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Juruá tem matéria prima para fabricação de perfumes

por italo publicado 14/04/2011 15h25, última modificação 15/04/2011 10h40

Professor Délcio Dias MarquesNa região do Vale Juruá, no extremo oeste acreano, pode estar uma das maiores reservas de plantas capazes de fornecer matéria-prima para as indústrias de perfumaria e cosmético. Tese de doutorado nesse sentido foi defendida em março do ano passado, na Universidade Federal do Ceará (UFC), pelo professor Délcio Dias Marques (foto), sob a orientação do professor Dr. Francisco José Queiroz Monte.

Durante quatro anos, o professor Délcio Dias Marques, dos quadros da Universidade Federal do Acre (Ufac), realizou várias experiências fítoquímicas, com a planta conhecida vulgarmente pelos nomes de breu, breu-branco, almecequeira e breu verdadeiro, tão abundante quanto desprezada pela indústria madeireira na região de Cruzeiro do Sul.

Cientificamente pertencente ao gênero “Protium”, o breu, de acordo com as pesquisas do professor Délcio, apresenta uma grande ocorrência na região do Vale do Juruá. Essas plantas exsudam uma resina com elevada concentração de um óleo aromático que poderá vir a ser usada com bastante sucesso na indústria da perfumaria e cosmético, não sendo necessários grandes investimentos para a respectiva exploração.

“Ate a realização da nossa pesquisa, nós sabíamos que o breu era usado  pela medicina popular como um importante agente terapêutico, tendo propriedades anti-inflamatórias, analgésicas, expectorantes e cicatrizantes, além de também ser utilizado como incenso em rituais religiosos, mas não como matéria-prima para a fabricação de perfumes”, diz Délcio Marques.

Importância econômica dos óleos essenciais

O conhecimento dos óleos essenciais data de alguns séculos antes da era Cristã e está ligado aos países orientais. O interesse da humanidade pelos óleos essenciais se fundamentou na possibilidade de obtenção de substâncias aromáticas, bem como de produtos fármacos. Assim, aumentou significativamente o registro de plantas com aproveitamento econômico.

No Brasil, a produção de óleo essencial teve início em meados do século XX, com a produção extrativista de algumas essências. Mas as principais exportações brasileiras nos anos do século XXI se restringiram ao óleo essencial do Pau-Rosa (Aniba rosaeodora), ao bálsamo de copaíba (Copaífera sp) e à planta denominada pau santo (Bulnesia sarmiento).

Até meados da década de 1990, o Brasil apostava na produção de canela sassafrás (Ocotea pretiosa), fonte de safrol, movimentando milhares de dólares. Entretanto, a exploração intensa e predatória da espécie levou o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) a incluí-la na lista de espécies ameaçadas de extinção, proibindo a sua comercialização.

O Brasil também já se destacou na produção de essências de laranja-doce e óleo de eucalipto. Mas ainda tem muito a explorar, principalmente na região amazônica, de acordo com o professor Délcio Marques, para quem “além do uso industrial na produção de perfumes e fármacos, os óleos essenciais tem um importante papel na ecofisiologia vegetal”. (Francisco Dandão).