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Alunos denunciam má qualidade no ensino da Ufac

por petrolitano publicado 07/11/2011 17h02, última modificação 07/11/2011 17h02
Jornal A Gazeta, 19.06.2001

CONCITA CARDOSO
Editora assistente


Não é de hoje que a Universidade Federal do Acre vem apresentando problemas. A falta de professores e de laboratórios adequados são as dificuldades mais patentes, principalmente para os cursos de Enfermagem, Biologia e Educação Física. O corpo discente cobra mais ousadia do reitor Jonas Filho, que está há sete meses a frente da universidade e não mostrou, segundo eles, empenho em solucionar esses problemas.

Um dos cursos que mais sofre com a carência de professores é o curso de Enfermagem. Os acadêmicos denunciam também que estão impossibilitados de colocarem em prática o que estudam em algumas disciplinas como anatomia e fisiologia. “Sabe-se que para estas disciplinas se faz necessário cadáveres para que possamos estudá-los, o que existe na instituição está aqui há mais de 20 anos e não dá mais para dissecá-lo”, denuncia o aluno do quinto período, Edilândeo Damasceno.

Alunos do quarto período de Enfermagem estão inconformados pelo fato de ainda estarem cursando disciplinas que deveriam ter sido concluídas no ano passado. Para agravar ainda mais a situação, há algumas semanas as aulas foram suspensas por falta de professores.

Para reverter este quadro, a reitoria autorizou a contratação de 12 professores substitutos para atender os cursos de Enfermagem e de Educação Física, mas somente três vagas foram preenchidas. Acredita-se que os baixos salários oferecidos sejam o maior empecilho.

De acordo com chefe do departamento do curso de Educação Física, Luic Queiroz, um professor substituto para ministrar aulas na Ufac ganha menos que um professor da rede estadual de ensino, que ganha R$ 1.200 e no caso da Universidade este valor baixa para R$ 700. “Há oito anos que o governo federal não autoriza a contratação de professores efetivos, somente substituto e com um salário irrisório, o que contribui para que muitos não achem a proposta de ministrar aulas em universidade federais atrativas”, afirma.

Uma maneira encontrada pela reitoria para reverter a carência de professores, foi firmar convênio com a Secretaria de Estado de Saúde, que por sua vez irá disponibilizar profissionais da área de saúde para ministrarem aula.

“Foi encaminhado há cerca de 20 dias à Secretaria de Saúde um quadro identificando as disciplinas e o perfil do profissional que almejamos para nossa instituição. Esperamos até o final desta semana receber uma resposta da Secretaria para que possamos colocar estes profissionais na sala de aula o mais rápido possível”, observou o pró-reitor de graduação, Mark Clark Assem de Carvalho. 

Reagentes vencidos nos laboratórios de Biologia

“É inadmissível que uma instituição federal do porte da Ufac esteja faltando reagentes químicos o que impossibilita fazermos uso dos laboratórios. Em específico, o do curso de Biologia. A precariedade dos laboratórios é algo que precisa ser mudado. Temos registro de pessoas que já concluíram o curso sem terem colocado os pés dentro do laboratório que como todos nós sabemos é dedicado às aulas práticas”, ressaltou a presidente do CA (Centro Acadêmico) de Biologia, Cristiane Soares da Silva.

Ela denunciou também a falta de empenho dos professores do curso. Segundo a presidente do CA de Biologia, a maioria dos que estão lotados no departamento, não possuem didática e faltam constantemente as aulas. Para amenizar ou agravar a situação, estes profissionais transferem as aulas para os sábados.

“Aqui os alunos estudam por ‘conta’ caso queira sair com um mínimo de conhecimento. O nível ensino do curso de Biologia é o mesmo de segundo grau. Não dar para calcular o tamanho de nossa decepção quando conseguimos depois de muito esforço e sacrifício nos depararmos com a péssima qualidade de ensino”, declara uma aluna de Biologia que não quis se identificar.

A grade curricular é outra insatisfação dos universitários, que alegam que dizem que ela está desatualizada, ao contrário da que é destinada ao curso de interiorização. O que não compartilhado pelo pró-reitor de graduação, Mark Clark que diz que a interiorização é um Programa Emergencial de Formação de Professores e que tanto a carga horária como a durabilidade são menores das oferecidas aos cursos da sede. 

Alunos cobram ousadia do reitor

O vice-presidente do DCE (Diretório Central dos Estudantes), Victor Rendon cobra mais ousadia do reitor Jonas Filho, para ele, falta em sua administração mais investimentos nas áreas de pesquisas.

“Somos conscientes que a Ufac enfrenta problemas, mas é nosso dever cobrar um ensino com qualidade e o reitor está a frente da instituição há sete meses e até o momento não vimos ações consistentes”, diz.

Victor Rendon que é aluno do curso de Biologia sugere que a Ufac promova um trabalho em conjunto com os cursos de Engenharia Florestal, Agronomia, Biologia, Veterinária, como já foi feito em datas anteriores, um trabalho de pesquisa como o cultivo de hortaliças, e a manutenção de granjas, para no futuro subsidiar o Restaurante Universitário e consequentemente baixar o valor cobrado pela refeição, que atualmente é R$ 1,00.

O pró-reitor Mark Clark disse que para colocar em prática tal sugestão se fazem necessários recursos. “Para revitalizar ações se faz necessário material humano e equipamentos e isso exige custos. O pessoal do DCE precisa ser mais conseqüente, eles têm que levar em consideração que as universidades federais de todo o país estão sofrendo cortes em seus recursos cada vez mais perversos. Universidades como a do Acre padecem mais ainda, já que a maior fonte de recursos são oriundos do governo federal. Decidimos que ao invés de fazermos investimos em hortas e granjas investir na melhoria dos cursos”, revela.