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Sob o céu do Planalto

por petrolitano publicado 09/11/2011 15h27, última modificação 09/11/2011 15h27
Jornal Página20, 18.12.2001

José Cláudio Mota Porfiro


Cá por entre os ermos do Planalto Central, floresta densa, onde cresce garbosa parca ideologia e muita petulância, é realmente muito fácil dar um esbarrão, não mais que casual, nos corredores da Câmara ou do Senado, num desses tantos oportunistas profissionais que, por índole nada recomendável, a história renegou ou renega, mas o pobre povo o traz de volta coberto pela lama negra da propaganda mentirosa contra os desavisados.

É. O povo, desinformado e sem instrução, por cega e absurda ignorância mesmo, não consegue desviar-se das mensagens com que os mentirosos o mantém amarrado a um destino absurdamente escravo.

Falemos, pois, do lado bom da coisa.

Bom mesmo é encontrar com aquela minoria aguerrida, trabalhadora anônima, irremediavelmente crente num futuro grandioso para esta nação cujo povo é o seu único trunfo.

E nem é preciso falar agora dos parlamentares em si. No gabinete onde tentarei bem desempenhar quaisquer funções, apesar do currículo carregado de títulos, notei, à primeira vista, que tenho muito mais a aprender do que a ensinar, mesmo com a minha experiência professoral de mais de duas décadas.

Cá encontrei um grupo afinado, diligente, operoso. Fiquei à vontade e muito confiante em poder realizar um bom trabalho, mesmo porque ainda há pessoas que assumem papéis com extrema responsabilidade e esmero, apesar da pouca idade de alguns. E daria os parabéns a mim mesmo, por ter tido a sorte de aqui encontrar essa troupe radiante. Mas prefiro felicitar o trabalho de equipe levado a efeito pelos que aqui estão sonhando com melhores dias para si e para todos. Eu, de minha parte, é claro, talvez consiga dar alguma colaboração no tocante à questão do método, do caminho, segundo os gregos.

Também muito satisfaz dizer que encontrei Marcos Afonso - o Marquinhos - meu ex-companheiro de cátedra dos idos de 1983 e 1984, quando ministrávamos aulas no Colégio Meta. Eu trabalhava a Língua Portuguesa e o Marcos trabalhava uma disciplina denominada OSPB (Organização Social e Política Brasileira), onde dava pinceladas fortes acerca de Karl Marx e da doutrina socialista. Aquelas foram épocas memoráveis. Boa parte daquela geração, altamente politizada, hoje é militante da justiça e multiplica o pensamento interpretado e transmitido pelo Marquinhos.

Mas é preciso ir além. É verdadeiramente salutar o convívio com esse aríete chamado Sérgio Barros, o incansável. O homem cujas pilhas são milhões de vezes mais potentes que as super alcalinas.

Tal qual o Marquinhos, Sérgio Barros também é um amigo de longa data, mais precisamente dos idos de 1978.

Com o Sérgio aprendi e continuo aprendendo muito. Eu o conheci quando ele era professor do Curso de Tecnólogo em Estradas e Topografia e eu secretariava o Curso. Bebemos muito gin e campari, no Bancrévea Clube, nas serestas, às sextas-feiras. Aos sábados, nem tanto. É que o Sérgio Barros, naquele jeitão paulista interiorano, depois da semana de aulas de Agrimensura, Geodésia e Topografia, aos domingos pela manhã vendia laranjas no mercado municipal, trazidas de um sítio chamado Fazenda Jarana, na Estrada de Porto Acre.

Certo é que o trabalho com afinco o levou a tornar realidade seus sonhos de criador de gado. Hoje, político incansável, profundamente acometido da febre da mosca famosa, não se atém a apenas um setor da administração pública. Ele está preocupado, de uma só vez e a todo instante, com o eleitor que adoeceu e que precisa de tratamento, com a saúde pública deficiente, com a reforma agrária, com a geração de emprego e renda, com a péssima qualidade da água que os rio-branquenses bebem, com a vigilância da Amazônia através do Projeto SIVAM, com a falência das universidades públicas brasileiras, com a construção e a manutenção das estradas... Enfim, com os mais diversificados aspectos da vida dos acreanos. É que ele não assumiu um mandato temático, uma diretriz básica - que seria mais tranqüilo - mas quer por fina força considerar todas as opções que possam dizer respeito ao bem comum.

É exatamente toda essa fímbria, toda essa garra e essa vontade de ajudar que o fazem um dos homens públicos mais úteis aos interesses do Acre e dos acreanos. E eu até que gostaria de ter em mãos os dados estatísticos reais que comprovam que o outro deputado federal conseguiu carrear mais recursos para o nosso Estado. É pura injustiça. São coisas nossas, de uma terra onde a primeira mentira toma foros de verdade insofismável, através do jogo de interesses escusos em setores da imprensa pouco afeitos à verdade.

E então, alguns hão de dizer que agora, enfim, consegui o que queria, estou escorado no poder e amarrei o meu burro à sombra do Congresso Nacional. Não é verdade. Aqui, alguns podem não trabalhar, mas os escalões inferiores trabalham, sim. Todavia, pensando bem, pesando prós e contras, pelo sim e pelo não, apesar do oportunismo e dos oportunistas que rondam, até que não é desagradável ficar por aqui. Pode até ser saudável. Convém no entanto todas as antenas e faróis ligados constantemente ao que pode ocorrer apesar da vigilância cerrada. Que Deus nos ajude!

claudioporfiro@zipmail.com.br