Quando estudar se transforma num grande prazer
Aprovada em quatro vestibulares, Rita de Cássia diz não existir uma fórmula ideal para vencer a batalha do conhecimento
Debruçados sobre os livros, apostilas e toda uma parafernália de fórmulas, dicas e tabelas, numa rotina em que o lazer em sua maioria é deixado de lado, todos os anos estudantes, em sua maioria adolescentes, correm em busca de uma vaga entre os diversos cursos oferecidos nas instituições de ensino do Estado, numa concorrência desenfreada, uma das marcas do vestibular.
Mas, diante dessa corrida, fica a pergunta: existe uma receita para vencer a batalha do conhecimento? Para uns, sim, mas para a estudante Rita de Cássia Ribeiro, 17 anos, está descartado qualquer tipo de fórmula para vencer a concorrência no vestibular, basta apenas transformar o estudo em algo prazeroso.
“Não existe uma fórmula, mas basta sabermos dividir o tempo. Não costumo delimitar o tempo de estudo, deixo as coisas correrem normalmente. O equilíbrio entre o lazer e os estudos é importante. E tem mais uma coisa: nunca meus pais me forçaram aos estudos, tudo foi sempre natural, e acredito que isso contribuiu para que transformasse o ato de estudar em algo prazeroso. Sob pressão as coisas não fluem de um modo certo”, relata a estudante.
Não é à toa que Rita de Cássia foi aprovada em vestibulares de três instituições de ensino. Foram dois em Medicina - Uni e São Lucas (Rondônia) - e Marketing, na Firb, sendo que nesta última obteve o primeiro lugar na classificação geral, o que lhe rendeu uma bolsa integral para os quatro anos do curso. E, para selar com chave de ouro, Rita figura entre os primeiros colocados do vestibular da Universidade Federal do Acre (Ufac) do curso de Medicina, obtendo o quarto lugar
MEDICINA: UM ANTIGO SONHO - Para quem a vida inteira realizou seus estudos no Estado, Rita considera sua aprovação fruto do potencial existente no Acre.
“Não tive pretensão de sair para estudar fora nem meus pais me incentivaram a isso. Tanto que agora minha maior realização é passar em Medicina no Acre. Acredito que o fato de ter passado na primeira etapa numa boa colocação mostra que temos grande potencial e estamos preparados para concorrer com estudantes de outros Estados. Devemos sempre colocar nossa auto-estima em alta nesse sentido”, diz, com a determinação de quem sabe o que quer. Ela ressalta ainda que a implantação do curso de Medicina no Acre representa um antigo sonho de famílias acreanas.
Desde pequena pensava em fazer Medicina, pois sempre gostei de aprender coisas novas e como o organismo do ser humano funcionava, o que o fazia se mover. Mas lembro que não gostaria de sair daqui para longe do Acre e da minha família. A torcida pela implantação do curso é antiga e, graças a Deus, chegou na melhor hora”, ressalta Rita
CONCORRÊNCIA NÃO É BICHO-PAPÃO - Rita demonstra tanta determinação em seus pontos de vista que, apesar da pouca vivência do mundo globalizado, do concorrente mercado de trabalho, declara-se totalmente contrária ao “bicho-papão” criado em relação à concorrência.
“Essa questão de concorrência para mim é algo que não deve ser levado tão a sério. O mercado dita o individualismo como chave para o sucesso. Para mim, o que deve prevalecer é que devemos entender que cada ser humano tem seu potencial e que uns são mais aptos a um tipo de coisa, e outros não. Costumo ajudar meus colegas e ao próximo em suas dificuldades. O melhor para mim é ficar entre meus amigos e saber que estou sendo útil a eles”, discorre a estudante, adiantando que seu objetivo com o curso de Medicina é contribuir com a saúde no Estado, principalmente no tocante às populações mais humildes, um dos maiores propósitos da implantação do curso, na sua opinião
Motivo de orgulho - Rita de Cássia é orgulho dos pais Socorro e Ronaldo Pereira, que acreditam que o sucesso da filha é uma dádiva de Deus.
“Eu e Ronaldo nos sentimos gratificados, não que nós queiramos descartar o talento de outras pessoas, absolutamente. Mas, para nós, esse momento está sendo um presente de Deus. Nunca pedimos para a Rita estudar e acreditamos que se ela continuar assim vai se transformar numa grande profissional. O pai dela é seu fã número um e está em estado de graça”, comenta a mãe.
Vencida a primeira etapa, com gestos e fala calma, a estudante revela como está se preparando para embarcar na segunda etapa, a mais temida e concorrida para a maioria dos candidatos - a redação.
“Acredito que o mais difícil já passou. E, para vencer essa etapa, é preciso dominar o padrão da língua, estar bem informado e ter muita tranqüilidade”, diz a estudante. Quanto aos possíveis temas da redação, ela é bem firme: “Prefiro não arriscar palpites”.
*Rose Farias