MEC autoriza contratar só doze professores
O governo federal autorizou as Universidades Brasileiras a contratar dois mil professores efetivos, destes 12 serão para a Universidade Federal do Acre (Ufac) que precisa de pelo menos 127, número de professores substitutos que hoje prestam serviço à universidade acreana onde a última contratação de efetivos ocorreu em 1997.
"Doze professores não são suficientes sequer para distribuir um para cada um dos 13 departamentos da Ufac", lamentou o reitor da Ufac, Jonas Filho, que esteve participando do Encontro dos Dirigentes de Universidades Brasileiras realizado de 24 a 26 passados, em Recife, Pernambuco, quando o representante do Ministério da Educação e Cultura (MEC) anunciou a decisão de contratar novos professores universitários.
O que pode parecer uma boa notícia, perde sua força quando se sabe que as universidades brasileiras carecem hoje de pelo menos 7.500 novos professores e os dois mil contratos anunciados correspondem a apenas 28% dessa necessidade. Quando se compara os 12 novos contratos autorizados a Ufac, que precisa de 127, o atendimento não corresponde nem a 10% da necessidade.
"Esse pequeno número de contratações é uma demonstração prática de que o governo central não está muito preocupado com a qualidade do ensino, nem com a sobrevivência das universidades públicas.
Ainda que fossem 40 contratos isso não resolveria muito, pois na verdade o que acabará acontecendo é a efetivação de professores que hoje são substitutos, assim não teremos o aumento do número de professores, mas a manutenção dos que já temos. Por isso há uma insatisfação geral por parte das universidades menores, especialmente as do Norte e Nordeste", desabafa o reitor Jonas Filho.
Enfermagem é o problema
"A falta de professores na sala de aula já está resolvido. O grande problema está no curso de Enfermagem para o qual já foram abertos dois concursos neste ano com o objetivo de contratar 12 professores, mas só conseguimos contratar três. Além da grande maioria de candidatos que são eliminados nas provas, o maior problema está nos salários oferecidos.
Eles desistem de continuar concorrendo assim que descobrem que a universidade oferece um salário bruto de R$ 850 para 40 horas semanais de trabalho. Na rede pública de Saúde, trabalhando como enfermeiros eles têm piso salarial de R$ 1.200,00 para trabalhar 30 horas por semana, então não dá para trocar um pelo outro", explicou o pró-reitor de graduação, Mark Clark. Nos 127 professores substitutos estão incluídos 20 do Colégio de Aplicação.
"O grande problema está no fato de que o último concurso público para efetivos foi realizado em 1997 e de lá para cá muitos se aposentaram e outros se afastaram da sala de aula para fazer cursos de mestrado e doutorado em obediência à Lei de Diretrizes de Base da Educação, a qual exige que pelo menos um terço dos professores efetivos sejam mestres ou doutores", explica Clark.
A maioria dos 77 especialistas a serviço da Ufac já está participando de cursos de mestrado, enquanto os que têm mestrado estão fazendo doutorado. Dentre os substitutos há alguns com mestrado e até um com doutorado.
"Apesar de toda a boa vontade dos profissionais, os professores substitutos só podem ser contratados por dois anos, então quando eles já estão afinados com a linha de ação da universidade os alunos são obrigados a se afastar por mais dois anos, quando então recebemos novos profissionais, os quais trazem boas surpresas, mas muitos nunca deram aula e o trabalho tem de ser iniciado de novo", esclareceu Clark.
Distribuição dos professores da Ufac
· Mestres - 131
· Doutores - 26
· Graduados - 33
· Especialistas - 77
· Substitutos - 127