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Curso de medicina no Acre é uma realidade

por petrolitano publicado 20/10/2011 11h30, última modificação 20/10/2011 11h30
Jornal A Tribuna, 08.02.2001

O governador Jorge Viana chorou e chegou a parar o discurso, ontem na Universidade Federal do Acre, na assinatura de convênios entre o Governo do Estado, Ufac e Universidade de Brasília (UnB) para implantação do curso de Medicina no Estado, ao falar do irmão Wildy Viana das Neves Filho, o Wildinho, morto no final da década de 80, vítima de Aids, e do esforço do seu outro irmão, o hoje senador Tião Viana, que mudou sua residência médica para o Instituto Emílio Ribas, em São Paulo, único no País na época que tinha especialização em Aids, numa tentativa de salvar a vida de Wildinho.

"Naquela época a doença era nova e escandalosamente assustadora. Foi um momento muito difícil para a minha família e ainda é, até hoje, quando tocamos nesse assunto, mas eu me sinto feliz, celebrando em lágrimas e em sorrisos, a concretização do curso de medicina no Acre. Meu irmão Tião Viana lutou muito por isso e foi muito atacado.

As pessoas talvez não tenham dimensão da nossa luta, da luta do Tião para tentar salvar a vida do nosso irmão. Foi muito difícil. Mas hoje o curso é uma realidade e eu quero que Deus me ajude e ajude a todos nós para que essa faculdade forme médicos acreanos e que esses médicos possam lutar para salvar muitas vidas no nosso Estado", disse o governador.

No discurso, que durou cerca de 30 minutos, Jorge Viana chegou a embargar a voz várias vezes ao falar do irmão falecido e da trajetória dele e de Tião Viana na política acreana nos últimos anos, e das lutas que encamparam, principalmente o curso de medicina. Mas ao falar da doença que vitimou Wildy Filho, chorou e parou de falar por alguns minutos. A platéia presente à assinatura dos convênios o aplaudiu. "Essa faculdade é a concretização de um sonho que muitos julgavam impossível.

Hoje são mais de 30 acreanos estudando medicina em Cuba e uma dezena em outros Estados. Agora nossos jovens podem começar a estudar. Ainda este ano teremos vestibular para medicina. E em um futuro próximo serão eles que estarão salvando vidas. Aí não teremos que depender de médicos de fora", disse.

Viana disse ter vergonha do Acre ainda hoje depender de médicos bolivianos e peruanos, principalmente no interior do Estado, para atender a comunidade local. E disse ter mais vergonha ainda de que 'por conta de um legalismo irresponsável', esses médicos tenham que sair as pressas do Estado por não terem seus diplomas reconhecidos no País, em função da burocracia.

"Claro que defendo que todo médico tenha seu CRM, mas é preciso regulamentar a situação, pois como está hoje, o nosso povo no interior é o mais prejudicado".

Reitor da UnB defende parcerias

O curso de medicina da Universidade Federal do Acre já é uma realidade. A assinatura dos convênios ontem na sala ambiente do departamento de Ciências da Natureza da instituição, entre Governo do Estado, Universidade de Brasília e a própria Ufac, para cooperação técnica e financeira e de intercâmbio para dar manutenção ao curso, que deve ser implantado no primeiro semestre de 2002, foi a concretização do projeto, iniciado em janeiro de 1999.

O curso será criado com apoio da Universidade de Brasília, uma das melhores do País na atualidade, que inclusive foi responsável pela capacitação de alguns médicos do Estado, hoje aptos a serem professores do curso.

Uma equipe de consultores da UnB, da Universidade Católica de Brasília e do Instituto Oswaldo Cruz, do Rio de Janeiro, está em Rio Branco há dois dias, discutindo com técnicos e com o reitor da Ufac, Jonas Filho, as necessidades para implantação do novo curso, no tocante a equipamentos, infra-estrutura das unidades - laboratórios, salas de aula e bibliotecas - e que deve culminar, hoje, com a entrega de um relatório dessas necessidades ao reitor Jonas Filho e ao Governo do Estado.

A equipe está sendo coordenada pelo reitor da UnB, Lauro Morhy, que paralelo a esse trabalho já estuda a possibilidade de, nos próximos meses, implantar um curso de mestrado em parceria com a Ufac, aqui mesmo em Rio Branco, na área de Desenvolvimento Sustentável. Ontem Morhy e sua equipe visitaram os laboratórios da Ufac e a área onde será construído o pavilhão do curso de medicina.

"Também sou da floresta, como vocês (nasceu em Guajará-Mirim) e sei que a Amazônia é um grande desafio. Mas sei também que quando o caminho não existe, nós precisamos abri-lo. A história do Acre está pontilhada de homens que abriram caminhos. O que posso dizer é que não existem sonhos impossíveis e que a UnB vai trabalhar muito, junto com a Ufac e o Governo do Estado para que essa faculdade se torne uma realidade".