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PZ da Ufac promove capacitação sobre sementes
O Parque Zoobotânico (PZ) da Universidade Federal do Acre (Ufac) realiza, desde a última segunda-feira, 5, uma capacitação em coleta, beneficiamento e armazenamento de sementes florestais nativas com a Cooperativa Agroextrativista Ashaninka do Rio Amônia — Ayõpare, em parceria com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente. A programação segue até esta quinta-feira, 8, com aulas práticas e teóricas.
A oficina é parte do processo de formação de técnicos indígenas e não indígenas que estarão envolvidos no processo de produção de sementes nativas florestais de acordo com as normas legais vigentes do país.
“Os Ashaninkas querem comercializar sementes. A Ufac vai poder emitir o laudo. Mas antes, eles precisam de informações adequadas sobre coleta, manejo e armazenamento”, diz a coordenadora do Laboratório de Sementes Florestais do PZ, Marilene Bento. “Nós temos aqui diferentes espécies com diferentes caraterísticas. Essa capacitação é para trocar experiências e aprender mais sobre os cuidados necessários nesse processo.”
A oferta do curso representa mais um passo do laboratório rumo à certificação da produção e comercialização de sementes florestais na região Norte. Atualmente, a certificação obrigatória para comercialização de qualquer semente é feita em um único laboratório do país, localizado no Estado do Paraná.
A expectativa da Ufac é garantir, ainda este ano, junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a habilitação para essa certificação, mediante credenciamento no Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem).
“Para uma comunidade indígena sair com uma produção de semente para o mercado, há necessidade de um laboratório especializado, legalizado e autorizado para certificar essa semente. É preciso saber a origem de toda semente que tem hoje no mercado; se você não tem essa garantia, pode estar cometendo um crime. Por isso essa parceria representa muito”, comenta Francisco Pianko.
Ele é representante da comunidade Apiwtxa, que, na terra indígena do rio Amônia, será a responsável pela coleta de sementes, como prevê o Plano de Gestão da Cooperativa Agroextrativista Ashaninka, em fase inicial de execução.
Sustentabilidade
A expectativa dos Ashaninkas é, em breve, poder armazenar sementes no Centro de Distribuição de Sementes Ashaninka, que se encontra em processo de implantação, no Centro Yorenka Ãtame, no município de Marechal Thaumaturgo, para, na sequência, fazer a comercialização através da Cooperativa Ayõpare.
Para a professora e pesquisadora da Ufac, Andréa Alechandre, a aproximação entre o conhecimento cientifico e o tradicional, através da capacitação e, no futuro, certificação das sementes, contribui não só com a manutenção da floresta em pé, como com a segurança do produtor ou empresa que vai adquirir um produto com selo de qualidade.
“Nós já sabemos que o trabalho com sementes possibilita a geração de renda na comunidade, sem a destruição da floresta; ou seja, além de rentável, essa é uma atividade sustentável”, pondera. “A partir do momento que nós [a Ufac] estivermos certificando essas sementes, estaremos garantindo validade, pureza e qualidade em germinação. Todo mundo ganha.”