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Governar não é um negócio

por petrolitano publicado 31/10/2011 15h05, última modificação 31/10/2011 15h05

* Sávio Maia

Determinados comportamentos se apresentam em momentos específicos da história  e ganham ares de determinação a partir da inexistência do contraditório. Um deles é a compreensão de que simples adágio popular  pode ganhar força de lei, passando a ser incontestável, mesmo quando fortes evidências opostas o acompanham. Atualmente estamos vivenciando no Estado do acre a canonização de que: “a propaganda é a alma do negócio”, só que com uma agravante, nesse caso, o “negócio” é a política.

Alguns elementos ligados à velha forma de fazer política, corruptos contumazes e criminosos de toda espécie, resolveram usar  a propaganda para fazer oposição ao governo do Estado. Colocaram para funcionar enorme máquina para produzir mentiras e a criar “fatos” desabonadores da conduta dos administradores  do primeiro escalão. Adotaram a máxima de um quadro de humorismo da TV, onde um homossexual, num ato de preconceito contra sua própria condição, procura atribuir características adversas a determinada personalidade histórica e, não convencendo, resolve tudo dizendo que outro era, também homossexual e proclama:  “levei  mais um para mais um para irmandade”. Assim estão e agir as oposições em nível estadual, são corruptos, criminosos e maus políticos que querem a qualquer custo nivelar os outros à sua condição.

A fama de perseguidor que a oposição  conseguiu  pespegar no governo nas eleições municipais passada, não foi, já disse isso, fruto da propaganda, foi sim calcada em ações concretas de  assessores e mandatários da administração direta que erraram  muito na forma de gerenciar  os problemas encontrados  nas mais diversas secretarias. Alguns acharam que o fato de ganhar as eleições  por si mudaria comportamentos viciados  que se forjaram em anos  de práticas clienteliastas, ou que poderiam mudar tudo isso por decretos e prescrição  de punições. Evidentemente, não resolveram os problemas, mas municiaram os opositores.

Nem mesmo os grandes acertos, como colocar em dia os salários  dos servidores que estavam atrasados, o combate ao crime organizado, a priorizarão das empresas acreanas na execução de obras em todo o Estado,  o combate à corrupção  generalizada  que se praticava em quase todos  os setores da administração, nada disso pode reverter à  força  da propaganda das oposições, porque contra os fatos... Havia outros fatos.

Mas o pior  ainda estava por vir. Passando o rescaldo da derrota eleitoral na capital, os setores próximo ao staff administrativo entendeu que tinha feito pouca propaganda das boas ações e que deveriam contra atacar. Nem se deram ao trabalho de analisar que o candidato a prefeito pela Frente Popular, ganhou disparado do MDA no quesito  propaganda. Sendo assim, parece que não perceberam que a lógica  do adágio que se aplica aos negócios, não se aplica à política.

Porem, a ânsia de responder a pauta estabelecida pelo MDA está levando os dirigentes do Estado (seriam seus marqueteiros?) à cometerem mais erros  gravíssimos. Os shows (banda Eva  e Mulekada) e os outdoors  espalhado pela cidade, juntamente com os carros de som e spots na televisão convidando para as inauguração recentes, são atentatórios  até mesmo para pessoas mais próximas  da FP. Será que temos medo da população não ter capacidade  de ver sem que se faça esse estardalhaço?

Qual será mesmo  a justificativa  para se destinar dinheiro público para os clubes  de futebol profissional do Acre, que são dirigidos por um elemento citado  recentemente na imprensa nacional como receptor de dinheiro  da CBF, para utilizar  em campanhas eleitorais?  Dinheiro assim de graça ? Será que  a adoção  dessas atitudes é para responder pautas impostas pelo MDA? Ou será porque fica bonito aparecer na TV sendo aplaudido pelo Toniquim, que é do MDA? Não sei, mas parece muito altruísmo.

Antigamente em nossas campanhas eleitorais nós costumávamos adotar um adágio chinês que diz: Não dê um peixe ao mendigo, mas sim um anzol e ensine-o a pescar”. Agora, nos nossos tempos de governo, nós não estamos conseguindo ensinar o povo a ver. Por isso estamos precisando intoxicá-los com  propaganda. Aliás, alguém da equipe  já se perguntou os outros significados  do termo propaganda. Significados, óbvio, além de divulgar um “produto”?

* Sávio Maia é professor do Departamento de História da Ufac.