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10º Fórum MAP é encerrado com carta de recomendações ambientais

por Ascom-01 publicado 12/11/2015 11h25, última modificação 12/11/2015 11h22
Evento discutiu impactos climáticos e formas de minimizá-los; pacto entre Madre de Dios, Acre e Pando prevê ações até 2030

Chegou ao fim nesta quarta-feira, 11, o 10º Fórum MAP, que neste ano aconteceu no Teatro Universitário da Universidade Federal do Acre (Ufac). O evento promoveu diálogos em busca de soluções para situações extremas na região da tríplice fronteira, que compreende a região MAP — Madre de Dios (Peru), Acre (Brasil) e Pando (Bolívia). Como resultado, divulgou a “Carta de Rio Branco”, com recomendações para os governos dos três países para ações até o ano de 2030.

Depois da abertura no dia 9, às 19h, com palestras de Jorge Viana e Marina Silva, seguiram-se dois dias de intensos debates, discutindo eventos climáticos extremos. Os debates foram organizados em cinco eixos: gestão de riscos; água, solo e floresta; economia e infraestrutura; planejamento regional; direitos humanos e ambientais. Todos com o meio ambiente como pano de fundo e sobre a região da tríplice fronteira.

Para o reitor da Ufac, Minoru Kinpara, um dos aspectos importantes do MAP é reunir brasileiros, peruanos e bolivianos que estão no entorno geográfico da região amazônica, para pensar soluções para os eventos climáticos que afetam a região. “Para a Ufac é de extrema importância sediar um evento que pensa em ações para amenizar os impactos ambientais e nos prepara para as dificuldades postas”, afirmou. “Temos que fazer isso por meio de ideias inovadoras, através do desenvolvimento de ciência e tecnologia; a universidade é o lugar, por excelência, onde isso deve ocorrer. A Ufac está cumprindo seu papel ao oportunizar o espaço para que essa temática tão importante seja debatida.”

A coordenadora do 10º Fórum MAP e diretora do Parque Zoobotânico (PZ) da Ufac, Cristina Boaventura, avaliou o evento como um sucesso. “Tivemos a presença de grandes pensadores  e pesquisadores das áreas debatidas nas mesas temáticas, com uma boa participação de público: pelo menos 150 pessoas vindas da fronteira entre Brasil, Peru e Bolívia”, disse. “O produto final do 10º Fórum MAP é a ‘Carta de Rio Branco’, com recomendações para até 2030, para tentarmos mitigar os impactos que os eventos extremos estão causando nesta região.”

Esta edição do fórum não contou com financiamento, mas sim com o apoio de parceiros conhecidos do MAP: o governo do Estado do Acre, a Ufac, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o World Wide Found for Nature (WWF), o Earth Innovation Institute, além de outras organizações não governamentais (ONGs) deram o suporte para a realização do evento.

“Geralmente fazemos um projeto e conseguimos um financiador para o evento. Neste ano isso não aconteceu. Sem o apoio da Ufac não seria possível realizar o MAP”, constatou Cristina. “A universidade cedeu toda a infraestrutura, como o Teatro Universitário e as salas ambientes onde aconteceram os debates das mesas temáticas, até garantir o transporte dos participantes da fronteira para cá e a alimentação. A gestão superior, com o reitor Minoru Kinpara e a professora Guida [Guida Aquino, vice-reitora] entendem o que é o MAP e nos deram todo o apoio.”

O professor de Antropologia da Universidade Amazônica de Pando (UAP), Guilherme Rioja, coordenou os debates sobre planejamento regional e afirma que com a correta gestão territorial e manejo é possível planejar a região de maneira adequada. “O diferencial destas conversas que tivemos é que estamos denominando atores para realizar as intervenções necessárias. Estamos tirando do campo das generalidades e sugerindo os nomes de quem deve fazer as atividades”, informou. “Não dizemos mais que se deve realizar um estudo sobre tal área. Dizemos que a Ufac, por exemplo, deve promover um estudo sobre tal área, e assim saímos de conceitos mais amplos para ações mais efetivas.”

Elza Mendoza, do Earth Innovation Institute, lembra que o MAP surgiu na Ufac e hoje está de volta à casa. “Agradecemos ao reitor, que nos confiou a organização do fórum. Penso que daqui para diante é tocar as atividades que foram listadas e esperamos que os governos comecem a agir e implementar essas soluções propostas para tentar minimizar os impactos que vão acontecer mais a frente”, pontuou. “Temos que fazer coisas boas por nossa região e acho que nesse evento nós conseguimos fazer isso.”

Uma das novidades deste MAP foi a participação do WWF, um dos parceiros que colaborou com a organização do evento. Para o analista sênior do WWF, Francisco Kennedy, a cada evento MAP algo de importante é agregado. Ele considera o evento um “patrimônio” da região trinacional. “É um novo salto para, de fato, pensarmos políticas públicas do ponto de vista prático, com resultados em cinco anos, para influir num cenário de cinquenta anos”, disse. “Isso em relação a mudanças climáticas caóticas. Nesse aspecto de urgência de políticas públicas, de ações que possam contribuir para impactos imediatos em diversas escalas, o MAP deu um avanço.”

10 MAP

Integração cultural

Pensando a promoção da cultura da floresta e das artes como formas de resistência e de valorização da Amazônia, o MAP, este ano, trouxe uma programação cultural repleta de atrações. A abertura contou com a exibição de um curta do Festival Internacional de Cinema Pachamama, chamado “Abuella Grillo”.

Em  seguida, ocorreu a apresentação da Orquestra de Violões da Ufac, sob regência do professor Romualdo Medeiros. O evento contou ainda com a apresentação do grupo cultural acriano Jabuti Bumbá e com a apresentação de danças típicas peruanas. E no encerramento, com apresentação do Cancioneiro de Músicas Medievais e Renascentistas do Instituto Federal do Acre (Ifac).

Do Brasil para o Peru

No Fórum MAP, Brasil, Peru e Bolívia se revezam na organização e como sede do evento. Durante a solenidade de encerramento, a coordenação do fórum no Brasil passou, de forma simbólica, o MAP para o Peru, que vai ser o próximo país a sediá-lo. A expectativa é que o 11º Forum MAP aconteça em 2017, em Porto Maldonado, a cargo do governo de Madre de Dios.

 

Postado em: 12/11/2015