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Sobrepeso atinge mais da metade dos rio-branquenses, diz MS
Dados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel-2016), do Ministério da Saúde (MS), revelam que Rio Branco é a capital com maior prevalência de excesso de peso do país. Segundo os dados, divulgados nesta segunda-feira, 17, 53,8% da população, em todo o Brasil, encontra-se acima do peso ideal; na capital acreana, o percentual alcança 60,6%.
O resultado da pesquisa é fruto de entrevistas realizadas, em todas as capitais brasileiras, de fevereiro a dezembro de 2016, com 53,2 mil pessoas maiores de 18 anos. “O brasileiro mantém, hoje, uma dieta rica em carboidratos, principalmente o arroz. O acreano vai além. Tem o arroz e a macaxeira como base. O desequilíbrio nessa dosagem vem valorizando esse ranking do sobrepeso”, aponta a professora do curso de Nutrição da Universidade Federal do Acre (Ufac), Suellem Rocha.
Segundo a especialista, a transição de um país rural para uma sociedade urbana e industrial, aliada ao aumento da renda média da população e o ingresso da mulher no mercado de trabalho, são fatores que têm não apenas contribuído para a mudança no padrão físico do brasileiro, mas alterado o comportamento alimentar das famílias.
“A alimentação tem ficado cada vez mais ricas em açúcar, gordura e sódio, fruto dos alimentos processados que chegaram com a industrialização e a ‘necessidade’ de praticidade e economia de tempo. É preciso reverter esse quadro”, completa a docente. “Hoje, come-se mais calorias que nutrientes. A receita para uma dieta ideal é o equilíbrio, valorizando as carnes, ricas em proteínas, e os vegetais, ricos em minerais e vitaminas.”
Sobrepeso e obesidade
O alerta da pesquisadora não é à toa. Nos últimos dez anos, houve um crescimento de 26,3% em sobrepeso, passando de 42,6% em 2006 (quando teve início a pesquisa) para 53,8% em 2016. O problema ainda é mais comum entre os homens: passou de 47,5% para 57,7% no período. Mas tem mostrado um crescimento acentuado entre as mulheres: o índice passou 38,5% para 50,5% no mesmo intervalo de tempo.
O levantamento mostra ainda o significativo aumento da obesidade no Brasil. A prevalência da doença passou de 11,8%, em 2006, para 18,9%, em 2016. A obesidade é maior entre os que têm menor escolaridade e duplica a partir dos 25 anos. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o indivíduo é considerado obeso quando apresenta índice de massa corporal superior a 30 %. Acima de 25%, diz-se que está acima do peso.
“A obesidade é uma doença metabólica, associada a muitas outras complicações, como: diabetes mellitus, hipertensão arterial, elevação do colesterol e triglicerídeos. E além disso, afeta funções de mobilidade física como articulações. Quanto mais gordura corporal um indivíduo tem em seu corpo, mais potencial inflamatório e suscetibilidade para doenças crônicas ele terá”, elenca Suellem.
Dessa forma, o aumento da prevalência de diabetes e hipertensão na última década pode encontrar tal explicação. De acordo com a mesma pesquisa, o diagnóstico médico de diabetes passou de 5,5%, em 2006, para 8,9%, em 2016. O de hipertensão saiu de 22,5% para 25,7%, em igual período. Rio Branco é a capital com maior prevalência de pressão arterial na região Norte, 23,3%. “Atualmente, o sistema mais trata que previne. Nós precisamos pensar políticas e ações integradas que levem a população a uma mudança de comportamento”, diz a professora.
Oficina culinária
Suellem montou uma atividade diferente com os alunos do 7º período do curso de Nutrição da Ufac. Como atividade de avaliação da disciplina de Educação Alimentar e Nutricional, os estudantes tiveram de monitorar uma oficina culinária oferecida ao Grupo de Obesidade da Fundação Hospitalar, no laboratório de Tecnologia de Alimentos do curso.
“São pessoas que estão em preparação para realização da cirurgia bariátrica e que estão em fase de mudança de hábitos. Nossa ideia foi trazê-los até aqui, preparar receitas saudáveis e mostrar como é possível se alimentar bem e corretamente”, explicou a professora.
Para a estudante Mariana e Silva a atividade representou uma oportunidade de troca de experiências. “Essa foi a primeira vez que abrimos o laboratório para a comunidade. Foi uma experiência incrível para nós, porque pudemos compartilhar saberes”, disse. “Foi uma atividade que ultrapassou a barreira acadêmica e serviu também como um termômetro para o nosso futuro e prática profissional com a comunidade.”
Na fila para realização da cirurgia de redução do estômago, a secretária Andréa Félix também aprovou a iniciativa. “O mais surpreendente foi poder refazer receitas de maneira mais saudável, menos calóricas e nem por isso menos gostosas. Eu sou viciada em pão e aqui pude aprender a fazer um pão integral. De maneira simples e barata. Adorei.”
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