Empreendedor: você também pode e deve ser
* Carlos Estevao Ferreira Castelo
** Roseneide Mendonça de Sena
Ano passado, em artigo publicado na revista VOCÊ s.a, o papa da Administração Peter Drucker, considerado por muitos o guru dos gurus, afirmou que a maior revolução posta em marcha hoje no mundo, diferente do que a maioria imagina, não é a tecnológica ou mesmo o surgimento da Internet, segundo ele, a verdadeira revolução atual é a Empreendedora.
Reconhecendo a veracidade da afirmação de Drucker, diríamos que estamos vivendo a ERA DOS EMPREENDEDORES. No Brasil, por exemplo, nunca estudou-se, pesquisou-se e, principalmente, praticou-se comportamentos empreendedores como atualmente. Não é a toa que entre as Universidades Federais, exceto nas do Acre e Rondônia (infelizmente), existe no mínimo um curso sobre o tema na graduação. Ousaríamos dizer que no Brasil atual duas “bombas estão prestes a estourar”, a bomba social e a bomba Empreendedora. A que explodir primeiro pode determinar o futuro do gigante verde e amarelo (verde da Amazônia e amarelo de fome).
Mas o que significa mesmo o termo Empreendedorismo? Como resposta afirmaríamos que trata-se de uma tradução livre que se faz da palavra entrepreneurship, e designa uma área de grande abrangência por tratar de temas que superam a criação de empresas. O Empreendedor, além daquele indivíduo que cria uma empresa, pode ser uma pessoa que empregado em uma organização, introduz inovações provocando o surgimento de valores adicionais (intraempreendedor ou empregado-empreendedor).
Em suma, são pessoas que se comportam buscando sempre oportunidades, comprometem-se com a qualidade, são persistentes, possuem a capacidade de calcular e correr riscos, têm o hábito de estabelecer metas objetivas, buscam e interpretam informações, planejam de forma sistemática, são persuasivos e possuem uma boa rede de contatos, além de serem confiantes e independentes. Dessa forma, podemos ter professores empreendedores, alunos empreendedores, governantes empreendedores, empreendedores sociais, etc. Não é exagerado afirmar que o Empreendedor é um dos principais motores da sociedade moderna.
Como pode-se notar, o conjunto de capacidades que envolvem uma pessoa empreendedora é diferente daquele tradicional indivíduo que escala a hierarquia nas organizações. O empreendedor age motivado internamente, com autoconfiança, deseja sempre maior liberdade e independência, acredita na capacidade do ser humano de construir seu destino melhorando o ambiente e enfrentando situações difíceis mas possíveis de solução.
Então, como explicar o fato da maioria dos alunos de graduação no Acre só pensarem em “conseguir um canudo para adquirir um emprego” (público de preferência). Porque não fazer diferente? Abrir uma empresa por exemplo. Será que isso tem a ver com a herança do barracão, do patrão seringalista? Exatamente tentando responder essas perguntas que nos interessamos pelo tema. Incomodados com esta constatação, buscamos informações e descobrimos que o primeiro curso de Empreendedorismo foi oferecido pela Escola de
Administração de Harvard em 1947; a primeira conferência acadêmica sobre a pesquisa no emprendedorismo foi realizada na Universidade de Pardue, em 1970; o primeiro curso de graduação em Empreendedorismo iniciou-se em 1968, na Babson College. E, principalmente, que é possível aprender a empreender. Claro que não da forma tradicional, onde alunos são considerados cântaros vazios para que os professores preencham com suas “sabedorias”.
No Brasil, o conceito de Empreendedor chegou por volta de 1970, na década seguinte, o tema Empreendedorismo começou a despertar interesse de Universidades e Empresas. Inicialmente, as pesquisas concentravam-se principalmente na definição e tipificação desta figura enigmática aos costumes da sociedade brasileira. Posteriormente (anos 90), os estudos voltaram-se para a transformação do emprego para algo além dele: a empregabilidade. Isso porque esse período foi marcado, entre outras coisas, pela transição e reestruturação conceitual do emprego e trabalho além do redirecionamento da carreira e dos aspectos que a envolvem.
Ainda sobre o ensino do Empreendedorismo, vale dizer que a tese de que os Empreendedores (principalmente os que abrem empresas) são frutos de herança genética não encontra mais seguidores nos meios científicos. Assim, é possível que as pessoas aprendam a ser empreendedores dentro de um sistema de aprendizagem especial. E no Acre isso já é possível, principalmente a partir da chegada do maior, e melhor, programa de capacitação de empreendedores existente hoje no mundo: O EMPRETEC, um programa das Nações Unidas coordenado em nosso país pelo SEBRAE.
Atualmente, grande parte das Instituições de Ensino Superior no Brasil estão envolvidas no ensino de Empreendedorismo, só com a metodologia criada na UFMG são mais de 1000 professores trabalhando. Este tipo de Educação Inovadora é tão importante, que algumas Universidades estão definindo o ensino do Empreendedorismo como programa estratégico.
No Acre, mas do que nunca precisamos de Empreendedores, de todos os tipos. Pois não adiante muito o Governo criar as condições para a retomada do desenvolvimento (e olha que este está tomando) sem que esse despertar aconteça, pois: EMPREENDER É QUEBRAR AS REGRAS DO JOGO.
* Professor de Teoria Econômica da Ufac
** Graduanda em Administração de Empresas da FIRB e Consultora Empresarial