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Pesquisadores da Ufac desenvolvem trabalho de melhoramento genético com feijões encontrados no Juruá e Purus

por glauco publicado 30/06/2015 11h19, última modificação 30/06/2015 11h19
Objetivo do estudo é identificar novas variedades mais resistentes a pragas, doenças e à seca. Foram identificados 34 tipos de feijões

Pesquisa desenvolvida por professores do mestrado em Produção Vegetal da Universidade Federal do Acre (Ufac) identificou 34 tipos de feijões (Vigna unguiculata e Phaseolus vulgaris) nos municípios de Brasileia, Xapuri, Plácido de Castro, Sena Madureira, Tarauacá, Feijó, Mâncio Lima, Cruzeiro do Sul e Marechal Thaumaturgo. O trabalho liderado pelos professores da Ufac - Vanderley Borges, Eliane de Oliveira e Eduardo Pacca - em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa/Acre), busca fazer a caracterização morfológica e genética das variáveis de feijões encontradas no estado do Acre para desenvolver um trabalho de melhoramento genético adaptado aos municípios acreanos.feijão 3

A ação faz parte do projeto “Coleta e caracterização morfológica e agronômica de variedades crioulas de feijão comum e feijão caupi no Acre”. No período de 2012 a 2013, os pesquisadores realizaram várias expedições para as regiões do Purus e do Juruá, onde coletaram 34 tipos de feijões. Segundo o professor, Vanderley Borges, os feijões encontrados em território acreano – caso do feijão carioca - são originários do México e da América Central. “Constituem feijões que já estão há 30/40 anos na região do Purus e Juruá e apresentam uma resistência e uma variabilidade maior em comparação aos tipos mais novos”, explica Borges.

No atual estágio da pesquisa, as amostras de feijão (Vigna unguiculata e Phaseolus vulgaris) coletadas nas regiões do Purus e do Juruá passam – na Unidade de Experimentação Agrícola da Universidade Federal do Acre – por um processo de caracterização morfológica e agronômica, que pretende identificar e caracterizar os tipos de folha dos feijões, a cor da flor, o hábito de crescimento, o porte da planta e sua produtividade. “Nessa etapa da pesquisa buscamos novas variedades de feijão e também identificar os tipos mais promissores e resistentes  a secas, pragas e doenças. Almeja-se com a pesquisa  desenvolver linhagens melhoradas, a fim de agregar valor e favorecer a conservação dessas plantas no Juruá e no Purus”, ressalta Vanderley Borges.

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Na Unidade de Experimentação Agrícola da Ufac estão sendo desenvolvidas algumas pesquisas com os feijões (Phaseolus vulgaris). Essa etapa da pesquisa é desenvolvida com estagiários do curso de Agronomia e com bolsistas do Programa Institucional de Iniciação Científica e Tecnológica (Pibic). Os estudantes buscam dividir os feijões pela cor da vagem e também procedem ao estudo da fenomenologia, isto é, analisam o tempo que cada planta demora para crescer e se desenvolver. Um ciclo que dura de 80 a 110 dias.

Para a acadêmica de Agronomia, Silvana Silva do Nascimento, os estudos desenvolvidos em torno do feijão “auxiliam no aprendizado sobre a cultura da planta e permite que os estudos possam ajudar os agricultores no combate a pragas e doenças que afetam o feijão”, frisa.

Um outro estudo é desenvolvido no âmbito do mestrado em Produção Vegetal e tem a finalidade de desenvolver linhagens melhoradas por meio do processo de autofecundação. A autofecundação ocorre quando o pólen (gameta masculino) fertiliza um óvulo (gameta feminino) da mesma planta. Borges explica que as linhagens melhoradas são obtidas por cruzamentos definidos, resultando em plantas eretas e semi-eretas, o que facilita o processo de colheita mecanizada ou o processo de colheita manual feito pelos agricultores. As linhagens melhoradas visam a garantir também um feijão mais resistente às pragas, às doenças e às intempéries climáticas, como secas excessivas.

As amostras coletadas estão sendo multiplicadas e caracterizadas e serão enviadas para conservação nos Bancos Ativos de Germoplasma (BAGs) da Embrapa (BAG de feijão caupi na Embrapa Meio Norte (Teresina, PI) e BAG de feijão na Embrapa Arroz e feijão (Santo Antônio de Goiás, GO). Futuramente, as variedades serão também enviadas para o Banco Genético da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília, Distrito Federal, que funciona como uma espécie de backup de todas as coleções mantidas pela Empresa. Nesse banco, as sementes são conservadas a 20ºC abaixo de zero e podem se manter viáveis por mais de 100 anos.

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Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o País produziu 3.690.340 toneladas de feijão em 2014. A área plantada foi estimada em 3.308.056 de hectares, 8,8% maior que a de 2013. O estado do Acre apresenta uma área plantada de 83.785 hectares, com uma produção de 137.845 toneladas de grãos de feijão, o que representa uma participação de 0,1% da produção nacional.

A pesquisa conta com o apoio do Instituto Federal do Acre (Ifac); do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa); da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária do Acre (Embrapa-AC) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

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Postado em: 30/6/2015.