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Reitoria recebe representantes do movimento negro
Uma reunião entre a Reitoria e representantes do movimento negro no Acre, ocorrida na segunda-feira, 18, pactuou ações de combate ao racismo e promoção de igualdade racial na Universidade Federal do Acre (Ufac).
Entre o conjunto de atividades agendadas, ficou estabelecido a inserção da temática no cronograma de temas abordados na Escola de Formação à Docência no Ensino Superior (Esfor) e no cronograma de encontros obrigatórios de bolsistas; a organização de um seminário específico para discussão da pauta após a retomada do ano letivo em 2018; além de uma campanha contra discriminação racial nas redes sociais.
Na ocasião, a administração superior apresentou ao grupo os projetos ligados à defesa da igualdade racial já desenvolvidos na instituição, como o Observatório de Discriminação Racial (único entre as universidades brasileiras), mantido desde 2016; a Semana em Favor da Igualdade Racial, criada em 2015; o projeto de extensão em favor da aplicabilidade da lei n.º 10. 639 na educação básica, também desde 2015; além de cursos de formação, como o Uniafro, voltado para a comunidade acadêmica.
A seguir, conheça, em detalhes, cada ação já desenvolvida na Ufac.
ENSINO
Curso de especialização de História e Cultura Africana e Afro-Brasileira: projeto proposto pela professora Teresa Almeida Cruz, do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), ao Ministério da Educação (MEC), que funcionou de 2013 a 2015, como formação continuada para professores da rede da educação básica nos municípios de Rio Branco e Cruzeiro do Sul. O Curso teve uma duração de 360 horas.
Curso Uniafro — Política de Promoção de Igualdade Racial no Ambiente Escolar (especialização): projeto proposto pela professora Maria Flávia Rocha, do CFCH, ao MEC, que funcionou de 2013 a 2015, como formação continuada para professores da rede da educação básica nos municípios de Rio Branco e Brasileia. O Curso teve uma duração de 420 horas e formou 70 alunos, sendo 37 em Rio Branco e 33 em Brasileia.
Curso Uniafro — Política de Promoção de Igualdade Racial no Ambiente Escolar (aperfeiçoamento): projeto proposto pela professora Maria Flávia Rocha, executado entre maio e novembro de 2016, funcionando como formação continuada para professores da rede da educação básica nos municípios de Rio Branco e Brasileia. O curso teve uma duração de 180 horas e formou 37 alunos. Alunos de Feijó e Sena Madureira também concluíram o curso.
Pesquisa Étnico-Racial como Enfrentamento ao Racismo: proposto como ação de fluxo contínuo, pela professora Maria Flávia Rocha, com duração de 30 horas. Alcançou o número de 41 pessoas, entre comunidade e universidade; funcionou entre junho e julho de 2017.
Escrevivências como Enfrentamento ao Racismo: Metodologia Científica Aplicada à Escrita de Artigos, com Ênfase em Recorte Étnico-Racial: proposto como ação de fluxo contínuo, pela professora Maria Flávia Rocha, com duração de 30 horas. Alcançou o número de 37 pessoas, entre comunidade e universidade; funcionou entre agosto e setembro de 2017.
PESQUISA
Projetos de Iniciação Científica (Pibic)
Filosofia Africana: projeto executado entre agosto de 2015 e julho de 2016, proposto pela professora Teresa Almeida Cruz, do CFCH, com o intuito de estudar filosofia a partir de um olhar descolonizador, o olhar africano. “Esta realidade não é ensinada nas escolas, pois não está presente em nossos currículos eurocêntricos e colonizadores, que buscam fazer da África um lugar inferior e cheio de estereótipos”, afirma a professora Maria Flávia Rocha, responsável pela finalização do projeto em virtude do afastamento da proponente do projeto.
Revisitando o Currículo de História da Educação Básica através da Lei 10.639/2003: projeto executado entre agosto de 2016 e julho de 2017, proposto pela professora Maria Flávia Rocha. O projeto era um estudo do Caderno de Orientação Curricular de História do Ensino Fundamental 2 e do Ensino Médio, numa busca por mapear os itens do currículo que pudessem ser utilizados no ensino de História na educação básica, com cultura africana e afro-brasileira.
Revisitando o Livro Didático de História da Educação Básica através da Lei 10.639/2003: projeto apresentado pela professora Maria Flávia Rocha, com prazo para ser concluído em julho de 2018. O trabalho propõe-se a estudar o livro didático de História do ensino médio, utilizando como base a lei n.º 10.639/2003, que obriga o ensino de história, cultura africana e afro-brasileira na educação básica.
Observatório de Discriminação Racial do Estado do Acre (ODR-AC): é um projeto institucional de pesquisa, apresentado e coordenado pela professora Maria Flávia Rocha. Foi criado em maio de 2016. Em 2017, o ODR-AC direcionou sua pesquisa para as escolas urbanas de Rio Branco, em todos os seus níveis de ensino. Pesquisadores do ODR-AC visitaram 108 escolas. Eles aplicaram questionários para coordenadores pedagógicos, professores, alunos e pais de alunos. O objetivo foi o de conhecer o nível de discriminação racial nas escolas, bem como identificar a aplicabilidade da lei n.º 10.639/2003. “Percebeu-se, com os resultados dessa pesquisa, que muitos professores não conhecem a lei n.º 10.639/2003 e que muitas escolas a aplicam de forma equivocada e turística, apenas no 20 de Novembro”, diz Maria Flávia. “Isso nos aponta a necessidade urgente de formação continuada na temática étnico-racial, afim de desconstruir o racismo institucionalizado nos ambientes escolares.”
EXTENSÃO
Projeto em Favor da Aplicabilidade da Lei 10.639/2003 na Educação Básica: trabalho coordenado pela professora Maria Flávia Rocha desde 2015. O projeto consiste em intervenções pedagógicas, feitas nas escolas, que promovam igualdade racial dentro do ambiente escolar aliado às práticas educacionais do referido ambiente. Esse projeto, em sua primeira edição, alcançou seis municípios, com 80 ações. Na segunda edição, foram alcançados quatro municípios, com 45 ações. E, neste ano, em sua terceira edição, trabalhando em parceria com a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Estado do Acre, foram alcançados três municípios, com 23 ações. O projeto desenvolve formações continuadas para professores em educação étnico-racial, por meio de palestras e oficinas, bem como políticas de promoção de igualdade racial, junto aos alunos, com contação de histórias e brincadeiras lúdicas.
Semana em Favor de Igualdade Racial: desde 2015, o evento conta com palestras, minicursos, oficinas e comunicações orais. Tem como finalidade contribuir para o debate da promoção de igualdade racial, bem como promover formações sobre a temática e ainda socializar trabalhos que têm sido realizados na área. A primeira edição do evento ocorreu em Rio Branco e Brasileia, para que os alunos do curso Uniafro desses municípios pudessem apresentar suas monografias. A segunda e a terceira edição ocorreram apenas em Rio Branco, com participação de pessoas de outros municípios e outros Estados.
PUBLICAÇÕES
Os projetos descritos gerarem muitas publicações, inclusive fora do Estado. Além disso, foi criada, junto à Editora da Ufac (Edufac), uma Revista específica para publicações da temática. A expectativa é que a primeira edição da revista “Em Favor de Promoção de Igualdade Racial” seja publicada no primeiro semestre de 2018.