Privatização levaria a Ufac à extinção, afirma Jonas Filho
No último relatório enviado ao Brasil, o Fundo Monetário Internacional (FMI) sugere que as universidades públicas brasileiras deveriam cobrar um tipo de mensalidade. Em poucas palavras, seriam privatizadas. O ministro da Educação, Paulo Renato Souza, não descarta completamente a cobrança de mensalidade nas universidades públicas. Se a privatização acontecer, no entanto, a Universidade Federal do Acre (Ufac), a única pública e gratuita do Estado, estaria fadada à extinção.
A afirmação é do próprio reitor da Ufac, professor Jonas Filho. "Somente as grandes universidades, como a de São Paulo e as federais do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, se manteriam, pois garantiram, ao longo da história, um patrimônio que implica em estrutura, já prestam serviços e possuem arrecadação própria. As demais, inclusive a Ufac, seriam extintas. Não temos condições de manutenção com a cobrança de mensalidades", define o reitor da UFAC.
Jonas Filho é contra, com veemência, à privatização. "O contribuinte já paga a conta, através de impostos, para que a educação seja livre de qualquer taxa. A atual administração da Ufac luta para garantir uma universidade pública, gratuita e socialmente referenciada", acrescenta o reitor. Ele tem mais argumentos:
"Uma universidade se sustenta pelo tripé ensino, pesquisa e extensão. Sem os recursos da União, sobraria só ensino. Seria uma escola como o 2º grau. Não teríamos universidades e, sim, escolas de 3º grau".
Jonas Filho ressalta que a briga por uma universidade pública precisa ser constante, pois já existem doses "homeopáticas" de privatização. São as taxas cobradas para o vestibular, para retirada de histórico escolar, entre outras. "Precisamos acabar com isso. Este ano, a taxa do vestibular será reduzida (em 2000, custou R$ 50 por pessoa), em busca do custo zero para o candidato", promete o reitor.
Orçamento 2001 acabará em julho
O reitor Jonas Filho está no cargo desde o último dia oito de novembro e cumprirá um mandato até 2004. Nos primeiros meses de gestão, ele já sente que administrar a Universidade Federal do Acre (Ufac) é complicado, principalmente pela falta de recursos. Para este ano, por exemplo, o orçamento repassado pelo Governo Federal, através do Ministério da Educação, só dura até julho. Para manter a Ufac, o custo mensal é de cerca de R$ 230 mil.
"Só tenho R$ 1,4 milhão para trabalhar o ano todo. Na próxima semana vou a Brasília com uma pauta de reivindicações e entre elas estará um pedido de suplementação orçamentária, pois já sei que o que temos não será suficiente", adiantou Jonas Filho.
Apesar das dificuldades, ele avalia que a sua administração já teve alguns avanços, no que conceituou como 'humanização do campus'. "Melhoramos o anel viário, com sinalização horizontal e vertical, garantida pelo Detran-AC, reformamos o Restaurante Universitário, estamos construindo o campus de Cruzeiro do Sul e firmamos convênios de capacitação com o Estado, o município de Rio Branco e empresas privadas", analisou.
Ele só lamenta não ter mais condições para arrecadar. As únicas fontes de renda da Ufac são os aluguéis de duas cantinas e de duas agências bancárias. "É muito pouco para expandir a universidade. Em Cruzeiro do Sul, por exemplo, a Ufac cresceu bastante em número de alunos e cursos nos últimos cinco anos, mas se mostrou a mesma em estrutura e número de professores", lamentou.