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Ferramenta para colheita de açaí é trazida à Ufac

por Ascom02 publicado 13/07/2016 10h58, última modificação 13/07/2016 10h58
Equipamento traz eficiência e segurança à coleta do fruto. Demonstração foi realizada no Parque Zoobotânico

A invenção de uma máquina para retirada de cachos de açaí direto da palmeira tem chamado a atenção de pesquisadores, empresários e pequenos produtores interessados numa colheita mais dinâmica e segura. A ideia desenvolvida pelo agricultor e mecânico, Trajano Alves de Brito, no interior do Pará, foi apresentada na manhã desta quarta-feira, 13, no Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre (Ufac) durante a reunião de retomada do Grupo de Governança do Açaí no Estado do Acre.

Para técnicos e doutorandos, Trajano teve a oportunidade de falar sobre o manuseio do equipamento que consiste em base metálica ligada a lâminas que imitam uma tesoura. “A gente fixa o aparelho no tronco da palmeira e vai encaixando as hastes de metal que acompanham a máquina até alcançar o fruto”, explicou o inventor. O equipamento desliza pelo tronco do açaizeiro graças a um conjunto de roldanas acopladas junto à base metálica. Segundo o fabricante, o experimento, que já vem sendo comercializado, tem capacidade para sustentar até 18 quilogramas e chega a alcançar 20 metros de altura.

“No Acre, nós temos poucos ‘subidores’ [pessoas que escalam a palmeira para retirada do fruto] o que, de certa forma, implica na limitação da produção. Essa máquina traz o benefício da colheita segura e sustentável”, avalia a professora Andréa Alechandre. “O produtor deixa de precisar se arriscar a subir em uma palmeira muito alta ou, pior, derrubar a árvore para colher o fruto”.

Atualmente, o equipamento encontra-se numa espécie de quarta-geração de fabricação ainda manual. “Eu desenvolvi o protótipo quando resolvi plantar mil pés de açaí sem ter qualquer experiência com a produção. Pensei uma forma de colher o fruto e montei a máquina que já patenteei. Eu passei um ano com a invenção só pra e fui melhorando até chegar nessa versão de hoje que é mais menos pesada e mais segura”, destaca Trajano.

No Parque Zoobotânico, onde são desenvolvidas pesquisas de metodologias de avaliação da produção do fruto e capacitação de produtores e técnicos para busca de alternativas de coleta exemplares do equipamento estão sendo utilizados. “Tínhamos a versão anterior e, agora, já adquirimos o novo modelo que já começará a auxiliar nas pesquisas desenvolvidas aqui”, disse a diretora do Parque, Cristina Boaventura.

No Acre, a principal ocorrência de açaí é do tipo “solteiro” (E. precatória), comum à Amazônia Ocidental. Diferente do fruto paraense -  açaí de “touceira” (E. oleracea) – por exemplo, as palmeiras acrianas costumam ser mais altas, finas e gerar cachos mais pesados. “O agricultor colhe de 50 a 60 latas de açaí por dia, em média. Com esse modelo, é possível dobrar essa produção, já que se consegue manter o mesmo ritmo de retirada do início ao fim da colheita”, explicou Alcindo Nascimento, diretor executivo da Açaí S/A.

Segundo o empresário, investir na cadeia produtiva do açaí é fundamental para elevar o Estado à condição de grande produtor do fruto. “Hoje, nós conseguimos nos diferenciar no mercado pela capacidade de produção o ano inteiro. A cadeia produtiva do açaí não representa o grande destaque do Estado, mas não nos resta dúvida que o potencial existe. Queremos ser representativos e estamos nos preparando para isso, aliando movimentação governamental à iniciativa privada”, destacou.

O Grupo de Governança do Açaí é liderado pela Secretaria de Estado de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof) em parceria com a Universidade Federal do Acre (Ufac), a empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMMA), a Açaí S/A, a SOS Amazônia e a WWF Brasil.

Publicado em: 13/7/2016