Você está aqui: Página Inicial > Notícias da UFAC > Ufac na Imprensa > Edições 2002 > Fevereiro > Não é justo!
conteúdo

Não é justo!

por petrolitano publicado 25/01/2012 10h33, última modificação 25/01/2012 10h33

José Mastrangelo

 

Reclama a deputada estadual Naluh Gouveia, PT, que o conselheiro e presidente do Tribunal de Contas do Estado do Acre, Hélio Freitas e família (esposa e filha) tomem mensalmente umas “61”.

Não é justo! Reclama o conselheiro e presidente do Tribunal de Contas do Estado, Hélio Freitas, que a deputada estadual Naluh Gouveia, PT, tome mensalmente umas “41”.

Não é justo! Reclamam os minimistas (trabalhadores de salário mínimo) que o conselheiro e presidente do Tribunal de Contas do Estado e família possam tomar mensalmente umas “61”, quando eles poderiam tomá-las após 30 anos de trabalho.

Não é justo! Reclamam ainda os minimistas que a deputada estadual Naluh Gouveia tome mensalmente umas “41”, quando eles poderiam tomá-las após 20 anos de trabalho.

Não é justo! Reclamam os minimistas que o conselheiro e presidente do Tribunal de Contas do Estado e família e a deputada estadual Naluh Gouveia, PT, possam tomar mensalmente umas “61” e umas “41”, quando eles poderiam tomá-las após 50 anos de trabalho.

Não é justo! Reclama a população acreana que o governador, depois de quatro anos de trabalho, ganhe uma “pensão vitalícia”.

Não é justo! Então, o que fazer, quando isso é legal, como alegam os que desta situação são defensores convictos? A palavra está com os nobres deputados, que fazem as leis e, também, têm o poder de modificá-las, se acharem por bem revogá-las em nome do interesse comum da maioria da população.

E diga que isso não é. Se não o fosse, não haveria reclamação geral. Portanto, os deputados precisam ouvir a voz que vem do povo e modificar as leis, nem que, por isso alguns poucos privilegiados venham a ser “penalizados”.

A sociedade acreana não aguenta mais ver poucos serem beneficiados, enquanto a maioria sofre “miséria” por não ter o que comer e remédio para comprar e outras coisas mais.

Não é justo! Apesar de reconhecer que a sociedade, do modo como está organizada, faz que seja desse jeito, isto é, desigual e injusta.

Modificar as leis para a sociedade ser mais justa é o que os parlamentares devem fazer, por ser esta a sua obrigação constitucional. Se os parlamentares não atenderem esse preceito constitucional, então não é justo mantê-los no parlamento.

Trocá-los é preciso! Por que? Segundo Bertold Brecht “O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o que é custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia política. Não sabe o imbecil que de sua ignorância política nasce a prostituição, o menor abandonado, o assaltante e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais”.

A sociedade acreana tem a oportunidade de fazer a troca daqueles deputados que, na Assembléia Legislativa, se comportam como “analfabetos políticos”. A data está marcada. Será dia 6 de outubro deste ano.

Nessa data é a vez do povo trocar esses deputados que mensalmente tomam umas “?”, ficando surdos e mudos o tempo todo, levantando a mão apenas para dizer “amém” para quem lhe oferecer mais ou estão aí, porque não têm outro meio de sobrevivência ou, quando o têm, usam o tráfico de influência que o cargo lhe permite para acumular riqueza para si e seus parentes.

Ao fazer essa troca, a população acreana pode esperar novos tempos para a Assembléia Legislativa do Estado, que não são estes os “Novos tempos”, que os nobres deputados andaram anunciando através de outdoors.

Não é bem assim, senão não haveria reclamação mesmo no “alto clero” do poder local. Não é justo! Atribuir méritos a quem não os merece. 

Não é justo!

Professor de Sociologia da Ufac