Deputados prometem Moção de Apelo em favor dos servidores da Ufac
Os 24 deputados estaduais do Acre vão assinar uma Moção de Apelo, dirigida ao presidente da Câmara Federal, deputado Michel Temer (PMDB), aos deputados federais do Acre e ao governo federal, para que o presidente Fernando Henrique Cardoso reabra as negociações com professores e servidores das universidades federais. A decisão foi tomada ontem após mais de uma hora de reunião entre o comando de greve da Universidade Federal do Acre (Ufac) e parlamentares, no plenário da Assembléia Legislativa do Acre (Aleac).
Com os servidores da Ufac em greve há cerca de dois meses e os professores há mais de 20 dias, os representantes do Comando de Greve foram, ontem, à Aleac pedir o apoio dos deputados. Ontem foi o dia nacional de mobilização dos grevistas das 56 universidades federais do país. A orientação era para que envolvesse os parlamentares na discussão em todos os estados e conquistassem seu apoio ao movimento.
A comissão de grevistas, acompanhada de alunos do curso de Enfermagem da Ufac, que passa por dificuldades por causa da falta de estrutura, desde antes da greve, chegaram à Aleac pouco depois das 10h. A sessão iniciou por volta das 10h20, mas foi suspensa para reunião com o comando de greve, que expôs aos deputados a situação da Ufac e a necessidade de envolvimento de toda sociedade nas discussões sobre sua importância e a defesa por uma universidade pública, gratuita e de qualidade.
O professor Coracy Sabóia disse aos parlamentares que a Ufac é um patrimônio do Estado, que tem contribuído para a educação em todos os municípios e para o desenvolvimento acreano e que, portanto, seu amplo funcionamento é de interesse de toda sociedade acreana. “A Ufac tem 37 anos de funcionamento, dos quais 27 anos como universidade federal”, frisou.
O professou frisou que apesar do Parlamento Estadual não estar diretamente envolvido na questão da greve da Ufac, é preciso que os representantes do povo tomem iniciativas para defender a Ufac. Disse que os parlamentares estaduais podem contribuir apoiando as lutas das categorias em greve.
Coracy lembrou ainda que sem um salário digno os professores e servidores das universidades públicas federais não podem prestar um serviço de qualidade e, portanto, a instituição oferecer um ensino de qualidade. Ele fez questão de ressaltar que os servidores das universidades federais acumulam 75,48% de perdas salariais nos últimos sete anos e que o governo quer dar um reajuste de apenas 3,5% a partir de janeiro de 2002.
Parlamentares apóiam movimento
Os deputados estaduais demonstraram durante a reunião com o comando de greve da Ufac que apóiam o movimento. O líder do PMDB na Assembléia, deputado João Correia, que é professor licenciado da instituição, disse que a situação salarial dos servidores e professores da Ufac “é um massacre do governo federal”. Correia afirmou ainda que a luta dos servidores hoje “é por sobrevivência, para comer”.
Franesi Ribeiro (PFL) falou da necessidade de envolver toda sociedade na discussão sobre a situação da Ufac e na busca por um ensino gratuito e de qualidade. Ele defendeu que os parlamentares levem o debate à sociedade, para qual a educação é a base de tudo. O deputado disse ainda que a Aleac está à disposição dos servidores da Ufac para debater a questão.
“Apesar da Assembléia, muitas vezes, ser criticada, tem-se tornado o muro das lamentações. Temos mostrado disposições em discutir os problemas da sociedade, mesmo que não digam respeito ao parlamento estadual. A educação começa com as pessoas que dão os seus conhecimentos como a bengala do conhecimento aos cidadãos. Essa discussão sobre a Universidade é uma questão de Estado e precisa ser levada para toda sociedade. (E.M.)
União em propostas de apoio
O deputado João Correia propôs ao comando de greve da Ufac que elabore um documento, expondo todas as mazelas da instituição e colocando com propriedade a necessidade de reposição das perdas salariais, para que todos os deputados estaduais assinem e enviem ao presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB), aos deputados da bancada federal do Acre e ao governo federal. Após o documento os deputados estaduais irão cobrar dos representantes dos seus partidos no Congresso Nacional para que pressione o governo federal a reabrir as negociações e participar delas.
O líder do governo apresentou outra proposta, de que a Aleac aprove uma Moção de Apelo, dirigida as mesmas autoridades e assinada por todos os parlamentares estaduais do Acre.
Ao final da reunião as duas propostas foram juntadas e ficou decidido que os professores da Ufac irão elaborar o documento proposto por João Correia e que será aprovado pela Aleac e assinado como a Moção de Apelo.
Os professores Coracy Sabóia e Gerson Albuquerque, do comando de greve, se disseram satisfeitos com o resultado da reunião com os parlamentares estaduais do Acre e elogiaram suas posturas apartidárias e de apoio ao movimento. (E.M.)