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Jaminawa – A agonia de um heróico povo que perdeu a identidade

por petrolitano publicado 18/10/2011 11h30, última modificação 18/10/2011 11h31
Jornal A Tribuna, 27.01.2001

Pheyndews Carvalho

A nação Jaminawa, que perambula esmolando nas calçadas de Rio Branco, foi esfacelada por caucheiros peruanos no final do século 19. Empurrados para a floresta acreana, foram massacrados nas "correrias" patrocinadas por seringalistas que os marcavam como gado e tinham sobre eles o direito de vida e morte.

Em quase um século de perseguição, o Jaminawa resistiu à truculência dos caras-pálidas que trucidaram sua cultura, tiraram o escalpo de seus guerreiros e arrancaram sua identidade. Hoje eles imploram comida em nome de um deus que nunca foi o seu, tomam coca-cola e adoram pizza.

No rastro da identidade desse povo, a estudante Marluce Araújo Lugnani, do curso de História da Universidade Federal do Acre, começa a trabalhar a proposta de pesquisa da sua monografia: "Migração, criação e recriação de novos modos de vida do povo Jaminawa no município de Sena Madureira".

Na segunda-feira ela viaja para o Rio de Janeiro para apresentar sua proposta e trabalho na Bienal Cultura e Movimento na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, entre os dias 3 e 10 de fevereiro.

Hoje tem jaminawa eapalhado por todo o Estado, mas a maior concentração deles, em torno de 240 índios, está no Vale do Acre, nos municípios de Assis Brasil, Brasiléia e Sena Madureira. Nesta última região entre os rios Iaco e Caeté, motivo da tese de Marluce Lugnani, ela vai analisar e interpretar, buscando conhecer melhor a realidade de como vem constituindo-se a migração, criação e recriação dos novos modos de vida desse povo. Marluce vai analisar também as relações sociais interétnicas que impuseram novos valores na sociedade jaminawa que contribuiu para sua dispersão e fragmentação cultural.

Trocando em miúdos, os caras-pálidas depois de levarem esse bravo povo ao extermínio, preparam seu funeral para enterrá-lo defintivamente nos "campos sagrados" das teses acadêmicas para que seus espíritos repousem em paz e se encontrem com o Grande Chefe.