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Vida de sambista acriano vira tema de mestrado

por Ascom02 publicado 06/02/2014 15h32, última modificação 06/02/2014 15h32

O sambista e compositor acriano Jofre Barbosa da Costa, o conhecido JB Costa, falecido em agosto de 2005, virou tema de uma dissertação do mestrado em Letras: Linguagem e Identidade, curso oferecido pela Universidade Federal do Acre (Ufac). O trabalho foi escrito e apresentado em outubro de 2012, pelo professor Écio Rogério da Cunha, sob a orientação do doutor Gerson Rodrigues de Albuquerque.

Ao longo de 117 páginas, Écio Cunha estruturou sua dissertação a partir de quatro eixos temáticos, com os seguintes títulos: “JB Costa — Sujeito da história”; “A mulher e a temática do amor na música de JB Costa”; “Entre a forma e a harmonia — Uma análise a partir da etnomúsica nas composições dacostianas”; “O papel do rádio na invenção de JB Costa e a inserção de sua música na paisagem sonora de Rio Branco”.

Foram dois anos estudando a vida do sambista falecido, o que resultou em várias conclusões para o então mestrando Écio Rodrigues. Uma dessas conclusões, a de que o mito JB Costa foi produzido pelos jornais diários editados em Rio Branco e pelas ondas das rádios Difusora Acreana e Novo Andirá, nas décadas de 1970, 1980 e 1990, bem como pelo público de diferentes substratos sociais, tanto das zonas rural quanto urbana.

“Depois de muitas observações, compreendi que JB Costa não aconteceria em outro espaço, pois todas as influências e mediadores que ‘produziram’ o compositor e intérprete somente foram possíveis dadas as condições sociais, políticas e econômicas em que ele vivia, além, é claro, das escolhas e dos caminhos seguidos pelo artista”, explicou o agora mestre e professor universitário Écio Rogério da Cunha.

“Se fossem outras as condições”, continuou Écio, “o resultado sonoro musical seria outro. Sua origemÉcio Rogério da Cunhafamiliar no Maranhão e Pará, sua infância e adolescência e maturidade entre o seringal e as cidades de Rio Branco, Manaus e Rio de Janeiro influenciaram o seu fazer musical e o gosto pelo tipo de samba, gravados e reelaborados no dia a dia de sua vida de operário, com a sua colher de pedreiro”.

O texto completo da dissertação de Écio Cunha, intitulada “Etnomusicologia de JB Costa: um sambista negro na Amazônia acreana”, está à disposição dos interessados na Biblioteca Central da Ufac.

Quem foi JB Costa

Jofre Barbosa da Costa (JB Costa) nasceu em 19 de setembro de 1930, em Rio Branco, nas margens do Igarapé Fundo, atualmente Bairro Vila Ivonete. Seu pai, o maranhense João Barbosa da Costa era marceneiro e músico, e sua mãe, a paraense Lídia Barbosa da Costa, era lavadeira e tacacazeira. Da união de João e Lídia nasceram, além de Jofre, outros sete filhos: Pedro Sepetiba, Fernando, Herculano, Alberto, Írio, Elisa e Iva.

Viveu sua infância e adolescência no seringal Panorama, colocação Porto da Cobra, trabalhando durante muito tempo como seringueiro e agricultor. Mais tarde, morando em Rio Branco, trabalhou como catraieiro e pedreiro. Além disso, na segunda metade da década de 1940, atuou como goleiro de um time chamado Águia Negra, origem do Fortaleza, clube famoso na época do futebol amador acriano.

Casado com Lindalva Rodrigues da Costa, com quem teve quatro filhos (João Luiz, Jesse Lauro, Ana Lídia e José Lauro), JB Costa se transformaria num trabalhador vigoroso num elenco dos muitos anônimos que atuaram na construção das obras em alvenaria que seriam responsáveis, na administração do governador Guiomard Santos (1946-1950), por significativas mudanças na arquitetura de Rio Branco.

A carreira musical foi iniciada aos 14 anos, junto aos irmãos Pedro e Fernando, ganhando impulso nos primeiros anos da década de 1960, quando JB Costa passou um período no Rio de Janeiro, onde se apresentou ao lado de gente famosa, como Beth Carvalho, Nelson Sargento, João do Vale, Clementina de Jesus e Moreira da Silva. Voltou ao Acre em 1963, passando a divulgar sua arte nas rádios locais.

Postado em: 6/2/2014