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Laboratório de Tecnologia 3D da Ufac fomenta projetos
O lugar incentiva a criação. Suas prateleiras são sustentadas por artefatos feitos por impressoras em três dimensões (3D). No centro da sala estão computadores com programa de criação e manipulação de peças. Junto a eles está o escâner 3D, que transforma objetos reais em arquivos que podem ser impressos. Essa é uma pequena descrição do Laboratório de Tecnologia 3D da Ufac.
Localizado no bloco de Medicina Veterinária do campus de Rio Branco, o laboratório contribui para o desenvolvimento de cerca de 14 projetos de pesquisa. Pelo menos 40 pessoas, de estudantes de ensino médio a de pós-doutorado, desenvolvem atividades no local, onde professores da rede pública de ensino também fazem treinamento.
O coordenador do laboratório, professor Yuri Karaccas, classifica as atividades realizadas no local: difusão da tecnologia 3D com capacitação de professores (de escolas públicas, da Ufac e de outras universidades); criação de modelos anatômicos voltados ao ensino, com projetos nas áreas de biologia, medicina e fisioterapia; e criação de próteses anatômicas de animais, o destaque do laboratório, com o maior volume de peças impressas.
O parque tecnológico do laboratório é composto por quatro impressoras de última geração, que utilizam a fusão por deposição de material, criando um objeto camada por camada. A impressora derrete filamento de material plástico à temperatura de 240 graus. Ao derreter o material, por meio do comando numérico computadorizado, recebe as informações do programa que definem onde o material deve ser depositado.
O laboratório tem um escâner óptico, que captura o formato do objeto com alta resolução. Isso permite cópia de órgãos de animais para estudos de anatomia no curso de Medicina Veterinária. “Imagine que eu tenha como tema o coração de suíno para uma aula com 50 alunos”, explica Karaccas. “Posso pegar aquele coração, replicar e ter diversos corações nas mãos dos estudantes. Isso difunde o ensino. É uma oportunidade para aprenderem com mais facilidade; a ideia da tecnologia 3D é justamente essa.”
No modelo de ensino tradicional, os estudantes aprendem por ilustrações em livros; com a tecnologia 3D, o professor distribui para cada aluno uma réplica anatômica e isso, segundo Karaccas, estimula o aprendizado. Essa é a base de um dos projetos do laboratório, o da estudante de pós-graduação Agnes de Souza Lima. Em sua dissertação de mestrado, ela desenvolveu modelos para ensinar fratura de mandíbula em cão nas aulas de anatomia em Medicina Veterinária.
“Ela imprimiu uma mandíbula de cão para ensinar fratura animal na aula de anatomia”, conta o professor. “Cada aluno aprende de uma forma: de maneira visual, auditiva ou tátil. A ideia do laboratório é materializar tudo aquilo que normalmente aprendemos por meio de figuras em livros.”
Meninas nas exatas
Criado pelo professor Yuri Karaccas, o projeto “Meninas nas Ciências Exatas, Engenharias e Computação” tem o objetivo de aumentar o número de mulheres nessa área e aposta no surgimento de futuras cientistas por meio de difusão da tecnologia 3D.
O incentivo visa à formação tanto de profissionais quanto de pesquisadoras das ciências exatas. Para isso são desenvolvidas atividades com alunas do Colégio de Aplicação (CAP) da Ufac, do Instituto São José e da Escola Estadual Boa União. O projeto também conta com a participação de graduandos do curso de Sistemas de Informação, para atividades de iniciação científica.
O trabalho das estudantes do CAP consiste na criação de modelo do Sistema Solar. Elas estão desenhando o modelo no programa de computador e depois vão imprimir as peças em 3D. “Estão levando a tecnologia 3D para a realidade escolar delas”, diz Karaccas. “Estão aplicando a tecnologia na criação de material didático que será utilizado por elas para estudar o Sistema Solar.”
Responsável pela monitoria do projeto, a professora do CAP Tavifa Smoly Araripe ressalta que as estudantes selecionadas para participar do projeto precisam tirar boas notas e gostar de Matemática. “Estamos desenvolvendo um modelo do Sistema Solar em 3D”, relata. “Estamos trabalhando com escalas, devido aos tamanhos diferentes de cada planeta, e resolvemos estudar um pouco mais esse assunto da Matemática.”
Para a professora, o projeto desperta o interesse das estudantes. “Elas são muito dedicadas e participam assiduamente dos encontros”, destaca. “Além do entusiasmo, posso falar que o projeto está dando resultados, pois uma das estudantes já fala em seguir carreira na área de engenharia civil.”
Os trabalhos desenvolvidos pelas três escolas participantes do projeto serão replicados e cada escola ficará com uma cópia. Os modelos impressos no laboratório também serão apresentados em feiras e exibições que ocorrerão no segundo semestre deste ano. O projeto conta com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com verba para concessão e bolsas para estudantes e professores.
Começo
A criação do Laboratório de Tecnologia 3D remete à realização da 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), sediada no campus-sede da Ufac em 2014. Durante a feira, o professor Yuri Karaccas conheceu um projeto pelo qual foi criada uma peça por meio de impressora 3D, para reparo de navio. Daí surgiu a ideia de aplicar a tecnologia para imprimir peças anatômicas de animais.
“Pensei que se aquele projeto podia criar uma peça de reposição, eu poderia criar modelos para utilizar nas minhas aulas”, lembra Karaccas. “A partir daí comecei a elaborar projetos em busca de recursos para viabilizar os equipamentos do laboratório.”
No começo, o professor comprou com recursos próprios a primeira impressora 3D do laboratório. Depois, por meio de edital da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, para apoio institucional a grupos de pesquisa, o laboratório foi beneficiado com recursos para suprir a demanda de projetos. “Nós contamos com apoio da gestão superior”, ressalta. “Temos impressoras que foram compradas com recursos da Ufac.”