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Comunicação

por petrolitano publicado 20/10/2011 12h38, última modificação 20/10/2011 12h38
Jornal Pagina 20, 21/02/2001

José Cláudio Mota Porfiro

É certo que estou um tanto desafinado em relação aos demais componentes desta orquestra que nos espera... Também, pudera!

Contudo, apesar do período de cansativas férias, - as férias cansam, sim, fisicamente; o descanso é meramente psicológico - é preciso retomar os velhos projetos e esforçar-se por cumprir o desideratum que me é reservado pelo Espírito Absoluto do filósofo Hegel. E, numa alusão a João Cabral de Melo Neto, o poeta de Morte e vida Severina, talvez seja esta a parte que me cabe neste latifúndio-Brasil de todas as incertezas. Eu não persigo a crítica, nem sou perseguido por ela. Os porcos que me rodeiam é que reclamam por chicotadas.

Então, logo na segunda-feira, anteontem, manhãzinha, na volta das férias, esbarrei nos corredores da UFAC com um bom rapaz, o João Evangelista, que veio a mim deitar palavreado sobre os sentidos da comunicação entre os seres humanos no mundo moderno. Uma disciplina do curso de Administração de Empresas requer alguma discussão nesse sentido. Ouvi bastante, como sempre, e ele me pediu mais sugestões. E pediu mais: que os meus adendos, didaticamente, fossem publicados em forma de artigo que deverá ser discutido, em sala-de-aula, com os seus alunos.

É claro que eu não teria muito a acrescentar, diante da completude das ponderações muito próprias do meu interlocutor. Todavia, diante dos fatos e das circunstâncias, é preciso ser convenientemente muito claro, didático.

É oportuno, pois, um certo aprofundamento com relação à questão do papel da comunicação em sociedade ou entre sociedades. Não é necessária ênfase alguma que aponte rumo as mil e uma utilidades do processo comunicativo. Convém, assim, buscar alguma base histórica da definição do termo. É claro que, como outras palavras ou expressões, a comunicação, ao longo do tempo, foi sofrendo alterações em seu sentido, tendo em vista que muitos são os estudiosos que tentam dar alguma contribuição e conseguem, certamente, fazer com que, hoje, o termo e sua aplicabilidade prática sejam de grande importância nas relaçõoes humanas do mundo moderno.

O termo comunicação é sinônimo de coexistência inter-humana, ou de vida com os outros, em vista de certas possibilidades de participação que devem ser buscadas e alcançadas. Os homens formam uma comunidade porque se comunicam. Assim, é preciso a livre participação de todos na busca dos ideais e do bem comum. Tais possibilidades de relações se dão por meio de ações recíprocas e inter humanas, posto que há o envolvimento lógico e obrigatório de interlocutores. Precisamos conversar...

A comunicação, segundo Dewey (um filósofo norte-americano do século XIX), não é uma relação entre autômatos, mas, pelo contrário, só pode sobrexistir entre os homens.

Em vista do exposto até aqui, é que passamos a algumas considerações básicas sobre o papel da comunicação no seio de uma empresa, por exemplo, que, é óbvio, deve ocorrer de forma a que a prosperidade e a rentabilidade sejam plenamente alcançadas. Um diretor ou uma liderança qualquer dentro de uma empresa deve saber comunicar-se coerentemente segundo as regras do bom senso, uma vez que a autoridade do diálogo deve ser implantada em detrimento do autoritarismo das medidas radicais. Um manual de instruções deve ser obrigatória e suficientemente claro; do contrário os consumidores deixarão de adquirir o artefato produzido ou vendido pela empresa por não saberem montá-lo.

Enfim, são convenientes algumas outras considerações finais de caráter prático.

Entre os seres humanos, em virtude da pós-modernidade, e em vista da busca constante do bem-estar social das comunidades às quais pertencemos, é preciso, sim, estarmos sempre tentando meios de, através da boa comunicação, traçarmos metas e objetivos que tenham como conseqüência a rentabilidade dos nossos investimentos materiais ou espirituais. Uma boa mensagem publicitária pode vender geladeiras no pólo norte. Os ensinamentos de um professor, transmitidos através de uma comunicação clara e coerente, edifica espíritos nobres e transforma a sociedade.

Quem sabe talvez um dia eu consiga ser mais útil aos administradores de empresas. De qualquer forma, eis a minha parca colaboração epistemológica.