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Educação Ambiental e Comunicação

por petrolitano publicado 21/10/2011 11h10, última modificação 21/10/2011 11h10
Jornal Pagina 20, 09/03/2001

*    D. A. Salla

Embora haja obrigatoriedade dos meios de comunicação para divulgação das questões ambientais, o que se vê são programações exaustivamente repetitivas, sem imaginação, automatizadas e, não raro, mostrando animais enjaulados.

Os meios de comunicação de massa, quanto à conscientização ambiental, na maior parte do tempo são veículos de banalidades irrelevantes.

O homem aceita lixos em forma de preciosidades, recebe uma ração diária de ilusão quanto a realidade, invadindo sua vida sem dó. Um grande número de indivíduos obedece aos comandos dados por manipuladores invisíveis através de métodos subliminares e subauditivos. As pessoas, profissionais, ocupadas com a notícia são mais numerosas do que os que fazem as notícias. Milhões de seres humanos são diariamente vitimizados sem o despertamento do seu nível inconsciente. Há segredos e poluição mental, pior do que a arte da camuflagem, dentro de banalidades, fixando impressões, induções embutidas, inculcações insuspeitadas, na mente subconsciente, através de detalhes e expedientes do mundo subliminar. A verdade é que, nem o cidadão médio, nem o cientista, técnico em comportamento social, sabem a rigor, o que se passa em um nível subjacente ao da vigília física.

As razões da sociopatologia se evidenciam no uso inadequado da TV, um aparelho sem imaginação satisfatória e sem comunicação, desvirtuando um poder imenso. Enquanto isso proliferam jogos de apostas (0900, Jogo do Milhão, Fantasia, entre outros). Os próprios sistemas de fantasias, arquétipos, auto-imagens, ilusões, vaidades pessoais, motivações secretas e mecanismos de defesa de egos, notadamente as repressões, são exploradas na surdina. Entre os hábitos e os costumes da vida moderna que geram ameaças estão as poluições informativas do vidiotismo, do radiotismo e do bibliotismo mercantilista. E o mais agravante, a falta de discernimento e a lucidez para selecionar tudo isso é atributo de poucos.

O vidiotismo força o espectador a engolir idiotices, tolices sem alternativas, produzindo em série novas gerações de idiotas, através do apelo aos instintos mais baixos.

A grande e esmagadora maioria da humanidade pensa através de um subcérebro, pseudocérebro que atua como freio instintivo da lucidez. É um freio preso ao sofá. Há interesses inconvenientes que dominam os instintos, as emoções e as idéias das pessoas, que não param para refletir, atuando precipitadamente, impelidos pela impulsividade.

A educação como método de conscientização e estímulo à participação atua de duas maneiras conhecidas. Primeiro, o sistema deficiente, mantido pelo ensino público, predispõe as gerações novas à ação dos farsantes. Segundo, a mídia em particular a mais popular, a televisão, assentada no capitalismo selvagem, fixa a programação em baixo nível, exaltando a violência, favorecendo muito mais a ignorância dos desesperados e não o discernimento do povão.

Esperar, só pela educação e pelos meios de comunicação pode ser tarde demais para todos nós.

Apesar dos seus muitos inconvenientes, os fatos gerados pelos meios de comunicação, principalmente a televisão, vêm mostrar que caminhamos, a passos largos e firmes, para a vivência do universalismo comunicativo e sem barreiras entre todas as Nações-Estados neste planeta. Tenhamos a esperança: ecólogos, antropólogos, sociólogos, lideranças políticas, donos dos canais de TV, juristas do Direito Ambiental, educadores em geral e demais especialistas em comportamento humano/ambiental chegarão um dia a se sentarem juntos, frente à ampla mesa de decisões libertárias e sustarão essa onda fascinadora pelos mistérios do ocultismo.

Só então virão a escolher uma nova televisão por veículo fundamental na luta contra o atraso tenebroso, ultrapassado e medievalesco que teima, a todo o custo, em dominar as luzes do século XXI.

D.A Salla Cursa mestrado em Ecologia na Ufac