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Projeto alerta para conservação de quelônios no Juruá

publicado: 25/04/2018 15h58, última modificação: 26/04/2018 12h38

Nascido em 2013, com atividades de educação ambiental e mobilização comunitária na reserva extrativista Riozinho da Liberdade, o projeto de pesquisa e extensão Bichos de Casco: Conservação de Quelônios no Vale do Alto Juruá, desenvolvido pela Universidade Federal do Acre (Ufac), no campus Floresta, sob coordenação do professor Tiago Lucena, tem mudado a rotina de 13 comunidades na região de Cruzeiro do Sul.

“Como é comum em toda nossa região, observa-se que a prática de consumo de quelônios e seus ovos sempre foi bastante difundida nessas comunidades, o que acabou levando a uma redução significativa das populações naturais desses animais na área”, explica Lucena.

Segundo o pesquisador, a situação agravou-se de forma tamanha, que uma das espécies antes encontrada na Resex Riozinho da Liberdade, a ‘Podocnemis expansa’ (Tartaruga da Amazônia), hoje se encontra localmente extinta, cenário que levou à criação do projeto que envolve as principais lideranças locais, alcançando um público aproximado de 200 pessoas nas comunidades.

Em 2017, entre julho e dezembro, o projeto chegou também ao perímetro urbano de Cruzeiro do Sul. Com o objetivo de contribuir para a formação cidadã e de consciência ambiental sustentável de alunos do ensino médio e fundamental na cidade, o Bichos de Casco desenvolveu-se por meio de atividades didático-culturais relacionadas ao uso sustentável dos recursos naturais amazônicos.

Assim, o projeto alcançou cerca de 3 mil pessoas durante a realização de feiras de ciências nas escolas Professor Flodoardo Cabral, Dom Henrique Ruth, Nossa Senhora Aparecida e Madre Adelgundes Becker, além de ter participado da 13ª edição da Expoacre Juruá, com público estimado de 20 mil visitantes por noite. 

A metodologia das atividades nas exposições envolveu a exibição de banners com as principais temáticas abordadas pelo projeto, animais fixados, espécimes de jabutis (‘Chelonoidis denticulatus’) vivos e explanações na forma de diálogo, no intuito de sensibilizar os participantes e trocar informações sobre os saberes tradicionais relacionados ao grupo e perspectivas sobre o consumo de quelônios. 

“Em quatro anos de projeto, conseguimos um aumento significativo no número de animais avistados próximos às praias protegidas, assim como no número de filhotes nascidos”, relata Lucena. “Entretanto, o resultado mais promissor refere-se à mudança de atitude em uma parcela dos comunitários, que se tornaram agentes ativos, defendendo a importância da conservação do grupo.”

O projeto conta com o apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, programa Áreas Protegidas da Amazônia e Secretaria de Estado de Meio Ambiente. 

Prêmio

No início deste ano, Tiago Lucena, autor do projeto, foi o grande vencedor da categoria Destaque Ambiental do Prêmio MP Atitude: Pequenas Ações Transformam o Mundo, organizado pelo Ministério Público do Estado do Acre (MP-AC). 

“Foi uma grande satisfação receber essa menção de reconhecimento frente aos trabalhos desenvolvidos pelo grupo, pois servirá de incentivo aos discentes, comunitários e instituições parceiras na continuidade das ações propostas”, diz o professor. “Essa premiação representa um forte indicativo de que estamos no caminho certo e será um grande motivador de mobilização e sensibilização para o uso sustentável dos quelônios como recurso alimentar na região.”

O Prêmio MP Atitude é concedido como uma forma de reconhecimento pelas práticas sociais de cidadãos, empresas e organizações governamentais e não governamentais que contribuíram, de alguma forma, para o aprimoramento da cidadania. Participaram da edição deste ano 32 projetos, em nove categorias. 

A Ufac competiu ainda com outros cinco projetos: Rodas de Diálogos: Sexualidade, Saúde e Gravidez na Adolescência, coordenado pelo professor Enock Pessoa (categoria Infância e Juventude); Análise de Indicadores de Saúde da Atenção à Saúde da Mulher no Climatério em uma Unidade de Saúde da Família de Rio Branco (Acre), da professora Marta Adelino (categoria Saúde); Semana Mundial do Aleitamento Materno na Unidade Básica de Saúde Francisco Souza, da professora Vanizia Maciel (categoria Saúde); Idoso Ativo na Ufac,  da professora Aristéia Sampaio (categoria Saúde); e Em Favor da Aplicabilidade da Lei 10.639/2003 na Educação Básica (3ª edição), da professora Flávia da Rocha (categoria Educação). 

Destaque como pesquisador e defensor das causas ambientais no Estado, Foster Brown, professor da Ufac, também foi lembrado, vencendo na categoria Personalidade. 

“Ano após ano, temos visto nossa pesquisa e extensão serem fortalecidas. Isso se deve à dedicação de nossos docentes e estudantes, que estão cada vez mais envolvidos na articulação da vida acadêmica que não se faz apenas na universidade, mas também na comunidade, como responsabilidade social”, avalia a reitora da Ufac, Guida Aquino.