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Paulina: a santa madre

por petrolitano publicado 30/01/2012 09h31, última modificação 30/01/2012 09h31
Jornal Página 20, 07.03.2002

Raimundo Ferreira de Souza


Depois de 37 anos de tramitação, compondo-se de uma peça com 6.500 páginas, acumulando já um custo de aproximadamente cem dólares, passando pela avaliação de teólogos, cardeais, historiadores, médicos (católicos e não católicos), comprovados e reconhecidos os milagres, entre outras formalidades, finalmente foi apreciado no último dia 25 de fevereiro, na reunião do Consistório, com a presença do pontífice e de cardeais do mundo inteiro, o processo de canonização da primeira santa brasileira, Madre Paulina do Coração Agonizante de Jesus, que acontecerá em 19 de maio deste ano.

Madre Paulina nasceu em 1866, em Trento, norte da Itália, e foi batizada como Amábile Visintainer. Por conta da crise econômica, sua família (pais Napoleão e Anna e outros três irmãos) migrou para o Brasil em 1875, instalando-se, juntamente com outro grupo de imigrantes no Vale do Rio Tijucas, Santa Catarina, ao qual deram o nome de Nova Trento, em homenagem às origens britânicas.

Ainda muito jovem, iniciou sua obra de caridade junto aos doentes e pobres da região. Aos 20 anos, juntamente com as amigas e irmãs de religião Virgínia Nicolodi e Tereza Maule, criou a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição. Já com o nome de Paulina, começou a fundar escolas, hospitais e asilos em Santa Catarina. Atualmente a congregação atual existe em onze países e no Brasil está presente em quatorze Estados.

Em 1903, mudou-se para São Paulo. Seis anos depois foi para Bragança Paulista, onde viveu até 1918, quando retornou à Casa Geral, na capital do Estado. Em 1938, por causa do diabetes, teve o braço direito amputado. Já cega e paralítica, morreu em 9 de julho de 1942. Alguns dias depois de sua morte começaram a surgir as notícias sobre seus milagres.

O processo de canonização exige dois milagres comprovados e reconhecidos pela Igreja Católica. Nesse de Madre Paulina, o primeiro aconteceu em 1991, em Santa Catarina: a senhora Eluíza Rosa de Souza foi desenganada pelos médicos ao sofrer um choque irreversível pela perda de um bebê no sétimo mês de gravidez. A moça, porém, sobreviveu ao rezar para a madre. O Vaticano a beatificou por esse milagre.

O segundo milagre, e que deu início à canonização, ocorreu aqui em Rio Branco, Estado do Acre, e foi comprovado no ano 2000 por uma junta médica. A garota Iza Bruna Vieira de Souza nasceu com um tumor no cérebro. A mãe, Mabel Vieira de Souza, orou muito para Madre Paulina e a menina, hoje com 10 anos, repentinamente se recuperou. A congregação de Madre Paulina sugere, inclusive, que a santa seja protetora das pessoas com câncer.

Mesmo para quem se considera cético, materialista e busca entender os fatos à luz da razão e da ciência, alguns acontecimentos misteriosos, especialmente na área de curas, levam-nos a buscar explicações em algo desconhecido, talvez uma força oculta, quem sabe a ação de milagre operado através da fé religiosa. De outra forma, muitos fenômenos comprovados, obrigatoriamente, seriam classificados como inexplicáveis ou vazios.

A fé pode até não remover montanha fisicamente, mas leva seus fiéis a entender que a ação foi realizada. Muitas vezes de forma abstrata, outras de forma real e concreta. Pessoas que se livram de males da mente e infecções do corpo impossíveis de ser combatidas pela ciência são testemunhas. Quando isso se verifica, conforme já aconteceu em várias ocasiões pelo mundo, ocorreu o milagre emanado da ação da força divina.