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Campus Floresta da Ufac discute os ‘Conhecimentos tradicionais’

por Ascom02 publicado 25/04/2013 13h39, última modificação 25/04/2013 13h39

Professores universitários, alunos e representantes de povos indígenas e populações tradicionais da região do Vale do Juruá participaram nessa segunda-feira, 22, no Teatro Moa, em Cruzeiro do Sul, da mesa-redonda denominada “Conhecimentos tradicionais contra o desmatamento”. Tendo como sede o campus Floresta da Ufac, a atividade foi realizada a partir de uma parceria entre o Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia (PNCSA), o Laboratório de Antropologia e Florestas da Ufac (Aflora) e o Grupo Vida e Esperança, composto por agricultores da Reserva Extrativista do Alto Juruá.

Sobre a importância de um evento com essa temática, a professora Mariana Pantoja, coordenadora do Aflora, explica que “é preciso valorizar e dar maior visibilidade aos povos e comunidades que, por meio dos seus conhecimentos e experiências, apontam para outras possibilidades de posse e uso dos recursos naturais pelas sociedades humanas, com maior liberdade e respeito”. Longe de serem conhecimentos ultrapassados, explica ainda a professora Mariana, “os chamados conhecimentos tradicionais se renovam constantemente e circulam livremente entre os seus detentores”.

Alternativas ao desenvolvimento hegemônico

De acordo com o projeto de realização da mesa-redonda sobre “Conhecimentos tradicionais”, “o Vale do Juruá é uma área com forte presença de povos indígenas e também de extrativistas e agricultores, distribuídos num mosaico de terras indígenas e unidades de conservação. A região abriga uma expressiva biodiversidade (comprovada por diversos estudos científicos) e significativa sociodiversidade, inclusive com a presença de povos autóctones em estado de isolamento voluntário (conhecidos como ‘isolados’)”, sendo que, no local, notadamente nos altos rios Juruá, Tarauacá e afluentes, estão em curso, há mais de 20 anos, experiências diversas de construção de alternativas ao modelo de desenvolvimento hegemônico, que é, justamente, aquele fundamentado no conhecimento científico, apontando, como caminhos para a Amazônia, o agronegócio, o manejo florestal madeireiro, a construção de hidrelétricas, projetos de mineração, entre outros igualmente impactantes do ponto de vista social e ambiental.

“Em sentido diametralmente oposto”, afirma Mariana Pantoja, “as comunidades e povos do Vale do Juruá desenvolvem experiências de educação (lato sensu), de implantação de sistemas agroflorestais e jardins medicinais, de segurança e autonomia alimentares, de planejamento comunitário de uso e proteção de seus territórios, de troca de sementes e mudas (e de recusa aos transgênicos, agrotóxicos e fertilizantes industriais) e de valorização cultural, entre outros”.

Palestrantes

Para a mesa de palestrantes do evento foram convidados tanto pesquisadores acadêmicos — como Alfredo Wagner de Almeida, coordenador do PNCSA e professor da UEA e Ufam; Mauro Almeida, da Unicamp; Maria Inês de Almeida, da UFMG; e Terri Aquino, do PNCSA — quanto profissionais não acadêmicos, como o sertanista José Carlos Reis Meirelles Jr.; o pesquisador indígena Ibã Huni Kuin; e o professor de agricultura florestal Antônio Teixeira da Costa.

Além das palestras e debates, aconteceu a exposição de um trabalho de cartografia social de conhecimentos tradicionais, que já havia sido apresentado em outro evento mais restrito, intitulado “Encontro amazônico de saberes consorciados contra o desmatamento”. “Esse foi um encontro que reuniu pesquisadores acadêmicos e da floresta, em particular da Reserva Extrativista do Alto Juruá e das terras indígenas Kaxinawá e Ashaninka localizadas nos rios Jordão, Breu e Humaitá, de onde surgiu a ideia da criação de uma rede de conhecimentos e conhecedores, que articule universidade e comunidades locais”, disse Mariana Pantoja.

Ambos os eventos — o encontro e a mesa-redonda — contaram com apoio de recursos do Fundo Amazônia.