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Cresce pesquisa em farmacologia cardiovascular na Ufac

Aquisição de equipamentos importados faz da Ufac 1ª universidade da região habilitada a pesquisa na área
publicado: 19/12/2017 16h40, última modificação: 20/12/2017 15h38

Um dos destaques do Laboratório de Pesquisa em Fisiofarmacologia (Lapffar) da Universidade Federal do Acre (Ufac) diz respeito aos estudos que envolvem a área do sistema cardiovascular. O avanço, testemunhado desde 2014, a partir da criação do Laboratório de Pesquisas em Farmacologia Cardiovascular, único da região amazônica, deve-se a aquisição de modernos equipamentos e equipe qualificada.

O investimento habilita a universidade a compartilhar pesquisas com outros laboratórios de investigação de atividades biológicas de substâncias disponíveis na região. “Laboratórios de outras universidades da Amazônia, que pesquisam efeitos e mecanismos de ação de drogas originárias de plantas medicinais e de secreções animais, incorporaram, em seu escopo, a participação do nosso laboratório, principalmente no sentido do fortalecimento intrínseco da pesquisa regional”, lembra Eduardo Andrade Gonçalves, professor do Centro de Ciências da Saúde e do Desporto.

Gonçalves é docente efetivo, atuando, hoje, em colaboração na execução dos projetos vigentes do laboratório. Ele é um dos membros da equipe com expertise adquirida por meio do plano estratégico de capacitação de vários alunos de iniciação científica e pós-graduação. Eles são treinados e aperfeiçoados em laboratórios e institutos parceiros integrados a universidades brasileiras de excelência.

“Minha tese de mestrado em Ciência, Inovação e Tecnologia para Amazônia foi desenvolvida em parceria com a Universidade do Ceará”, conta. “Lá, além de poder dar sequência à parte da pesquisa que, à época, não podia ser desenvolvida aqui na Ufac, participei de treinamentos para, no retorno, tornar possível o desenvolvimento de outras pesquisas a partir da aquisição de novos equipamentos para o Lapffar.” 

O laboratório tem apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Acre (Fapac), do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. 

“A Ufac oferece, hoje, as condições necessárias para o desenvolvimento de todas as etapas da pesquisa na área de farmacologia vascular, seja in vitro, trabalhando com determinados órgãos isolados, seja com o animal vivo”, diz Gonçalves. “Isso torna a pesquisa muito mais completa e interessante do ponto de vista de publicações científicas.” 

Estudos

Efraim dos Santos Ferreira e Natacha Pinheiro Melo Brozzo, mestrandos do programa de pós-graduação em Ciência, Inovação e Tecnologia para a Amazônia, aproveitam o laboratório para desenvolver seus estudos. Eles fazem do local sua segunda casa há um ano e nove meses, em busca de resultados. E sem sair do Acre, estão em fase de finalização da pesquisa que avalia o efeito vasorelaxante do jambu e do açafrão na aorta de ratos. 

“De um lado, existe um conhecimento popular indicando essa ação das plantas. Do outro, pesquisas comprovando esse efeito hipotensor [diminuição da pressão]”, detalha Natacha. “A novidade da nossa pesquisa está em identificar as vias pelas quais são exercidos esses efeitos e o estudo com animais vivos.”

A base da pesquisa da dupla utiliza dados colhidos a partir de um equipamento importado da Espanha, chamado “banho de órgãos”, que é capaz de simular a condição corporal interna do animal.

“Utilizamos a aorta do rato isolada.  Mas antes de testar a planta, testamos algumas drogas clássicas que fazem aumentar a tensão nos anéis montados junto à cuba do equipamento, simulando uma hipertensão. Quando colocamos o extrato e essa tensão diminui, significa que há ali um efeito hipotensor, ou seja, de redução de pressão”, resume Ferreira.

Com todo o procedimento registrado por software responsável por captar todas e quaisquer variações de pressão sobre a artéria isolada do animal, chega a hora de realizar os mesmos testes, dessa vez com o animal vivo e utilizando um outro equipamento, também importado e único na região.

“Através desse equipamento, temos condições de verificar, em tempo real, a pressão arterial e a frequência cardíaca do animal. Nós infundimos o extrato que estamos trabalhando na veia femural do rato e já temos a resposta na hora”, explica Natacha. “Estamos finalizando a coleta dos dados e comprovando nossa hipótese, que é a de que, tanto o jambu quanto o açafrão, possuem vias farmacológicas de ação hipotensora.”

A expectativa dos pesquisadores é poder dar continuidade às pesquisas aqui em Rio Branco. O próximo passo seria, a partir da identificação da via farmacológica que age, isolar a substância e comprovar a ação hipotensora. “A partir daí teremos a chave para o desenvolvimento de, quem sabe, um novo fármaco. Mas isso requer mais pesquisa e tempo. Esse é nosso futuro”, finaliza Ferreira.