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Especialista fala da importância de frutas e hortaliças na alimentação

por Ascom02 publicado 17/04/2015 17h55, última modificação 20/04/2015 09h34
Capital acriana ocupa a vice-lanterna no consumo de vegetais; menos de 20% da população local segue orientação da OMS

Em comemoração ao Dia Mundial da Saúde, celebrado na última semana, o Ministério da Saúde (MS) lançou para todo o país o livro “Alimentos Regionais Brasileiros”. Além de dicas de como cozinhar com mais saúde, a publicação traz pratos típicos de cada região do Brasil com o intuito de estimular o consumo da alimentação saudável, capaz de promover mais qualidade de vida.

Na ocasião, foram destacados números da pesquisa “Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico” (Vigitel-2014), que apontam um índice nada animador para o Estado do Acre. Em Rio Branco, apenas 17% da população consome frutas e hortaliças conforme indicação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Esse é o segundo pior índice nacional.

Para a professora do curso de Nutrição da Universidade Federal do Acre (Ufac), Bruna Viana, os dados apresentados pela pesquisa representam um conflito com os princípios básicos de uma alimentação saudável. O consumo insuficiente de frutas e hortaliças, diz a especialista, aumenta as chances do aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis, como males cardiovasculares, diabetes, obesidade e alguns tipos de câncer. A má alimentação também está entre os dez fatores de risco que mais causam mortes e doenças em todo o mundo.

“Rio Branco está entre as dez capitais com o maior percentual de adultos em excesso de peso, o que poderia melhorar se esse consumo de frutas e hortaliças fosse adequado e incorporado à alimentação saudável e à prática de atividade física”, destaca Bruna.

A OMS recomenda a ingestão de, no mínimo, 400 gramas de vegetais por dia — entre hortaliças e frutas — para que adultos previnam doenças crônicas. Para o MS, através dos Guias Alimentares adaptados à população brasileira, a orientação é de uma dieta de 2 mil calorias por dia, para adultos com pelo menos três porções de frutas e três porções de hortaliças. Segundo a “Pirâmide Alimentar Infantil”, crianças de seis a 23 meses precisam de três a quatro porções por dia de frutas e verduras.

Mãe da pequena Helena, de 15 meses, a assistente social Camila Martins esforça-se para não contribuir com as estatísticas.  Mesmo amamentando, Camila fez questão de acrescentar frutas à alimentação da bebê a partir dos cinco meses completos. Quando o médico pediatra liberou comidas mais consistentes foi a vez de acrescentar as hortaliças de todo tipo. “Beterraba, couve, tomate, salada e suco verde. Tudo foi incorporado”, conta a mãe que enfrentou uma resistência mínima. “Rolou umas caretinhas no começo, mas foi por pouco tempo. Eu, dificilmente, comia frutas e verduras, mas sabendo da importância tomei a iniciativa de incentivar a Helena e também estou mudando”, confessa Camila.

Os números da alimentação no país

Segundo dados da pesquisa Vigitel-2014, apenas um quarto dos brasileiros consomem o recomendado de frutas e hortaliças, o equivalente à ingestão de cinco ou mais porções, em cinco ou mais dias da semana, apesar do ligeiro crescimento em comparação a 2008, quando 20% da população total integrava esse grupo. Em 2014, a soma chegou a 24,1% dos brasileiros. O estudo mostrou que as mulheres se alimentam melhor que os homens, nesse aspecto. Enquanto 28,2% delas seguem a recomendação da OMS, 80,7% deles ignoram.

A pesquisa mostra, ainda, que apenas uma das capitais nortistas integra o grupo das dez cidades que mais consomem frutas e hortaliças. Em Palmas, 27% dos habitantes incorporam tais produtos à alimentação. Na ponta oposta, na lanterna do estudo, encontram-se Belém e Rio Branco, com índices de 15% e 17%, respectivamente.  Reforçam o time Macapá e Manaus, onde 19% dos habitantes seguem o indicado pela OMS.

Além de frutas e hortaliças, o Vigitel pesquisou outros dados importantes sobre a alimentação dos brasileiros. O estudo mostra que 29,4% da população ainda consome carne com excesso de gordura (na capital acriana, o percentual sobe para 31,8%) e que apesar do uso regular de refrigerantes para 20,8% dos brasileiros (19% dos rio-branquenses), a ingestão dessa bebida tem reduzido gradativamente nos últimos seis anos.

“O refrigerante não traz benefício algum à alimentação. É desprovido de vitaminas, minerais e fibras, além de conter alguns aditivos químicos que podem causar males à saúde, como câncer, processos alérgicos e hiperatividade”, alerta a professora da Ufac. De acordo com ela, estudos científicos têm relacionado o uso de refrigerantes não só ao aumento de peso, como também ao aumento de cáries dentárias e à baixa utilização de alimentos que contenham cálcio, com subsequente aumento da osteoporose e do diabetes.

“Com relação à carne gordurosa, a chamada gordura saturada, quando consumida em excesso, pode causar infarto, acidente vascular cerebral e câncer. Logo, apesar da redução no consumo desses alimentos pelos brasileiros, ainda temos um grande desafio até atingir a meta”, avalia.

Diga o que comes e eu lhe direi de onde és

A publicação Alimentos Regionais Brasileiros é um complemento do Guia Alimentar para a População Brasileira, lançado em novembro de 2014 pelo MS. A expectativa é incentivar o aumento do consumo de alimentos frescos, como frutas, legumes, verduras e carnes.

Além de orientar sobre o tipo de alimento, o livro apresenta informações sobre como preparar a refeição, com uma lista de possíveis substituições para as receitas desenvolvidas, sempre ressaltando a diversidade cultural brasileira. A intenção é proporcionar a população o conhecimento das mais variadas espécies de frutas, hortaliças, leguminosas, tubérculos, cereais, ervas, entre outros existentes no país.

“Na cartilha, são evidenciadas as principais opções de frutas e hortaliças de cada região, incluindo o Norte, tais como açaí, buriti, cupuaçu, banana, pupunha, tucumã, jambu, maxixe, quiabo, entre outras tantas”, afirma a professora. “Esses produtos podem ser mais acessíveis do ponto de vista físico e financeiro, além de ser proveniente da produção sustentável e com pouco contaminante quando comparado a frutas e hortaliças que são adquiridas de outros estados.” A versão digital do livro está disponível no portal do Ministério da Saúde, na internet.

Ufac incentiva alimentação saudável entre estudantes

No Restaurante Universitário (RU) da Ufac, os estudantes têm a oportunidade de acesso a refeições de qualidade e de baixo custo. Diariamente, são elaborados três cardápios que integram café da manhã, almoço e jantar.

A seleção das opções servidas é elaborada pelo nutricionista Rafael Lima de Oliveira, em parceria com a coordenação do RU, e leva em consideração os valores energéticos per capita estabelecidos pelo Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT).

“Temos uma preocupação constante com a saúde dos nossos estudantes, por isso frutas e verduras são comuns no nosso cardápio. No café, sempre há a oferta de frutas. No almoço, temos salada. E no jantar, a opção é por salada ou sopas de legumes. Nós percebemos uma boa aceitação dos estudantes”, comemora a chefe da Coordenadoria do Restaurante Universitário, Elza de Fátima Dias.

Postado em: 17/4/2015