Durma-se com um barulho desses!
José Cláudio Mota Porfiro
Digo mais uma entre outras mil vezes se preciso for que, se alguém deve falar mal desta terra, nós falaremos porque somos acreanos, conhecemos a origem das nossas questões e temos buscado e conseguido solucioná-las.
Mas o pior dos nossos problemas ainda é suportar alguns tantos alienígenas que para cá vieram com o objetivo único de arrancar o suor, a pele e o sangue dos acreanos incautos que não conseguem ver a verdade, por mais cristalina que ela seja, posto que há a venda negra da ignorância a obscurecer-lhes os olhos de pobre faminto na lida diária por conseguir um único prato de comida para si e para os seus. Que lástima! Esta é mesmo uma terra de muro baixo.
Mas, pensando bem, apesar da horda de falsos líderes e impostores de extrema direita que assola esta terra, até que temos respirado bem por aqui, depois da friagem e depois do aguaceiro que caiu desde outubro do milênio passado. Mas não o conseguiremos por muito tempo, mesmo porque é época de derrubada, é hora de assassinar a natureza para depois atear o fogo maciço que destrói a vida dos mais ínfimos representantes da nossa infelizmente já tão famosa biodiversidade. O sacrifício de Chico Mendes não foi em vão, mas a mata ainda cede muito espaço para o boi e não tanto para o homem, que busca refúgio miserável na periferia das cidades acreanas maiores, onde reina o tráfico de drogas, a prostituição infantil e a violência em dentes trincados de assassinos que querem tão somente arrancar as vísceras dos inocentes que lhes caem às mãos.
Incrível é que, nos dias que correm, ainda tenho primo, ex-seringueiro, que tenta sobreviver na lástima que é aquele tal Taquari, onde a vida humana, depois das dezoito, não vale uma semente de canabis sativa. Que pena!
Mas o que realmente causa arrepio e asco é olhar para o jornal e ver aquela claque sorridente, onde um é amigo do Padilha, o ministro que tem sido levado a sacanear o Acre e os acreanos. E tudo fica por conta da politicanalha de um grupo de malfeitores que olha para o vale do Juruá como se fossem (eles, os malfeitores) uma gigantesca onça pintada de dentes afiados e pontiagudos, desejosos pelos nacos de carne que são os votos dos atônitos homens e mulheres que já nem sabem se ter estradas ou não é interessante para as vidas destes que já não mais buscam sequer ser felizes.
Há sete anos estive em Tarauacá pela quarta vez. Os esgotos estavam a céu aberto como há cinqüenta anos. A cidade exalava um odor insuportável depois de uma chuvinha de setembro. Era uma sujeira só, inclusive a casa do então prefeito, um homem que enganou a todos e hoje é acobertado pelas lideranças acreanas de ultra direita. Felizmente, hoje podemos dizer que foi somente a partir da força do atual prefeito que a cidade tomou novos e mais saudáveis ares, graças a um trabalho dinâmico que toma ao pé da letra o postulado civil básico que leva em consideração que o dinheiro público é sagrado.
Estive em Cruzeiro do Sul e, no Bar do Bigode, meninas de onze anos faziam programinhas e eram ceifadas a cinco reais para o refestelo dos barões da farinha que as denominavam rolinhas. E as autoridades não viam porque havia na cidade indícios de alguns que também gostavam da orgia pedófila no Igarapé Preto ou no Canela Fina.
Em Mâncio Lima, o assistencialismo era institucionalizado, uma vez que o Paulo Dene dividia o dinheiro mensal da prefeitura pelo número de pais de família habitantes da pequena cidade. Cada um deles, mesmo sem nenhuma ocupação, ficava com cerca de trinta e cinco ou quarenta reais para a compra da cachaça que lhes entorpecia o coração à beira dos inúmeros igapós de onde tiravam o peixe, a mistura que era associada à tradicional farinha. E só! À tarde, vinham aqueles homens bêbados com seus alforjes cheios de peixes ainda a serem tratados, com o fito de aplacarem a fome de seis ou sete rebentos. Isso é que é realidade. E a politicanalha tinha consciência, mas nunca pensou na implantação de uma casa-de-farinha, ou marcenaria (lá há especialistas!), ou fábrica de vassouras, ou frigorífico, ou alguma outra ocupação real que emprestasse dignidade àqueles homens e àqueles mulheres de Deus meu.
Em Feijó, à época um feudo do Romildo Magalhães, havia em casa uísque do bom, no entanto a miséria pululava regurgitante nas palafitas habitadas pelos que buscam no poder público apenas o favor de não lhes deixarem morrer de fome. É verdade que hoje as coisas em Feijó são bem outras porque há um trabalho coerente sendo executado. Não resta dúvida.
Todavia, bom é dizer que agorinha mesmo estive em Xapuri ministrando uma disciplina de pós-graduação. Lá a realidade hoje é outra. Respira-se progresso. A cidade está limpa e cada vez mais bonita. A estrada da borracha é uma beleza. Há um polo moveleiro, uma fábrica de beneficiamento de castanha, uma fábrica de preservativos... Há incentivo à produção da borracha natural, há alegria nos olhos do povo. Há o aplauso da velha direita a quem a idade e a realidade dos fatos tem conseguido tornar coerente. Viva!
Asseguro-vos que certamente não tenho nenhuma necessidade (mesmo financeira) de fazer propaganda pró Governo da Floresta. Mas vou adiante e garanto mais: nenhum acreano viu um projeto ser tão bem delineado e colocado em prática como o do atual Governo. Essa é a verdade que deve chegar a todos os lares acreanos que hoje já respiram alguma esperança.
É claro que os aplausos não virão da parte dos vândalos inimigos do povo e contrários às estradas e à dignidade humana. Mas é preciso bater forte num chavão antigo: que os cães ladrem o quanto puderem; o papel da caravana é passar soberba, incólume e majestosa rumo a um futuro promissor. Com a graça de Deus!
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