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“Balas” são disparadas contra “A GAZETA”

por petrolitano publicado 31/10/2011 15h22, última modificação 31/10/2011 15h22
Jornal A Gazeta, 28/04/2001

* José Mastrangelo


Por obra do “Espírito Santo” A GAZETA, jornal que todas as manhãs circula no Estado do Acre, conseguiu sobreviver às “balas”, que foram disparadas com a intenção premeditada de atingi-la para destruí-la.

Com certeza, essas “balas”, que não são recheadas a chocolate, foram fabricadas aqui mesmo, Made in Acre. O local de sua fabricação e os atiradores de elite já foram identificados pelos órgãos de segurança. Por razões óbvias, contudo, as identidades dos atiradores são mantidas sob sigilo.

Entretanto, todo mundo, neste Estado “pobre mas enjoado”como costuma afirmar o editor das Gazetinhas, sabe de onde foram desferidos esses projéteis mortíferos, bem como as razões que levaram os estrategistas da “guerra santa” a dispará-los.

O Estado do Acre está passando por um dos momentos mais tristes de sua história. Os ocupantes de plantão do Palácio Rio Branco - emenda: “Casa Rosada” - estão treinando estratégias e táticas para ganhar o jogo eleitoral marcado para acontecer em outubro do próximo ano. Prevêem os seus estrategistas que esse jogo não será tão fácil, como foi o do ano de 1998. Então, desde já procuram vencer as eliminatórias, desclassificando os mais fortes concorrentes.

“A GAZETA” foi eleita como liderança a ser eliminada no tapetão, por estar simpatizando ou fazendo o jogo dos adversários aos desígnios da “Casa Rosada”. Definitivamente, é inimiga e, portanto, é preciso dela ganhar bem antes que o jogo eleitoral dê o pontapé inicial, a qualquer custo, nem que, para isso se recorra a usar meios extremos, como querer desmoralizar as pessoas que estão por trás de um ser humano.

Essa opinião é consensuada mesmo pela “Casa Rosada”. As pesquisas de opinião pública aferem a liderança de “A GAZETA”, que periodicamente bate todos os recordes. Para quem pretende ganhar o jogo eleitoral do próximo ano, isso, com certeza, não é um dado legal. Daí porque “balas” rasgando o céu de Rio Branco em direção às instalações do jornal “A GAZETA”.

Não estou aqui “puxando o saco” de Silvio Martinello, diretor desse jornal e, evidentemente, o mais atingido por essas “balas” voadoras. Não. Por uma questão de “florestania”, hei de ser um dos adjuntos da solidariedade ao companheiro, que, apesar de seus pecados - e quem não os tem, atire a primeira pedra! - desde que aqui chegou, está exercendo a plenitude de sua cidadania, sobretudo para a voz do povo ser ouvida e suas lágrimas estampadas nas páginas do jornal.
Não é qualquer um que teve a coragem de dar a voz a quantos que, durante o regime ditadorial, com medo de serem reprimidos, silenciavam as suas amarguras. 

Não é Dom Moacyr Grechi, Lhé, Elson Martins, Arquilau (hoje desembargador), Suede Chaves, Alberto Furtado, Chumbinho, eu e tantos outros, que convidamos o Silvio Martinello para vir ao Acre e, aqui, abrir “O Varadouro”para dar voz a quem não podia expressá-la pelo fato de que os órgãos oficiais da época, controlados e censurados pelos governadores da ditadura, impediam que ela fosse ao ar?

Em tempo, para os historiadores contarem a história verdadeira: muitos elementos da época da ditadura, que mandavam calar a boca sob tortura, estão vivos entre nós; alguns deles mudaram de lado; transformistas de “esquerda”, não perderam o vício; continuam mandando “balas”.

José Mastrangelo é professor de Sociologia da Ufac.