamos construir a agroecologia que queremos para o Estado do Acre”, exortou Frade Junior. “Assim como discutir e apresentar tecnologias aplicáveis à produção de alimentos mais saudáveis, aliados ao desenvolvimento social e às questões socioambientais”, salientou.
Também serão realizados 12 minicursos no campus Floresta, além de visitas técnicas em áreas de produtores rurais. Participam do evento agricultores assentados da Reforma Agrária, extensionistas, estudantes e pesquisadores.
“Adubo verde”
Os agricultores familiares estão otimistas com os resultados alcançados com as ações em agroecologia desenvolvidas em parceria com as instituições de pesquisa, como a Ufac, o Incra e a Embrapa/AC.
Para a agricultora Maria Jurgleide Santos Lima, da colônia Santa Luzia, comunidade Narciso Assunção, “é muito bom ter o apoio técnico que nos ajude. Assim, podemos ter uma renda e um produto saudável. Nós usamos a terra sem acabar com ela”, disse.
O incentivo ao uso do adubo verde — mucuna, por exemplo — entre os produtores rurais serve para a recuperação da fertilidade do solo a um custo baixo. A mucuna retira o nitrogênio do ar, aduba o solo e constitui-se em uma excelente alternativa para substituir o uso do fogo nas propriedades rurais, além de ser uma opção de renda, com a venda de suas sementes.
Para o agricultor Adalberto Camilo Bezerra, do Projeto de Assentamento Tocantins, em Cruzeiro do Sul, a adoção de adubo verde, como a mucuna, melhorou o seu plantio de banana, milho, arroz e feijão. “Conseguimos melhorar a nossa produção sem o uso de agrotóxico, e isso garante um produto melhor e mais saudável para os consumidores. Por isso acho muito importante essa parceria que nós temos com a Ufac e com o Incra, para que nós possamos ter mais conhecimento e também para produzir sem agredir o meio ambiente”, ressaltou.
Agroecologia
A agroecologia é uma ciência que segue princípios ecológicos básicos e ao mesmo tempo produtivos, economicamente viáveis, que preservem o meio ambiente e que sejam socialmente justos.
A Embrapa trouxe para o simpósio o pesquisador Alfredo Kingo Oyama Homma, da Embrapa Amazônia Oriental(Belém-PA), que fez ontem, 10, a palestra de abertura, com o tema "Agroecologia na Amazônia: desafios e perspectivas para o futuro".
Também fará parte do evento o pesquisador Carlos Alberto Medeiros, da Embrapa Clima Temperado (Pelotas-RS), coordenador do projeto "Transição agroecológica: construção participativa do conhecimento para a sustentabilidade", que integra 25 unidades da empresa e outras 29 instituições, dentre associações e cooperativas de agricultores, universidades, órgãos de assistência técnica e institutos de pesquisa.
Medeiros irá falar sobre agroecologia e extensão rural. Também participa do evento o pesquisador da Embrapa Hortaliças (Brasília-DF), Ronessa Bartolomeu de Souza, que ministrará um minicurso sobre técnica de produção para olericultura agroecológica na Amazônia.
Estão também presentes no evento pesquisadores da Ufac, do Ifac, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), assim como do Centro Agronômico Tropical de Pesquisa e Ensino (Catie), da Costa Rica, e do Centro para la Investigación en Sistemas Sostenibles de Producción Agropecuária (Cipav), da Colômbia.
O simpósio integra as ações de um projeto de pesquisa sobre agroecologia, executado, desde 2009, no Vale do Juruá pelo Incra e pela Ufac, com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O Programa de Assessoria Técnica, Social e Ambiental (Ates) à Reforma Agrária do Incra levará 130 produtores e 70 técnicos da região para participarem do evento.