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Professores da Ufac publicam na revista ‘Nature’

publicado: 23/05/2019 16h45, última modificação: 23/05/2019 16h45

Os professores Marcos Silveira e Jorcely Barroso, da Ufac, integrantes do consórcio Iniciativa Global para a Biodiversidade Florestal (GFBI, na sigla em inglês), são colaboradores em estudo publicado na última quarta-feira, 15, na revista “Nature”

O trabalho, liderado por Brian Steidinger, da Universidade de Stanford, envolveu 200 cientistas de 70 países e fez o mapeamento da distribuição global de um componente “invisível”, mas importante para o funcionamento dos ecossistemas: a simbiose de fungos e bactérias com raízes de árvores.

Enquanto os microrganismos exploram nutrientes orgânicos, inorgânicos e/ou da atmosfera e compartilham com as árvores, estas compartilham carboidratos e aminoácidos essenciais para fungos e bactérias — uma interação que auxilia o crescimento das árvores hospedeiras, regula a atividade respiratória de microrganismos do solo, afeta a biodiversidade e pode influenciar a resposta das plantas ao aumento da concentração de gás carbônico (CO2). 

O mapa preditivo aproveitou um conjunto abrangente de dados das florestas do planeta para gerar um quadro mundial quantitativo das simbioses e demonstrar que mutualismos nutricionais estão acoplados com a distribuição global das comunidades vegetais.

O estudo também testou a importância e a influência de variáveis climáticas, da fertilidade do solo e da topografia sobre a abundância relativa das diferentes interações. E pode ajudar os cientistas a entender como as parcerias simbióticas estruturam as florestas do mundo e como elas podem ser afetadas por um clima mais quente.

“Um dos desafios para a produção do mapa foi a integração dos dados de 28 mil árvores que foram devidamente marcadas, medidas, identificadas e monitoradas, em pouco mais de 1 milhão de unidades amostrais, as chamadas parcelas permanentes, que estão espalhadas pelo planeta”, destaca o pesquisador Marcos Silveira.

Ele conta que outro desafio foi a identificação das espécies de árvores existentes no banco de dados do GBFI, que mantém algum tipo de simbiose, e essa tarefa envolveu uma vasta compilação de informações da literatura.

O trabalho estima que 60% das árvores (2% das espécies) apresentam interação do tipo ectomicorriza, um tipo de associação em que os filamentos dos fungos apenas envolvem as raízes. Bactérias fixadoras de nitrogênio representam 7% das árvores e predominam em florestas xéricas com temperatura média anual superior a 3ºC, nas savanas tropicais e em solos alcalinos da África e América do Norte. As micorrizas arbusculares, aquelas onde filamentos dos fungos penetram as raízes das plantas, predominam nas regiões mais quentes.

O modelo gerado indica que variações regionais no clima e pH do solo são os fatores primários que influenciam a dominância relativa de cada categoria de interação. “O mapa pode ser utilizado para prever como as simbioses mudariam até 2070, caso as emissões de carbono continuassem inalteradas”, alerta Silveira. “Nas regiões mais frias, por exemplo, a redução de um tipo de fungo pode causar a diminuição da biomassa em até 10%, o que implica em mais carbono lançado na atmosfera.” 

A expectativa dos autores do levantamento é disponibilizar, gratuitamente, os mapas criados de forma a ajudar outros cientistas a incluir simbiontes de árvores em seus trabalhos. Os pesquisadores também pretendem expandir o trabalho além das florestas e continuar tentando entender como as mudanças climáticas afetam os ecossistemas.