Desenvolvimento sustentável na Amazônia

Djenane Costa Araújo

As inúmeras tentativas de introduzir nas áreas ambientais da Amazônia as mesmas características de exploração e manuseio de solos executados no resto do país têm resultado em seguidos fracassos.

A exploração desenfreada, a constante utilização dos recursos naturais e a falta de uma organização voltada à ocupação das terras de maneira ordenada e racional são as principais causas dessa situação.

Na Amazônia, a diversidade do seu meio natural, camuflada pela formosa cobertura vegetal, constitui um sistema complicado, diversificado e ao mesmo tempo bastante frágil.

O desenvolvimento sustentável da Amazônia, para ser mais promissor, depende mais de uma visão própria dos problemas ambientais da região do que de modelos extraídos das demais regiões brasileiras ou até mesmo do exterior, devendo preocupar-se fundamentalmente em entender os sistemas de vida das populações que já habitam a área e buscando, assim, uma conciliação entre a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento sócio-econômico.

A estratégia do desenvolvimento sustentável da Amazônia preocupa-se basicamente com o crescimento econômico, com a melhoria das necessidades básicas das populações da região, reconhecendo ser necessária a presença de mecanismos para transformar esse crescimento econômico em grande benefício.

Uma área que merece destaque dentro desse contexto é a agricultura, demonstrando mais interesse nos agricultoras familiares, pois esses buscam terras suficientes para uma “agricultura sustentável” e programas de desenvolvimento rural, permitindo a transformação de um sistema que atualmente degrada o meio ambiente para um sistema que busca a sustentabilidade.

Para garantir alimentação de subsistência desses agricultores, uma das alternativas, em termo de políticas ambientais e também de segurança alimentar, seria desenvolver os recursos pesqueiros, fonte de proteínas para inúmeras famílias que vivem às margens dos rios da Amazônia, bem como criar projetos que visem solucionar ou pelo menos diminuir essa situação, promovendo desse modo um crescimento bastante favorável na economia, além de uma melhor distribuição de renda.

As políticas ambientais devem retomar a idéia de que os interesses devem ser compartilhados sobre o problema da preservação do ambiente amazônico, visando um desenvolvimento maior do que o das fronteiras da Amazônia. É importante entender que os nossos recursos ambientais não produzem bens de serviços diretamente de uso da população, mas também benefícios ambientais de uma importância incalculável para a humanidade.

Outro setor a ser destacado pelo desenvolvimento sustentável é o agropecuário, que procura se preocupar, fundamentalmente, além da produção de alimentos, com a racionalidade com que irá executar o trabalho, fazendo, assim, as necessidades da sociedade presente, mas sem agredir os recursos naturais, evitando a poluição dos recursos hídricos, zelando pela biodiversidade, resguardando-os para as novas gerações.

Podemos dizer, então, que os sistemas agroflorestais apresentam-se como formas economicamente viáveis para o desenvolvimento da Amazônia, possuindo um grande poder para a diminuição do ritmo acelerado da expansão da agricultura migratória, de devastação do meio ambiente e da diversificação das fontes e o aumento da renda dos agricultores.

Os sistemas agroflorestais abrangem numa mesma região culturas agrícolas, florestais e até mesmo a criação de animais, em que a renovação dos nutrientes tem proporcionado a manutenção da fertilidade do solo, permitindo o seu uso por um período mais prolongado, demonstrando dessa maneira que possuem um grande e viável potencial para a região.

O uso das áreas devastadas é uma questão muito importante a ser analisada dentro desse contexto, como também as extensas áreas de pastos abandonadas, uma vez que poderiam ser recuperadas e utilizadas de maneira racional por grande parte dos agricultores, por meio do sistema agroflorestal.

O Estado do Pará é um grande exemplo desse sistema, pois tem mostrado constantemente a diversificação do seu modo de produção através da utilização de culturas perenes, atingindo um excelente resultado tanto na renda quanto na produtividade.

E é nesse caminho que deve seguir o setor agropecuário, procurando soluções viáveis, elaborando e utilizando propostas econômicas e ecologicamente racionalizadas para o almejado desenvolvimento da Amazônia, como é o caso dos sistemas agroflorestais, demonstrando uma destacada importância no modelo de desenvolvimento sustentável da região.

O grande êxito de estratégias voltadas ao desenvolvimento sustentável da Amazônia depende, em maior parte, da capacidade de viabilizar esses benefícios ambientais, que são negados constantemente pela visão puramente externa do meio ambiente amazônico, por meio da capacidade que tem a população regional, visto que ela pode ser considerada como uma verdadeira guardiã dessa nossa riqueza natural.

Estudante do 5º período do curso de Economia da Universidade Federal do Acre