Pesquisadores e acadêmicos da Ufac realizam produção artificial de larvas de peixe
Um teste experimental para a reprodução artificial de larvas de peixes do tipo piau foi realizado pela primeira vez por pesquisadores e acadêmicos da Universidade Federal do Acre (Ufac), alcançando a produção de, aproximadamente, 100 mil larvas.
O piau (“Leporinus piau”) foi o peixe escolhido para a experiência por ser uma das espécies tropicais da região amazônica que está em período reprodutivo. O teste foi realizado com um lote de matrizes que receberam indução hormonal (técnica convencional para peixes confinados em tanques) e tem o objetivo de avaliar a qualidade da água do açude no interior do campus, para implantação de projetos posteriores.
De acordo com o biólogo e especialista em reprodução de peixes, Ricardo Souza, o teste tornou possível observar, além do controle de temperatura da água, outras características prejudiciais para a reprodução das larvas, como o excesso de matéria orgânica.
A água é fundamental nesse processo, segundo Ricardo Amaral, professor e pesquisador da Ufac que coordena o projeto de pesquisa. “Um dos fatores mais limitantes no sucesso da reprodução é a qualidade da água”, declarou.
Como atividade de extensão, o projeto conta com a participação de 12 bolsistas. Leandro Santos é acadêmico do 6º período de Engenharia e conta que o auxílio da prática na formação torna mais dinâmico o aprendizado. “Na sala de aula, ficamos isolados. Aqui, é a teoria na prática, não tem como esquecer”, comentou ele.
Filho de agricultor, o estudante de Agronomia Darison Silva disse que iniciou o curso com o objetivo de aperfeiçoar seus conhecimentos e que a participação no projeto de piscicultura veio como uma oportunidade de ampliar seus conhecimentos. “Tem sido importante para adquirir prática para o mercado de trabalho”, lembrou.
Economicamente, a piscicultura tem crescido como uma alternativa viável de produção no Estado do Acre. Douglas Maciel, também estudante de Agronomia, ressaltou a importância da mão de obra qualificada que sai da universidade, sendo uma oportunidade de realizar um estudo mais aprofundado na área da piscicultura: “Uma formação qualificada contribuirá para o crescimento e desenvolvimento do Estado”.
O projeto de piscicultura, fomentado pelo professor Ricardo Araújo, tem a participação de estagiários de diversos cursos da Ufac, como Biologia, Engenharia Florestal, Agronomia e Veterinária. “Esse é um trabalho de formação de alunos”, afirmou Amaral.
Por etapas
A partir de um lote de matrizes com idade reprodutiva, os pesquisadores induzem os peixes ao hormônio hipófise natural, extraído de carpas ou outras espécies de peixe, sendo responsável por estimular a processo de desova. Daí, os ovos são coletados e levados a uma incubadora, onde, por um período de quatro dias, são realizadas manutenções para sobrevivência das larvas (larvicultura), que é o controle de temperatura e salinidade da água e outros cuidados.
O processo dura cerca de quatro dias, até que os ovos virem larvas, sejam soltas nos tanques de alevinos e, após um período de 30 a 45 dias, são levadas aos açudes de engorda.
Postado em: 19/2/2014