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Assembléia "Cor-de-Rosa"

por petrolitano publicado 20/10/2011 11h31, última modificação 20/10/2011 11h31
Jornal A Gazeta, 09.02.2001

* José Mastrângelo

Não é Assembléia de Deus ou outra do mesmo gênero. Amém! Aleluia! Refiro-me à Assembléia Legislativa do Estado do Acre, que, a partir do dia 2 deste mês foi retocada de "Cor-de-Rosa" ao reeleger a sua mesa Diretora.

Até aqui não há nada de mais, que possa desabonar aquela casa. Treze dos vinte e quatro deputados que têm assento na "Casa do Povo" entenderam confiar mais uma vez na Mesa diretora anterior, pelos relevantes serviço prestados ao povo acreano.

Oxalá fosse essa a razão que tenha motivado a maioria simples dos deputados! Em verdade, a "estória" que se conta é outra, feita de capítulos que, infelizmente, jamais virão ao público, senão sob as vestes de "fofocas" e, portanto, contestáveis do ponto de vista da verdade verdadeira, para o povo continuar não vendo, ouvindo e falando.

Apesar disso, atendo-se às notícias dos jornais que comentam o episódio da eleição na Assembléia Legislativa do Estado, é evidente para todo mundo conferir que a matriz "Cor-de-Rosa" usou o Estado através do peso de seus aparelhos estaduais para interferir e impor a sua vontade. Atraiu até deputados da base governista "descontentes" com ou sem moedas para fazer valer as suas ordem.

Tendo os fatos se desenrolado dessa forma, não há sombra de dúvida de que houve falta de decoro parlamentar, ou seja, de ética por parte daqueles deputados, que, para justificar o seu voto, aceitaram seguir "ordens superiores", sendo estas para alguns deles de natureza religiosa.

Ora! Ora! Esses deputados que assim agiram, estão trocando as bolas. Metem Deus onde não deveriam. Se, realmente, tivessem temor a Deus, deveriam ter vergonha na cara para não fazer o que fizeram. Deus é onisciente. Sabe, então, que alguns deputados amparam-se sob o teto divino para, usando-o como álibi, cometer atos abomináveis.

Para ficar de cara limpa perante as igrejas ajudam até erguer os seus templos. Hipócritas! Por trás, vendem as suas consciências para obter vantagens para si, suas famílias e seus devotos .

Não há como respeitar esses deputados. Ao contrário, é preciso reprová-los e condená-los ao "fogo eterno" pelos seus atos sujos e vergonhosos.

Outros deputados ajudaram a retocar a Assembléia "Cor-de-Rosa", motivados por razões ideológicas. Que coisa linda, se fosse verdadeira!

Me perdoem, senhores deputados desse gênero, ideologia aqui invocada não procede. Ademais, não têm como justificá-la tão ambíguas são as suas palavras e ações. Também não merecem respeito, por não ter como merecê-lo.

Imagine se a Assembléia Legislativa fosse verdadeiramente a casa do povo, elegendo livre e soberanamente a sua Mesa Diretora! Não haveria comentários negativos. Suspeita de compra de votos. A eleição da Mesa Diretora passaria a compor uns dos capítulos da história que todo mundo se orgulharia em ler por considerá-lo registro de um evento autenticamente democrático.

Infelizmente não houve evidência de democracia nessa edição da Mesa Diretora da Assembléia Legislativa do Estado do Acre. Se o espírito democrático tivesse reinado, mesmo os vitorioso teriam falado. Calaram. Apenas, mecanicamente levaram e mãos em sinal de vitória.

O povo perdeu mais uma oportunidade de ver seus representantes praticarem a democracia . O que viu foi alguns deputados mostrarem a verdadeira face da falsidade, sem caráter e sem moral para falar da "Ética na política".

É uma pena. Não sou contra a Assembléia "Cor-de-Rosa". Seria a seu favor, desde que tivesse essa cor simbolizando pureza honestidade e democracia.

José Mastrangelo é professor de Sociologia na Ufac