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Acadêmicos indígenas da Ufac apresentam TCC no Campus Floresta

por Ascom02 publicado 01/08/2013 15h10, última modificação 12/08/2013 16h11

O curso de Formação Docente para Indígenas, coordenado pela professora Valquíria Garroti, deu início nessa quarta-feira, 31, às atividades do “Seminário de Trabalho de Conclusão do Curso Superior para Docentes Indígenas”, no Campus Floresta da Universidade Federal do Acre (Ufac), em Cruzeiro do Sul.

No primeiro dia, foram apresentados três Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) pelos discentes indígenas. João Sebastião Popi Manchineri apresentou seu trabalho de pesquisa “O Livro do Kashri-Twa Kashri: O Arco e a Flecha” na cultura dos Manchineri, através do qual procurou reavivar a memória dos jovens e adultos que, no decorrer dos tempos, têm esquecido ou abandonado a tradição dos antigos Manchineri no fabrico e na arte do arco e da flecha. Leila Silva de Souza Nukini, Cláudia Cordeiro Machado e Josimeire Cordeiro Machado elaboraram uma “Cartilha de Alimentação Tradicional do Povo Nukini” e Júlio Raimundo Jaminawa apresentou o trabalhoUsi Nameash Viana: Somos Casados de Várias Etnias”.

Segundo João Sebastião Popi Manchineri, seu trabalho de pesquisa buscou “complementar e transformar o conhecimento e a prática tradicional do povo Manchineri em registros usuários e estudos sobre o uso e confecção do arco e flecha, junto aos alunos da aldeia onde trabalhamos. Além disso, do ponto de vista mais amplo da metodologia, fizemos reuniões na comunidade para a preparação das atividades de resgate e revitalização das práticas do arco e flecha. Atividades teóricas foram feitas, centradas na leitura de livros e, junto aos anciãos da aldeia, fizemos as práticas de campo com a participação dos alunos”, concluiu o discente indígena da Ufac.

Na “Cartilha de Alimentação Tradicional do Povo Nukini” as discentes pesquisadoras destacaram casos em que seus entrevistados apontaram a ação da comida como medicamento ou, em alguns casos, auxiliares no desenvolvimento da memória, no auxílio da impotência sexual, ou na ação como anti-inflamatório. Já no trabalhoUsi Nameash Viana: Somos Casados de Várias Etnias”, Júlio Raimundo Jaminawa fala sobre o casamento interétnico e organização social. “Acredito que este trabalho é de grande importância para o meu povo e será uma ferramenta que vai estar disponível para os jovens e para todos. Nesse trabalho, eu explico algumas partes do conceito de casamento interétnico. Falo também sobre as formas Jaminawa de viver na sociedade”, explicou.

Os dois primeiros trabalhos foram orientados pela professora Simone de Souza Lima e contaram com a contribuição dos professores Manoel Estébio Cavalcante e Amilton Pelegrino. Segundo o professor Manoel Eustébio, os trabalhos revelam, de algum modo, os intercâmbios culturais com o altiplano peruano.  O último trabalho foi orientado pelo professor Marcos de Almeida Matos e teve, na banca examinadora, os professores Andréia Martini e Leonardo Lessin.