Notícias
Estudo aborda estresse e saúde do coração na Ufac
Uma pesquisa da Universidade Federal do Acre (Ufac) avaliou como o estresse pode influenciar a saúde cardiovascular dos trabalhadores. O estudo, apresentado como trabalho de conclusão de curso de Davi Muniz, egresso de Medicina, está disponível em publicação da Sociedade Brasileira de Cardiologia. A orientação foi do professor Odilson Silvestre.
O trabalho teve início em 2012, no campus-sede da Ufac, em Rio Branco, a partir de um universo composto por cerca 500 servidores da instituição, e tem como coautores Kamile Santos Siqueira, Cristina Toledo Cornell, Miguel Morita Fernandes-Silva e Pascoal Torres Muniz.
O objetivo da pesquisa, inédita no Estado, foi avaliar a prevalência da saúde cardiovascular ideal e sua relação com o estresse no trabalho. “Ter saúde cardiovascular ideal significa seguir uma dieta saudável, fazer mais que 150 minutos de atividade física por semana, ter IMC [índice de massa corpórea] normal, não fumar e não ter, ou tratar adequadamente, diabetes, hipertensão e hipercolesterolemia, o colesterol ruim alto”, detalha Davi Muniz.
Ele alerta que, embora o objetivo principal do estudo tenha sido a associação entre estresse no trabalho e saúde cardiovascular, o que mais chamou atenção foi a ausência de saúde cardiovascular ideal em qualquer um dos participantes.
A saúde do coração dos trabalhadores foi analisada sob o viés de sete indicadores propostos pela Associação Americana do Coração: dieta, atividade física, IMC, tabagismo, hipertensão, diabetes e colesterol ruim alto. A pesquisa concluiu que 91% dos entrevistados possuíam saúde cardiovascular considerada “ruim”. Outros 9% dos participantes tiveram a saúde do coração classificada como “intermediária”.
“No Brasil e no mundo, há achados que demonstram que o maior grau de estresse no trabalho está associado à doença do coração, além disso, a obesidade, dieta ruim e menos atividade física”, explica o orientador da pesquisa, Odilson Silvestre. “Na Ufac, nós verificamos que os mais estressados são mais obesos e comem pior.”
Os autores da pesquisa temem que o nível de saúde cardiovascular fora do universo pesquisado possa ser ainda pior, visto que o grupo estudado representa uma parcela com nível educacional e de renda maior que a média da população.
“Definidores de pesquisa e políticas públicas devem olhar para esse dado com preocupação e implementar políticas de educação, estímulo à atividade física e subsidio de venda de alimentos mais saudáveis”, sugere Silvestre.
O artigo científico “Saúde Cardiovascular Ideal e Estresse no Trabalho: Um Estudo Transversal da Amazônia Brasileira” está disponível para download e leitura on-line.