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Professor da Ufac elabora tese de doutorado sobre preparo físico de futebolistas

por Ascom02 publicado 28/01/2014 09h13, última modificação 28/01/2014 09h13

Professor do curso de Educação Física da Universidade Federal do Acre (Ufac) desde 2004, o profissional Jader Andrade Bezerra atualmente concentra seu esforço em desenvolver a pesquisa de campo do doutoramento em Ciências do Desporto, que cursa na Europa (Universidade do Porto, Portugal), sob a orientação do doutor José Augusto Rodrigues.

O trabalho final de Jader Andrade, ainda sem data para ser apresentado, vai tentar responder duas questões: o grau de desgaste muscular que o jogo de futebol proporciona aos atletas; e o que deve ser feito para potencializar a recuperação dos jogadores, levando em conta, principalmente, o curto espaço de tempo entre uma partida e outra.

Nesse sentido, Jader Andrade passou a acumular uma dupla função no futebol acriano desde 2010, quando ingressou nas fileiras do Andirá Esporte Clube: pesquisador e preparador físico. No Andirá, Jader ficou em 2010, 2011 e 2013. Em 2012 ele trabalhou no Atlético Acreano. E agora, desde os primeiros dias de 2014, trabalha no Rio Branco Futebol Clube.

A base da pesquisa são os marcadores fisiológicos, que o linguajar técnico identifica como biomarcadores. Na explicação de Jader, “são eles que revelam o quanto o exercício, no caso o jogo de futebol, provocou de desgaste no sujeito. Dependendo dos níveis desses marcadores, pode-se identificar esse desgaste e montar estratégias de recuperação dos atletas”.

Maioria não se recupera em três dias

A grande quantidade de partidas de boa parte dos clubes brasileiros, cujo calendário os obriga a jogar aos domingos e às quartas-feiras, é um inimigo potencial da maioria dos futebolistas. No dizer de Jader Andrade, apenas uma parcela muito pequena de atletas de futebol é capaz de se sobrepor fisicamente às agruras impostas pela sequência de partidas.

“Embora exista uma disparidade muito grande entre um sujeito e outro, a maioria dos atletas pesquisados não consegue se recuperar do desgaste do jogo no intervalo de três dias. Dessa forma, é natural que muitos jogadores não consigam manter um bom nível de desempenho ao longo do ano, variando bastante entre um jogo e outro, o que justifica o alto índice de lesões musculares no futebol”, explicou o pesquisador.

“Os atletas, principalmente os com mais de 30 anos”, continuou Jader, “precisam de três dias em repouso para se recuperar do desgaste de um jogo. Mas isso não tem como ocorrer no futebol. Menos de 48 horas depois o atleta precisa estar em campo treinando novamente, inclusive porque se não o fizer vai perder condicionamento físico. A saída, então, é potencializar a recuperação”.

No que diz respeito a esse aspecto de potencializar a recuperação dos atletas, Jader fala em três estratégias: a suplementação alimentar, que não deve ficar restrita somente à questão da dieta; a crioterapia, que determina a imersão dos atletas em água fria logo após e em até 24 horas depois do jogo; e a recuperação ativa, composta de exercícios de baixa intensidade.

“A suplementação alimentar, composta por minerais, vitaminas e proteínas, precisa ser administrada no atleta para acelerar o processo de recuperação muscular e suprir as suas necessidades orgânicas. Não tem nada a ver com torná-lo mais forte, mais rápido ou mais resistente. Essas coisas se conseguem com o treinamento”, garantiu o preparador.

O momento no Rio Branco

Sobre a importância de trabalhar em um clube como o Rio Branco, de mais estrutura do que os anteriores por onde passou nessa sua recente trajetória dentro do futebol, Jader Andrade afirmou que no Estrelão ele espera ter plenas condições de botar em prática toda a teoria sobre o qual se debruçou nos anos em que cursou as disciplinas do seu doutorado.

“Agora fazendo parte da comissão técnica do Rio Branco, notoriamente com melhores condições de trabalho, dada a estrutura que o clube oferece aos seus profissionais, eu penso que a minha pesquisa vai dar um salto qualitativo, o que me proporcionará uma aferição mais tranquila dos dados coletados”, garantiu o futuro doutor Jader Andrade.

Quanto aos primeiros dias de trabalho no Estrelão, o preparador explicou que recebeu atletas em níveis diferentes de condicionamento: os garotos que jogaram a Copa São Paulo, que se apresentaram em boas condições físicas, precisando de uma atenção maior nos exercícios de força muscular; e os atletas que estavam inativos, para quem o foco, além do aprimoramento da força muscular, será o de melhorar a resistência física.

Disparidades à parte, Jader finalizou afirmando que o período de preparação ideal para o grupo de jogadores do Rio Branco ficar em plena forma física é de 60 dias. “Em 30 dias”, disse ele, “dá pra dizer que o grupo estará bem preparado fisicamente do ponto de vista do condicionamento anaeróbico [força e velocidade]. Quanto ao condicionamento aeróbico [resistência], a plenitude física só virá com 60 dias de treinos”.

Postado em: 28/1/2014