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Livros de professores da Ufac debatem história do Acre

por Ascom-01 publicado 05/11/2015 16h10, última modificação 05/11/2015 16h10
Eduardo Carneiro e Francisco Pinheiro lançam suas obras no anfiteatro Garibaldi Brasil, dia 9, às 18h

A Universidade Federal do Acre (Ufac) será palco do lançamento de dois livros na próxima segunda-feira, 9. As obras “A epopeia do Acre e a manipulação da história no Movimento Autonomista e no governo da Frente Popular” e “Devoções populares: lutas resistências e fé na Amazônia — Acre”, ambas produções de professores do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), serão apresentadas pelos respectivos autores no anfiteatro Garibaldi Brasil, a partir das 18h.

Apesar de apresentarem temáticas específicas distintas, as obras se aproximam ao pôr em foco a história do Acre. Uma pelo viés político, enquanto a outra pelo religioso. De autoria do professor Eduardo Carneiro, “A epopeia do Acre e a manipulação da história no Movimento Autonomista e no governo da Frente Popular” trata do processo histórico que resultou na nacionalização do território que hoje compreende o Estado do Acre. A partir de jornais e documentos oficiais da época, o autor relaciona os discursos de lideranças do Movimento Autonomista com discursos do governo da Frente Popular.

Sem explicar a origem da manipulação da historiografia do Acre (o que será abordado em outro livro já em fase de produção), Carneiro diz que utiliza a mais recente obra concluída para evidenciar a forma como uma versão construída tornou-se oficializada.

EpopeiaDoAcre

“O livro é uma tentativa de desacreanizar a história do Acre, pois ela se tornou muito ufanista e megalomaníaca”, dispara o professor. “Nela, os fatos são embelezados com o fim último de provocar orgulho coletivo. Precisamos criticar a história oficial por todos os lados para que, ao final, se tenha uma narrativa mais sincera da genealogia do acriano.”

A obra de 141 páginas está dividida em três capítulos. No primeiro deles, o autor não deixa de levantar as questões teóricas que envolvem o conceito de manipulação da história. Em seguida, estuda as manipulações da história praticadas pelos líderes do Movimento Autonomista Acriano e, por fim, as mesmas manipulações operadas agora pelos líderes da Frente popular.

“É melhor aproximar a história da verdade e ter uma sociedade mais lúcida e consciente dos seus erros e limites que aproximar a história da mentira e produzir uma sociedade surtada que não sabe distinguir o fato da ficção. É por isso que defendo um ensino mais sincero da história do Acre”, apregoa o autor.

 

História da fé

Voltado, por sua vez, à investigação devocional de fiéis do vale do rio Acre e Purus, o primeiro livro do professor Francisco Pinheiro, intitulado “Devoções populares: lutas, resistências e fé na Amazônia — Acre” debruça-se sobre relatos de fé e graças alcançadas a partir da intercessão dos chamados santos populares, homens e mulheres a quem, mesmo sem o reconhecimento oficial do Vaticano, são atribuídos milagres.

DevocoesPopulares

Fruto do primeiro estágio do pós-doutorado de Pinheiro pela Pontificie Universidade Católica de São Paulo (PUC- SP), o livro discute a reinvenção do catolicismo popular na floresta. “Ao longo da colonização no Acre, os nordestinos conseguiram ressignificar a fé e a devoção oriunda de sua região de origem nas florestas acrianas. Uma mutação que é riquíssima e que precisa, cada vez mais, ser discutida”, explica Pinheiro.

O professor, que já tinha abordado o tema em sua tese de doutorado “Devoções e fé: viver entre lutas, resistências e milagres na floresta amazônica”, afirma que um dos objetivos da publicação é despertar o interesse de outros pesquisadores para a área ainda pouco explorada. “Em todo o Acre, temos o registro de 56 santos populares. Na minha tese de doutorado, estudei um; veja a quantidade de outros que ainda aguardam estudo”, aponta. “Essa é uma área de pesquisas recentes, de campo vasto e fértil. A expectativa é que o livro possa abrir a porta para novos interesses.”

 

Sobre os autores

Eduardo Carneiro é licenciado em História e bacharel em Economia; doutorando em Estudos Linguísticos pela  Unesp, atua como professor da Ufac desde 2008. É autor de outros dois livros:  “A fundação do Acre: uma história revisada da anexação” e “A formação da sociedade econômica do Acre: ‘sangue’ e ‘lodo’ no surto da borracha (1876-1914)”.

Doutor em História Social pela PUC-SP, Francisco Pinheiro é professor adjunto da Ufac, onde desenvolve, atualmente, um projeto de pesquisa intitulado: “A transnacionalidade da fé: a ressignificação da devoção popular de Santa Raimunda do Bom Sucesso na Bolívia e no Peru”.

 

Postado em: 5/11/2015