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Professores leigos são qualificados pela Ufac

por petrolitano publicado 30/01/2012 10h03, última modificação 30/01/2012 10h03
Jornal Página 20, 27.03.2002

Senildo Melo

Governo investe R$ 8 milhões em programa de interiorização

Trabalhando em parceria com o governo do Estado, a Universidade Federal do Acre (Ufac) está qualificando os professores leigos das redes municipal e estadual, por meio do Programa Especial de Formação de Professores para a Educação Básica (Pró-Saber).

Segundo dados da Secretaria de Educação, cerca de R$ 8 milhões foram investidos para que os profissionais recebam a devida qualificação e se adeqüem às exigências da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Estão sendo oferecidos cursos modulados com duração de três anos, voltados para o ensino médio e fundamental.

O coordenador-geral de Interiorização da Ufac, professor-doutor Vicente Cerqueira, disse que esse trabalho, apesar de estar sendo desenvolvido há pouco mais de um ano, tem conseguido atingir resultados surpreendentes, em nível estadual. “São cursos na área de educação básica em licenciatura, com disciplinas pedagógicas específicas, sendo necessário um mês para conclusão de cada módulo”, explica. “O fato de a universidade se fazer representada, por meio de suas sedes, em praticamente todo interior do Estado contribuiu muito para a concretização dessa iniciativa pioneira.”

Corpo docente se desdobra para atender a demanda

Os docentes que participam do programa são do quadro efetivo da Ufac, professores aposentados e selecionados por meio de concursos, orientados pelos coordenadores pedagógicos específicos de cada curso.

Para não comprometer o andamento das aulas no campus universitário, em Rio Branco, os professores trabalham no intervalo entre os semestres letivos. “O importante é que esse programa não interfira no ano letivo da instituição sede, ou seja, a Ufac”, enfatiza Cerqueira.

No entanto, o coordenador-geral observou um problema que diz respeito a toda a instituição: a dificuldade de contratar professores para as disciplinas específicas. Especialmente porque o educador, quase sempre estabelecido em Rio Branco, ficando impossibilitado de se deslocar ao interior.

“Esse contingente reduzido de pessoal dificulta o trabalho. Mas isso se origina a partir de vários fatores, que vão desde a falta de qualificação necessária para o candidato que pleiteia uma vaga no quadro da Ufac até os salários insuficientes que são pagos aos profissionais.”

Índice de analfabetismo sofre redução, diz Vicente Cerqueira

Mesmo com pouco tempo de trabalho realizado nos municípios do Estado, levantamento que está sendo preparado pela coordenação do programa, numa parceria entre a Secretaria de Educação e a Ufac, mostra que o Acre registrou uma redução considerável no combate ao analfabetismo. Pelo menos é o que confirma Vicente Cerqueira.

Segundo ele, a capacitação dos profissionais em suas áreas permite que qualquer pessoa, devidamente registrada, tenha condições de ministrar aulas. “Não temos um número exato acerca dessa estatística”, revelou Cerqueira. “No entanto, se formos analisar a quantidade de pessoas que estão sendo alcançadas com esse convênio perceberemos que são mais de dois mil novos professores em potencial. Por isso, já estamos em fase de reformulação dos custos do programa para que possamos garantir novos recursos que atendam a demanda.”

Capacitação garante profissionais no mercado

Preocupado em reciclar e capacitar os professores do Estado, que não possuem curso superior, o governo do Acre resolveu investir pesado na qualificação dos profissionais. Dessa forma, o que poderia representar uma demissão em série dos servidores, por incapacidade profissional, acabou se transformando numa grande oportunidade de garantir o emprego de milhares de professores por meio dos programas de educação desenvolvidos em parceria com a Universidade Federal do Acre (Ufac).

“Durante muito tempo fiquei preocupada”, conta a professora Odília de Souza Neves. “Estivemos ameaçados de demissão, por falta de uma qualificação adequada. Mas graças ao bom trabalho do governador Jorge Viana, que criou esse programa de interiorização, em parceria com a universidade, sinto-me qualificada e capacitada para ministrar aula aos estudantes.”

Como funciona o programa

O Programa Especial de Formação de Professores para a Educação Básica (Pró-Saber) está sendo desenvolvido pela Secretaria de Educação (SEE) em parceria com a Universidade Federal do Acre e oferece curso superior aos professores que não possuem formação, exigida pela nova Lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB).

Os cursos oferecidos são os de maior carência do município, principalmente no interior, onde nem sempre há um núcleo da universidade, e quando existe, oferece apenas um ou dois cursos. Há dois tipos de cursos: um para a formação nas áreas específicas e outro na área de Pedagogia.

A formação nas áreas específicas é dirigida a professores que atuam de 5ª a 8 ª série e no ensino médio. São cursos de Licenciatura Plena nas áreas de Matemática, Letras, Geografia, História, Biologia e Educação Física. Os cursos formarão educadores de 16 municípios e estão sendo realizados em nove pólos, num total de 37 turmas de 50 alunos cada. Com exceção de Rio Branco, todos os demais municípios oferecerão vagas para a comunidade.

Os cursos tiveram início em fevereiro de 2001 e estão sendo realizados em regime modular (uma disciplina por mês), com duração de três anos, contemplando 1.854 alunos (704 são professores da rede estadual de ensino, 114 da municipal e 1.036 da comunidade).

O curso de Pedagogia é voltado para formar professores da educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental. Tem duração de quatro anos, também em sistema modular, e atenderá educadores de 16 municípios. Eles funcionam nos pólos de Rio Branco, Brasiléia, Sena Madureira, Senador Guiomard, Feijó, Tarauacá, Xapuri e Cruzeiro do Sul.