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O uso da terra e a mudança do clima são tese de doutorado

por petrolitano publicado 20/10/2011 12h33, última modificação 20/10/2011 12h33
Jornal A Tribuna, 18/02/2001

O ex-reitor da Universidade Federal do Acre, Carlitinho Cavalcanti, viaja hoje para São Paulo, onde vai completar seu doutorado na Universidade de Campinas (Unicamp) defendendo a tese sobre A Influência do Uso da Terra nas Mudanças do Clima Global.

"A idéia é colher o maior número possível de informações que nos permita identificar como e até que ponto o uso da terra pela ação do homem está alterando o clima do mundo", afirma o ex-reitor para então argumentar: "Precisamos entender como pode funcionar um projeto de colonização dentro de uma proposta de manejo sustentável dos recursos ambientais. Isso, porque precisamos tornar cada vez mais possível o uso social da terra, ou seja, beneficiando o homem enquanto pessoa e a sua família como um todo".

CUSTO E VALOR

 

No sistema capitalista, de acordo com Carlitinho, a terra é pouco mais do que uma mercadoria, que tem preço e serve como reserva de recursos financeiros. Por isso é negociada friamente sem que se leve em conta seu valor como bem produtivo de alimento, conforto e outros, para a humanidade. "De modo simplista, um exemplo disso, é que nos projetos de colonização mais antigos boa parte da terra já se reagrupou em propriedades de médio e até grande porte", lamentou.

As razões para isso estariam não só na incompetência do setor público para responder as necessidades da população, mas também pelo próprio sistema produtivo existente no Acre. Já que sua economia continua enraizada no extrativismo da borracha, tanha e madeira, como uma agricultura de subsistência e indústria de transformação incipiente. "Isso infelizmente não tem conseguido gerar a renda e os empregos de que necessitam nossa população, muito menos melhorou a vida do homem do campo ou da floresta, que nem está conseguindo fixá-lo lá. Isso tem gerado um ciclo vicioso bastante arriscado".

PRÓS E CONTRAS

Sem grandes pretensões pessoais, Carlitinho pretende que seu trabalho reflita com a maior clareza possível os principais pontos de vista da sociedade acreana, sobre como alcançar o desenvolvimento econômico e social do Estado. Para isso, de início, trabalhará com três vertentes: A Pecuária, o Agroextrativismo e a Industrialização.

"Nosso desejo é o de mostrar caminhos, não de modo impositivo, mas abrindo um debate em que nossos problemas locais sejam apresentados com realismo, frente a soluções realizadas com sucesso por comunidades semelhantes à nossa, nos vários lugares do mundo, e adaptá-las à nossa realidade", explicou.

Para isso, Carlitinho e a equipe de orientadores do Instituto de Economia da Unicamp, bem como seus colaboradores acreanos, levarão em conta não apenas o número de famílias, como também a migração, bem como as terras desmatadas, usadas ou não, degradadas ou não, o uso de agrotóxicos, o aumento do número de espelhos d'água (açudes), num trabalho que esperam concluir em um ano.

"A gente reconhece que no Acre usamos mais terra do que o necessário para criar nosso gado. Assim desperdiçamos a mata, a terra e seus nutrientes. Isso com certeza dá prejuízo hoje e compromete o futuro, por isso precisamos aprender a manejá-la melhor", declarou ele, concluindo que: "Precisamos aprender a avaliar os efeitos negativos e positivos da presença do homem no meio ambiente. Afinal de contas, o homem é parte da natureza e só não pertence a ele quando se coloca contra".