Você está aqui: Página Inicial > Notícias da UFAC > Comunicados e Informes > Conselho Universitário da Ufac - CONSU - Nota de Repúdio
conteúdo

Notícias

Conselho Universitário da Ufac - CONSU - Nota de Repúdio

publicado: 14/05/2019 18h10, última modificação: 14/05/2019 18h13

O Conselho Universitário da Universidade Federal do Acre, em reunião extraordinária, decide vir a público manifestar total repúdio à decisão do Governo Federal, por meio do Ministério da Educação, de realizar cortes no orçamento das universidades púbicas, inviabilizando o ensino, a pesquisa e a extensão; condicionando os recursos da universidade à aprovação da reforma da previdência que pretende destruir toda a seguridade social; e de criar um discurso que pretende desmoralizar as universidades disseminando mentiras e escondendo tudo o que a universidade brasileira produz. Esta decisão, além de representar perseguição política ao movimento estudantil - tendo em vista que os primeiros indicativos de cortes foram feitos às instituições que sediaram os últimos eventos da União Nacional dos Estudantes - representa também um projeto de governo de desmonte da educação e da produção de ciência e tecnologia no nosso país, interferindo diretamente no processo de construção de uma nação altiva e soberana.

O anunciado corte de 30% no orçamento de custeio e capital das universidades, inviabilizará o funcionamento da nossa Ufac no 2º semestre letivo, obrigando a instituição a fechar suas portas a partir de 31 de julho próximo, pela total incapacidade financeira de arcar com seus compromissos. Com este corte, o orçamento da instituição será reduzido em 42% nas suas ações de manutenção e funcionamento. Também serão afetadas 350 pessoas das empresas terceirizadas. Perderemos R$15 milhões em recursos financeiros, prejudicando a formação de mais de dez mil estudantes.

Também repudiamos as declarações feitas pelo atual presidente Jair Messias Bolsonaro, na rede social Twitter, relacionadas aos investimentos em cursos de filosofia, sociologia e ciências humanas no geral, onde diz que “A função do governo é respeitar o dinheiro do contribuinte, ensinando para os jovens a leitura, escrita e a fazer conta e depois um ofício que gere renda para a pessoa e bem-estar para a família, que melhore a sociedade em sua volta”.

Acreditamos que não é possível melhorar a sociedade em nossa volta sem pensar sobre ela, portanto enxergamos nessa posição, assim como no projeto “Escola sem partido”, a tentativa de acabar com o pensamento crítico das camadas populares, tendo em vista que, se forem mantidas, só terão acesso ao estudo de filosofia e sociologia aqueles que puderem pagar por isso.

Avaliamos que o Brasil deve dialogar com os avanços da chamada 4ª revolução industrial, que exige o desenvolvimento científico e tecnológico mais do que nunca para que os países possam entrar nas disputas comerciais no plano internacional, mas também para que reúnam condições de defender sua soberania e, desse modo, as universidades brasileiras assumam um papel tático na estratégia de defesa da nossa autonomia, já que somos responsáveis pela quase totalidade das pesquisas e da produção de ciência no país.

A Ufac então, se somando a todas às outras instituições de ensino superior em um movimento nacional, acredita que o caminho para o desenvolvimento econômico e social do nosso país perpassa o fortalecimento da educação e o fomento ao emprego, em contraponto a “ofícios" e à precarização das leis trabalhistas. Defendemos também o fortalecimento do movimento estudantil e dos sindicatos dos trabalhadores e trabalhadoras que somam forças nas fileiras de defesa das nossas riquezas.

Acreditamos na defesa da educação pública, gratuita, estatal, laica e socialmente referenciada, na qual a formação humana em filosofia, sociologia e outras ciências estejam presentes para que tenhamos um povo que possa pensar criticamente para que nenhum governo se sobreponha a quem constrói o Brasil diariamente.

Sem recuar, sem cair, sem temer!

Avante!

Cordialmente,

Conselho Universitário da Universidade Federal do Acre.