Você está aqui: Página Inicial > Notícias da UFAC > Ufac na Imprensa > Edições 2002 > Março > Quinta versão. Faceta do Brasil político
conteúdo

Quinta versão. Faceta do Brasil político

por petrolitano publicado 30/01/2012 09h43, última modificação 30/01/2012 09h43
Jornal A Gazeta, 21.03.2002

Airton Maia

Essa “confissão” feita pelo marido da pré-candidata do PFL, de que o dinheiro encontrado na Lunus (empresa do casal) seria da arrecadação antecipada de doações para a campanha presidencial da esposa, merece uma atenção especial, porque deixa muitas facetas do Brasil político expostas. 

Por sinal, pode até se tornar um relevante serviço prestado à Nação. Afinal trata-se de uma revelação feita por quem convive no mundo dos políticos, e, aparentemente, com livre trânsito nos altos escalões das esferas dos Executivos e Legislativos (por enquanto) do eixo Maranhão-Brasília, com escalas nos Estados do Piauí e do Tocantins, também por enquanto.

Porém, antes de tratar do assunto, se faz justo reconhecer e até elogiar o trabalho dos agentes e dos órgãos públicos federais do Estado do Tocantins (Justiça, Ministério Público e Polícia), que atuaram nesse e noutros casos sob suspeita de desvio de verbas da extinta Sudam.

E vale ressaltar, que apesar do objetivo da missão visar a apreensão de documentos, como tem sido noticiado, seus executores deram demonstração de profissionalismo e de respeito para com a sociedade, pelo fato de também apreenderem e divulgarem o montante de dinheiro encontrado. 

A respeito das alegações de “vazamento de informações”, se nessa operação a lei exigia sigilo e foi desobedecida, ficam passivos até de punição. Porém, em hipótese alguma, tal vazamento pode prejudicar ou comprometer o trabalho realizado, pois as provas foram obtidas por meio lícito. 

Sim, talvez até tenham falado mais do que deviam, mas, mesmo assim, não deixou de ser uma forma de prestar satisfações à sociedade, ao povo, ao patrão, ao dono do poder.

Quanto a quinta versão (pelas contas da Globo) para os 1,34 milhão de reais encontrados na Lunus, uma das tantas empresas sob investigação por desvios de verbas da extinta Sudam, se veio para “ajeitar”, fez foi complicar a situação. O bom é que expõe e escancara facetas do Brasil político: O marido, após onze dias, faz um “mea culpa” que até pode isentar civilmente a esposa, só que no eleitoral pode torná-la inelegível. A dúvida é, fez consciente ou já “planejou” outra versão? 

Antes disso o PFL, o partido mais “apoiador” de poder que existe, entregou até ministérios em “apoio” à sua pré-candidata. Depois da quinta versão, e da queda nas pesquisas eleitorais, só não demonstram total arrependimento porque já arranjaram no que se “apoiar”, a votação da CPMF.

Também acusam de “manobra do sistema” para inviabilizar a candidatura da pefelista, o que seria outro caso, que também deve ser investigado. Só não encubram as investigações desse caso. 

Primeiro porque a “fraude Sudam”, não é simplesmente um desvio de verbas públicas, pois os incentivos fiscais possuem finalidade social, e se tivessem sido aplicados, sem dúvida tirariam alguém que hoje pode estar num bolsão de miséria, nas localidades que se destinavam os recursos.

Noutras palavras, se utilizam do povo para obter recursos, e não retribuem os benefícios em prol daqueles que justificam os incentivos. No popular, enricam as custas da desgraça dos outros. 

E não é só isso, ainda faltam esclarecer muitas coisas dessa quinta versão. Por exemplo: Como fez para pedir e conseguir mais de 1,3 milhões de reais antecipados para o “caixa de campanha”? Ou melhor, qual faceta do Brasil político usou, a do prestígio ou da influência por ser:

1 – marido da pré-candidata do PFL à Presidência, ou da governadora do Maranhão;

2 – Secretário Estadual de “Planejamento” do atual governo do Maranhão;

3 – cunhado do ministro do Meio Ambiente, ou do ex-futuro deputado federal.

4 – genro do ex-presidente, ou do atual senador da República.

E quem “doou o dinheiro”, vai aparecer? Irá confirmar essa quinta versão?

Se a quinta versão de fato for a oficial, então as outras quatro foram mentira. E sendo mentira, os mentirosos serão punidos, ou será que no Brasil só quem não pode mentir é senador? A lei tem dois pesos e duas medidas, ou, fora o Arruda, Barbalho e ACM, qualquer criatura pode fazer o povo de besta, o país de otário e todo mundo de idiota?

Falar nisso, sobre “fraude Sudam”, cabe plagiar o MD procurador federal que ajudou a “pegar senador na mentira”, ou seja, “aquilo que envolve dinheiro público, coisa pública, órgão público, agente público, bem público; é público. Não existe segredo, é de interesse público”.

Sim, ainda não apareceram as versões dos “artifícios legais”, e se porventura acharem “brecha na lei” para beneficiar infrator. Aí deixa de ser faceta do Brasil Político, vira .... Bem! Você decide.